O tribunal condenou três jovens migrantes a um ano e seis meses a mais do que o que a acusação pedia, sem levar em conta que momentos antes dos acontecimentos a polícia havia apreendido armas dos dois neonazistas, que admitiram aos policiais que tinham ido em busca de menores migrantes.
Por Ter García | 21/07/2021
O 26º Tribunal Penal de Madri condenou dois jovens migrantes a sete anos de prisão e ao pagamento de 4.100 euros de indenização por agressão a dois neonazistas que haviam saído “à caça” de menores estrangeiros não acompanhados, como eles mesmos declararam em seu depoimento à polícia. Os oficiais tinham apreendido armas dos extremistas de direita momentos antes.
Os eventos aconteceram em 14 de outubro de 2020 na área de San Blas. Segundo a declaração policial, à qual El Salto teve acesso, naquele dia as duas pessoas de ideologia de extrema direita tinham ido às proximidades da estação de metrô Las Rosas com o objetivo de localizar menores desacompanhados que, segundo eles, tinham agredido sexualmente uma menor de idade – o que foi negado pela polícia dias depois, que identificou o estuprador como um jovem espanhol, como o La Marea revelou na época.
De acordo com o relato que deram à polícia, naquele dia eles encontraram quatro menores de origem marroquina a quem perguntaram se eram menores desacompanhados e a quem empurraram e bateram com um capacete de motocicleta. Os quatro menores marroquinos fugiram, mas os dois neonazistas afirmam à polícia que, a certa altura, a perseguição mudou de direção e foram eles que foram perseguidos pelos menores estrangeiros. Os jovens marroquinos deixaram de persegui-los e pouco depois os dois neonazistas foram interceptados por uma patrulha policial. O mesmo relatório policial afirma que a polícia apreendeu uma faca e um bastão expansível dos dois neonazistas e os deixou ir. Mas a noite continuou e, no caminho de casa, eles encontraram outro grupo de menores migrantes que, de acordo com os nazistas, os espancaram com paus, pedras e pedras de paralelepípedos.
Segundo a sentença, que foi publicada no Twitter pelo advogado dos dois neonazistas, um deles sofreu uma fratura no nariz, hematomas e deslocou os incisivos superiores, pelo que foi hospitalizado por sete dias e um mês em licença médica, mas sem sequelas, e o outro teve hematomas e uma ferida pela qual recebeu pontos e esteve sob tratamento médico durante duas semanas, sem sequelas.
“Os dois jovens nazistas são conhecidos na vizinhança: Pepe e Luis e têm entre 19 e 23 anos de idade. Sabemos isso através das redes sociais. Agora eles se apresentam como vítimas, mas foram espancar os menores porque eram imigrantes. E se eles vierem para bater em você, ou você corre ou você se defende. E como eram quatro, eles se defenderam”, explicou Shay, um jovem ativista do coletivo San Blas-Canillejas en Lucha, que foi agredido várias vezes, ao El Salto. De acordo com o advogado dos dois neonazistas em sua conta no Twitter, ambos são membros da organização de extrema direita Bastión Frontal.
A briga foi seguida de manifestações de extrema direita que foram denunciadas por organizações como SOS Racismo por constituírem crimes de ódio e nas quais centenas de pessoas cantaram proclamações como “San Blas será o túmulo dos estrangeiros” ou “Nem um único estrangeiro em San Blas”. O protesto, organizado por organizações como Bastión Frontal e Defendam San Blas, chegou à porta do abrigo onde vivem vários menores migrantes.
Nessa mesma noite, e no dia seguinte, quatro jovens de origem norte-africana foram presos pelo incidente, sendo um deles menor de idade. Os três adultos, dois deles de 18 anos e outro de 19 anos, foram mantidos em custódia e agora foram condenados a um total de sete anos de prisão cada um – quatro anos pelos ferimentos infligidos a um dos neonazistas e três pelos infligidos ao outro – assim como 3.350 euros e 750 euros de indenização. Além disso, a sentença declara que quando os dois jovens tiverem cumprido dois terços de suas penas, serão expulsos do país e proibidos de retornar por dez anos.
Entretanto, a sentença, que impõe um ano e meio a mais aos três jovens migrantes do que a solicitada pela acusação, não leva em conta o fato de que pouco antes da agressão sofrida pelos dois neonazistas, eles tinham ido à caça de menores estrangeiros, como haviam confirmado à polícia e depois negado durante o julgamento, realizado no início deste mês. A “ideologia dos feridos ou o incidente anterior provocado por eles é irrelevante”, afirma a decisão do tribunal. “É verdade que os feridos não ofereceram uma versão coerente do que estavam fazendo no parque onde os eventos começaram e porque tinham as armas que foram apreendidas pela polícia, mas o fato é que estes fatos não são o objeto do presente processo e não têm relevância criminal”, continua a declaração do juiz sobre a caça aos menores que os dois neonazistas atacados tentaram realizar.
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
após a festa da aldeia
ficou ainda um crepe
a lua-cheia
Rogério Martins
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…
Edmir, amente de Lula, acredita que por criticar o molusco automaticamente se apoia bolsonaro. Triste limitação...