Em defesa dos militantes antifascistas libertários face às tentativas de apagamento levadas a cabo pelo PCP
É histórica a tendência dentro do movimento operário de se realizarem ataques a outras correntes comunistas e socialistas dentro do mesmo. Existiu ao longo do último século particularmente uma luta pela hegemonia dentro do movimento, sempre à custa da vontade de milhares de operários. Nós reconhecemos isso com plena sobriedade. Contudo cremos existirem limites para a mesquinhice e a desonestidade intelectual a roçar a falta de respeito para com os milhares de operários que resistiram à ditadura dentro e através da CGT. Nós não temos qualquer interesse em lutar por uma hegemonia fictícia do que foi um movimento de massas, e não de ideologias ao contrário do que alguns parecem querer fazer. Depois do centenário do PCP os camaradas decidiram, e bem, escrever alguns textos a descrever o que foram então estes 100 anos de luta. Contudo, as heranças stalinistas parecem teimar em não desaparecer desde os anos da criação do partido e sendo assim, mais importante do que descrever a verdade e os fatos da época, assistimos a uma tentativa falaciosa de pintar uma imagem de que só com a criação do PCP a classe operária portuguesa obteve uma “correta posição de classe”.
O primeiro pedaço de revisionismo histórico aparece sob este rico parágrafo – rico, entenda-se por absurdo:
“Mas apesar da luta dos trabalhadores e do esforço do PCP, a CGT, dominada pelos anarco-sindicalistas e em perda de influência, recusa a tentativa do Partido de criar uma frente de unidade contra o fascismo, que acaba por cair por terra”.
Acrescentam ainda que:
“No começo de 1924, o PCP, defendendo a necessidade de uma sólida unidade de ação dos trabalhadores perante o perigo que avançava, tenta estabelecer com a CGT uma frente de unidade sindical contra o fascismo. Chega a realizar-se uma reunião com esse fim, mas a tentativa falha devido às posições anticomunistas dos anarco-sindicalistas, que dominam a CGT. Em 1925 o Partido participa nas eleições parlamentares formando um bloco com as chamadas forças democráticas de esquerda.”
Ficam por esclarecer que posições anticomunistas teriam os anarcossindicalistas da CGT, tendo em conta que estes eram na sua esmagadora maioria, comunistas. Se os autores do texto se tivessem dado ao trabalho de ler as atas dos Congressos, quer da CGT, quer das Juventudes Sindicalistas, teriam descoberto que ambas as organizações tinham como objetivo a socialização dos meios de produção pelos próprios trabalhadores e o comunismo libertário. A CGT nunca recusou lutar com outras facções antifascistas, como veio a acontecer nos anos do reviralhismo com os republicanos e na greve de 18 de janeiro de 1934 com os socialistas e comunistas. Recusou apenas submeter-se à direção de um partido político que provocou uma cisão no movimento sindical ao fundar a ISV, enfraquecendo a unidade sindical que mais tarde acusam os anarcossindicalistas de sabotar. A CGT também nunca baixou as armas, continuando a organizar greves contra o fascismo, a publicar clandestinamente as edições do jornal A Batalha, a procurar organizar revoltas com os republicanos antifascistas que sempre recusaram fornecer armas aos operários e ao continuar as suas ações de propaganda e sindicalização de mais trabalhadores. A CGT já alertava para a ameaça do fascismo para a classe trabalhadora desde 1924, mas não tinha intenções de se unir a um PCP que investia no parlamentarismo e que tinha provocado a desordem na organização do operariado e das Juventudes Sindicalistas. De fato, esta é mais uma das heranças históricas do partido comunista que teima em guiar o proletariado por caminhos legalistas, reformistas e parlamentaristas. Tal como os camaradas da CGT a nossa concepção de sindicalismo revolucionário não se coaduna com as leis que o Estado burguês impõe aos sindicatos, vendo-se assim os mesmos forçados a enveredar por caminhos de “colaboração de classe”.
>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:
http://uniaolibertaria.pt/resposta-ao-revisionismo-historico-do-pcp/?i=1
>> Foto em destaque: Presos políticos da CGT em Peninche, dezembro de 1934.
agência de notícias anarquistas-ana
Lentos dias se acumulam –
Como vão longe
Os tempos de outrora.
Buson
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!