A seguir, comunicado contra a invasão da Ucrânia pela Rússia, assinado por diversos coletivos e militantes anarquistas portugueses, e distribuído na manifestação realizada em Lisboa junto da Embaixada da Rússia, ontem, 13 de março, e em diversos pontos do país.
CONTRA A INVASÃO RUSSA E A GUERRA!
SOLIDARIEDADE COM O POVO UCRANIANO!
Estamos contra esta guerra. Nem Putin, nem Otan. Antimilitaristas, não tomamos partido por quem bombardeia as populações, seja o exército ucraniano sobre Donbass, sejam os mísseis e tanques do Estado Russo sobre a Ucrânia. Tomamos partido, sim, por quem sofre a força bruta dos nacionalismos, por quem sai à rua com a coragem para deixar claro que os povos têm outra maneira de se relacionar.
Pessoas na Ucrânia, antiautoritárias, antifascistas, ativistas LGBT, algumas das quais mantêm meios de informação independentes, pedem a nossa solidariedade enquanto combatem a invasão nas ruas.
Tal como em 2014, simplificar a guerra atual na Ucrânia, ou como uma batalha entre os interesses democráticos ocidentais e as aspirações imperiais pós-soviéticas, nacionalistas russas, ou como movimentos políticos neo-fascistas e lutas de libertação nacional, não ajuda à compreensão das verdadeiras causas desta guerra.
Distanciamo-nos de quem diz coisas como “a Rússia foi provocada e tem direito a retaliar”. Afirmações como esta sugerem um processo de desculpabilização de ações inaceitáveis. O atual governo russo nacionalista e reacionário, que desenvolve há anos um projeto imperialista, pretende agora subjugar outro país – bastante rico em matérias-primas como urânio, carvão, gás natural, e grandes produções agrícolas –, ao mesmo tempo que reprime constantemente as vozes dissidentes internas.
Estes mesmos recursos interessarão também a Joe Biden, cujas políticas imperialistas são igualmente reconhecidas. No entanto, ser contra o imperialismo norte-americano não pode significar que se desculpe outro imperialismo. Tal como já foi dito o imperialismo russo moderno baseia-se na percepção de que a Rússia é a sucessora da URSS – não no seu sistema político, mas em termos territoriais.
Neste momento, seguimos com atenção as situações de Chernobyl e de outras centrais nucleares da Ucrânia, e bombardeamentos sobre alvos civis, atos bélicos próprios de quem não olha a meios para atingir os seus fins.
A lei marcial imposta na Ucrânia obriga a que todos os homens entre os 18 e os 60 estejam proibidos de sair do país. São aconselhados a pegar em armas e a defender a sua “pátria”. A guerra evidencia que o patriarcado, expresso de forma natural nos nacionalismos e nas disputas pelo poder de Estado, é uma brutalidade para todas as pessoas. Mesmo que se reconheça o direitos dos povos à resistência a um agressor.
Estamos solidárias com todas as pessoas na Ucrânia que foram apanhadas por uma guerra que não compraram, bem como com a diáspora ucraniana espalhada por vários países. Refugiados/as serão bem-vindos/as, como todos/as os/as outros refugiados e migrantes deste mundo em guerra.
Rejeitamos ainda qualquer russofobia. Expressamos toda a nossa solidariedade com o povo russo, que irá sofrer uma crise sem precedentes, e estamos a seguir organizações de apoio aos detidos em manifestações contra a guerra que tiveram e têm lugar em território russo.
CONTRA AS GUERRAS ENTRE ESTADOS!
SOLIDARIEDADE ENTRE OS POVOS.
UM GRUPO DE ANARQUISTAS E LIBERTÁRIOS
agência de notícias anarquistas-ana
criança traquina
saltita atrás dos pássaros
natureza em flor.
Helena Monteiro
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!