[Espanha] Badajoz reivindica seu passado libertário

Uma rota urbana pela cidade mostra seus lugares de memória anarquista, em uma original iniciativa organizada pela CNT e aberta à participação de toda a cidadania.

Organizada pelo sindicato CNT, no próximo sábado 6 de novembro às 11 da manhã começará uma rota guiada pelos lugares da memória da Badajoz anarquista. Esta iniciativa percorrerá espaços significativos ligados a fatos e personagens relacionados com o passado militante e obreiro desta cidade, que vai desde a Primeira Internacional, em 1873, até a guerra civil e a matança ocorrida na Plaza de Toros de agosto de 1936.

Os guias de dita rota são Ángel Olmedo Alonso, historiador estremenho, autor do livro “El anarquismo extremeño frente al poder”, diretor de numerosas escavações de fossas da guerra civil em Estremadura e livros relacionados, e Chema Álvarez Rodríguez, colaborador deste meio e autor da série publicada sobre a Badajoz anarquista de 1900.

Segundo este último, Badajoz tem ainda uma memória para recuperar, referente principalmente ao movimento obreiro de caráter ácrata, germe em grande medida do conjunto de sociedades obreiras do resto da província de Badajoz. Chema Álvarez fala da presença de internacionalistas em Badajoz durante a Primeira República, o qual motivou o temor em boa parte da sociedade acomodada pacense, que foi residir durante um tempo em Elvas, até o ponto de que esgotaram as vagas nas casas de hospedes do vizinho povoado luso, segundo se informava no Diario Illustrado de Lisboa de 14 de março de 1873. Era tal o medo que se tinha de uma possível revolução anarquista e comunista que inclusive a Casa de Banca Arenzana y CIA de Badajoz transladou seus escritórios à Elvas, temendo uma possível expropriação nos primeiros meses da recém-proclamada República espanhola. Durante esses dias, também, Badajoz contou com a presença de Agustín Cervantes, internacionalista ligado à AIT e catedrático de latim no instituto provincial da cidade.

Um quarto de século depois Badajoz assiste a fundação da Germinal Obrera, sociedade que aglutinou tanto a Unión Femenina, primeira organização feminista de Estremadura, como a uma escola laica e racionalista ligada à Escuela Moderna de Ferrer y Guardia, mantida pelos obreiros e obreiras.

Ángel Olmedo Alonso recorda também a implicação do sindicato CNT na vida pacense dos dias da Segunda República, com personagens como Francisco Sobrado Cossío, telegrafista implicado no controle das comunicações durante os primeiros dias do golpe militar de julho de 1936, o qual contribuiu para impedir que dito golpe triunfasse na capital banhada pelo Guadiana, diferente de Cáceres.

Lugares, fatos, pessoas e vidas serão recordadas nesta primeira rota de caráter anarquista que partirá de um dos lugares mais significativos da memória histórica estremenha, a antiga Plaza de Toros de Badajoz, lugar onde aconteceu a matança nas mãos do fascismo de pessoas que defendiam o regime constitucional de liberdades e direitos que trouxe a Segunda República, e que hoje em dia desapareceu para dar lugar a um palácio de congressos, projeto imposto na época do Ibarrismo por quem foi então presidente da Junta de Estremadura, Juan Carlos Rodríguez Ibarra, empenhado em apagar os sinais de identidade republicanos e obreiros da cidade de Badajoz.

A rota está aberta à participação de quem quiser, é completamente gratuita e se estima sua duração em apenas 1 hora e meia.

Fonte: https://www.elsaltodiario.com/memoria-historica/badajoz-reivindica-su-pasado-libertário

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Pelas vigas da ponte,
Os raios de sol
Na névoa da tarde.

Hokushi