
Confira micro-entrevista com a editora Desgarra, recentemente criada!
Agência de Notícias Anarquistas > Como surgiu o zine Desgarra? Aliás, vocês são um zine ou uma editora?
Desgarra < Começamos com a vontade de difundir materiais anarquistas, principalmente de anarquistas menos conhecidos. Também estávamos com a ideia de traduzir algumas coisas que até então eram inéditas em português.
Por exemplo, o zine do Albert Libertad, “Aos rebanhos, as eleições”, o primeiro que fizemos, foi algo que juntou todas essas vontades: reviramos a história de um anarquista não tão conhecido, uma voz importante da emergência do anarco-individualismo na França, no início do século XX. Além disso, começamos a aprender o francês de maneira coletiva e sem saber absolutamente nenhuma palavra, através do contato com os textos publicados no jornal fundado por Libertad, o l’anarchie. E assim iniciamos as traduções. Escolhemos, pelo contexto político específico, os textos em que Libertad discute as eleições, o voto e a democracia, e os reunimos em uma pequena coletânea. O momento foi importante para a decisão, pois muitos anarquistas fizeram campanha para Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores (PT), como forma de oposição à candidatura do fascista Jair Messias Bolsonaro.
Decidimos publicar no formato de zine porque, além de curtirmos, é um material mais fácil de ser difundido pelo seu baixo custo. Justamente por isso, começamos vendendo para amigos e pessoas próximas, o que gerou a nossa editora. Nossa intenção não é ter lucros exorbitantes, mas apenas manter a editora de maneira autogerida.
ANA > E o que editaram até agora?
Desgarra < Depois do zine do Libertad, traduzimos, também pelo contexto político, o texto do anarquista contemporâneo Alfredo Bonanno “O que fazemos do antifascismo?” direto do italiano e de maneira coletiva, aprendendo assim um pouco de outro idioma. Em seguida, decidimos publicar o texto de Maria Lacerda de Moura, um dos nomes mais importantes do anarquismo no Brasil, “Serviço militar obrigatório para a mulher? Recuso-me! Denuncio!”.
Fizemos três zines em parceria com as Edições Insurrectas: “Ação direta”, da anarquista Voltairine de Cleyre, “O indivíduo, a sociedade e o Estado” da mulher mais perigosa da América, Emma Goldman, os quais retraduzimos, e “O fogo que não se apaga – carta de um colete amarelo na prisão”, traduzido por vocês da Agência de Notícias Anarquistas. A intenção dessa parceria foi a de dar maior enfoque para as mulheres anarquistas, bem como difundir a situação das lutas do anarquismo contemporâneo.
Para o início desse semestre, vamos lançar mais três zines pela editora desgarra: outra coletânea de textos de Albert Libertad, com um enfoque sobre a vida vivida pelos anarquistas, nos quais discute questões como o suicídio, a militarização da sociedade e o modo obcecado de uma vida burguesa. Os textos foram reunidos no volume intitulado “A alegria de viver e outros textos“. Lançaremos também um zine de textos escritos por Anna Mahé no jornal l’anarchie e um texto de Anne Steiner, intitulado “As educadoras anarquistas individualistas: mulheres livres na Bélle Époque“.
ANA > E como é a distribuição?
Desgarra < No início, vendíamos apenas para amigos e pessoas próximas. Com o tempo, arrecadamos dinheiro para comprar uma banquinha, que montamos aos domingos na Avenida Paulista, na esquina com a rua Peixoto Gomide. Entregamos zines nas universidades (USP, UNIFESP – Guarulhos e PUC– SP) e em estações do metrô. Por enquanto, conseguimos entregar apenas em São Paulo.
Além disso, começamos a participar de feiras de publicações, como a primeira feira de publicações da Casa da Lagartixa Preta, a feira TIJUANA, a Flipei (Festa Literária Pirata das Editoras Independentes) e o Salão do Livro Político, no TUCARENA (Teatro de Arena da PUC São Paulo). No nosso instagram (@desgarra_) divulgamos nossos materiais e lugares onde montamos nossa banca.
agência de notícias anarquistas-ana
Vento matinal
no silêncio da montanha
canto da cigarra
Solange Firmino
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?