porMatías Zibell| 14/10/2019
Em 9 de outubro, dia de uma greve nacional dos equatorianos contra as medidas de austeridade do presidente Lenín Moreno, o fotógrafo David Díaz Arcos estava no centro histórico de Quito, capital do Equador, perto de uma das barricadas formadas pela polícia. A poucos passos dele, uma das fotografias de sua vida estava à sua espera.
Seu registro de uma mulher indígena da província de Cotopaxi em meio a uma nuvem de gás lacrimogêneo, com uma máscara cobrindo seu rosto, tornou-se imediatamente um dos retratos mais emblemáticos dos protestos no Equador.
“Eu havia sido atingido por um tiro de chumbinho na perna. Por isso, comecei a descer uma rua, mancando um pouco. Foi quando a vi de pé, a meio quarteirão de distância, como na foto. Ela não posou para mim”, conta Arco, que é produtor audiovisual de formação e trabalha como fotógrafo há oito anos.
Ele fez três fotos da mulher e depois se aproximou para conversar com ela, porque queria repetir o clique. “Mas não houve como, porque jogaram mais gás e fugimos. Nós nos perdemos, e eu não a vi novamente.”
Arco integrava o grupo fotográfico Fluxus Foto, que cobria as marchas na capital equatoriana. Sua imagem da indígena foi enviada à agência de notícias Bloomberg, com a qual ele colabora, e assim foi publicada pelo jornal americano The Washington Post.
Os protestos começaram após a decisão de Moreno de dar fim a 40 anos de subsídios aos combustíveis e terminaram neste domingo com um acordo entre o governo e os líderes indígenas. O decreto presidencial foi revogado, e, como contrapartida, as manifestações realizadas há quase duas semanas foram suspensas.
Para David, apaixonado por questões de direitos humanos, gênero e território, sua foto mostra “o papel vital das mulheres indígenas nos protestos, uma vez que elas estavam na linha de frente tanto quanto os homens”.
Mulheres, mães e filhas
Naquele 9 de outubro, eu estava a poucos quarteirões de Arcos, cobrindo pela primeira vez um protesto indígena como jornalista, e fiquei impressionado ao ver centenas de mulheres marcharem pelo centro de Quito, muitas com seus filhos a tira colo e trajando blusas bordadas, saias e lenços. Além desse cuidado com sua aparência, outra marca era a forma enfática com que faziam suas reivindicações.
“Vamos resistir até o fim. Somos mães, mulheres e filhas. Estamos vindo das diferentes Províncias do país para exigir que o Estado, abusando de seu poder, não mate nosso povo. Não permitiremos isso”, disse Marta Chango, do povoado de Salasaca e coordenadora do movimento político Pachakutik na Província de Tungurahua.
A presença de tantas mulheres nas marchas indígenas em Quito não surpreendeu só os correspondentes estrangeiros, mas também alguns equatorianos.
“Há um preconceito predominante no Equador de que os índios batem nas mulheres, do índio machista e da índia submissa, essa é a visão hegemônica”, diz Adriana Rodríguez, professora de direito da Universidade Andina e especialista em direitos humanos dos povos indígenas.
“Acredito que as imagens que surgiram nos dias de resistência, imagens super fortes, posicionam socialmente quem são as mulheres indígenas, que historicamente estão na vanguarda da reivindicação de seus direitos.”
>> Para ler a matéria na íntegra, clique aqui:
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50047879
agência de notícias anarquistas-ana
Procurando flores
borboleta pousa
entre minhas sardas.
Mô Schnepfleitner
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!