A seguir ao 25 de Abril de 1974 dezenas e dezenas de fábricas entraram em regime de autogestão. Muitas porque os patrões as abandonaram e ameaçaram mesmo levar as máquinas; outros porque os trabalhadores as ocuparam devido à deficiente gestão patronal que, em geral, acumulavam salários em atraso. Por todo o país sucederam-se as ocupações de fábricas, ainda antes das ocupações de terras. Foi um movimento generalizado que demonstrou as virtualidades da auto-organização operária. De referir que muitas destas empresas autogestionadas tinham uma parcela muito importante de mulheres, já que foram muitas as empresas da área do têxtil e das confecções que encetaram processo de luta no período inicial pós-25 de Abril. Uma dessas empresas foi a Sogantal. O libertário José Maria Carvalho Ferreira acompanhou este processo e relatou-o nas páginas duma pequena publicação (“O Futuro era Agora”) destinada a assinalar os 20 anos do 25 de Abril e que recolheu diversos testemunhos de militantes de diversas áreas políticas. Entre os jornais que se fizeram eco deste movimento à margem dos patrões e dos comissários políticos e sindicais estiveram na primeira linha “A Batalha” e o “Combate” (o 1º número com um grande destaque sobre a luta das trabalhadoras da Sogantal), um jornal que se destacou pelo apoio às lutas autônomas dos trabalhadores (e que, nesta mesma publicação, é objeto de um artigo do Júlio Henriques, que fez parte do seu corpo redatorial).
>> Para ler o texto na íntegra, clique aqui:
https://vermelhoenegro.blogs.sapo.pt/memorias-de-abril-a-autogestao-das-5177
agência de notícias anarquistas-ana
Primeira neve —
Este velho penico
É meu maior tesouro.
Issa
Atenção! O jornal “Combate”, na época editado em Lisboa, foi uma publicação ultra-esquerdista de orientação marxista, e que seguia esse pensamento económico, segundo o modelo teórico tipificado a partir do “movimento real”. Esse motivo levou o núcleo editor a ter um interesse particular pela acção dos trabalhadores em geral. O jornal “A Batalha”, também editado em Lisboa, reuniu no seu início um distinto grupo de antigos militantes da Confederação Geral do Trabalho, a grande central anarcosindicalista em Portugal, nas décadas de 20/30. O senhor José Maria Carvalho Ferreira, nesses anos que ocorreram (1974/75) as ocupações selvagens e a espécie de imbróglio surgido com as ditas “autogestões” das empresas capitalistas por parte dos trabalhadores (movimento real), muito simplesmente era adversário político dos anarquistas organizados (Associação de Grupos Autónomos Anarquistas) que editava a revista “Accção Directa”, em Lisboa, e se situaram na campanha libertária pelo comunismo libertário. Na época, a personagem referida era adepto dos conselhos operários, via Rosa Luxemburgo, talvez tivesse alguma presença ou uma breve e frágil ligação com o núcleo editor do Jornal Combate. Definitivamente, então, nunca foi companheiro e só depois da “revolução” é que apareceu com os seus tiques pessoais para dirigir o movimento libertário. Enfim, manias patrocinadas pela mixórdia marxista.
Observação final: O nosso comentário anterior foi censurado. Depois de apagado, agora dizem-me que o seu teor é fraudulento. Portanto, a nossa desocultação foi considerada falsa. No essencial o breve texto afirmava o seguinte: O jornal “Combate”, editado em Lisboa, era uma publicação de cariz marxista; que o jornal “A Batalha”, também editado em Lisboa, era uma publicação de perfil anarcossindicalista; que o senhor José Maria Carvalho Ferreira, na época dos acontecimentos referidos no artigo em questão, seguia uma orientação ideológica de carácter basista de tipo dos concelhos operários alemães, inspirado na marxista social-democrata Rosa Luxemburgo. Um facto, que não pode ser refutado e que aguda o carácter do seu desempenho na falsificação da historiografia do anarquismo em Portugal. A propósito veja-se o seu texto grafado ao livro de Charles Reeve, “O Tigre de Papel, Sobre o Desenvolvimento do Capitalismo de Estado na China 1949-1971”, edições Spartacus, Lisboa, 1975. O nosso texto não abria qualquer hostilidade nem desenvolvia uma arbitrária concepção definindo um “novo” anarquismo, este consagrado quer à investigação académica quer à propaganda panfletária. Em consequência não percebemos a exclusão do comentário, ou melhor dizendo o seu afastamento do espaço público.