Brown só tinha um buraco para respirar durante o caótico trajeto até Filadélfia, nos Estados Unidos. Sua atitude inspiraria milhares
Por Vanessa Centamori | 22/03/2020
Henry Box Brown já nasceu escravo, em uma plantação no estado-norte americano da Virgínia, em uma data não precisa, na década de 1810. Ele passou o começo da vida sendo explorado de baixo de chuva e sol, até que o fazendeiro, dono das terras onde ele era escravizado, morreu. A partir daí, mais do que o destino – mas principalmente o desespero – levaria Brown a se colocar dentro de uma caixa para escapar da escravidão.
Com a morte de seu proprietário, o escravo foi separado dos pais e irmãos, ainda adolescente. Sua família inteira foi vendida, e sem escolha, ele foi direcionado para trabalhar em uma fábrica de tabaco.
Uma vez por lá, Brown conheceu o amor da vida dele, uma moça chamada Nancy, com quem ele selou seus laços oficialmente, se casando com ela em 1836. O casal teve então três crianças, até que Nancy engravidou de um quarto filho, em 1840.
Um dia, o escravo recebeu uma notícia desesperadora: a esposa e os seus filhos pequenos foram vendidos para um padre metodista, na Carolina do Norte. O marido se viu sozinho, e aflito para reencontrar os familiares. Não enxergou outra escolha além de tentar fugir.
Assim, procurou então a ajuda do seu colega de igreja, o paroquiano James Caesar Anthony Smith, assim como o auxílio de outro homem, chamado Samuel Smith. O plano do escravo em fuga era ser enviado de navio até Richmond, na Filadélfia, onde a escravidão já havia sido abolida.
Mas a parte mais insana era que Brown não usaria um meio de transporte convencional para viajar até o norte. Sammuel Smith o enviou dentro de uma caixa, pelo correio da Adams Express Company.
O rapaz foi colocado dentro de um baú de madeira, que dizia “comida seca”. O recipiente foi forrado com tecido e tinha apenas um buraco, para garantir que Brown não morresse asfixiado. Ele teve que aguentar um total de 27 horas enclausurado até chegar nas portas da Sociedade Antiescravidão da Filadélfia.
Como o fugitivo acreditava em Deus, assim que chegou, cantou um salmo bíblico como forma de gratidão. E aquele sucesso gerou um otimismo muito grande nele, o suficiente para que resolvesse também ajudar outros escravos, que também foram enviados dentros de caixas transportadas em navios até a Filadélfia, em 8 de maio de 1849.
Em homenagem ao seu plano bem executado,o ex-escravo passou a usar como nome do meio, Box ( caixa, em inglês). Ele também tentou passar a sua história em diante, publicando livros, fazendo palestras, números de mágica e viajando para a Inglaterra.
Mas, infelizmente, o plano de Brown foi descoberto e ele foi preso, junto de James Caesar Anthony Smith, embora o último não tenha auxiliado a operação para libertar vários escravos, mas apenas na fuga do próprio Henry Box Brown.
Após sair da cadeia, ele jamais reencontrou sua esposa Nancy e seus filhos, guardando essa dor para sempre. Rastreá-los era praticamente impossível após a emancipação da família, pois seus sobrenomes teriam sido trocados.
Mas a história teve um recomeço: Brown casou novamente e teve como segunda esposa Jane Floyd. Ele finalmente pôde percorrer as ruas livre com as três crianças que teve com a mulher. Morreria em 1897, na cidade de Toronto, no Canadá.
agência de notícias anarquistas-ana
sol poente
numa ruela
menino corre das sombras
Rod Willmot
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!