Como creio já ter comentado em mais de uma ocasião, que se tem o hábito oxigenador de olhar repetidamente para um horizonte libertário de aspirações inovadoras e o mais amplo possível. Isto é um tanto retórico, mas é assim. Isto me lembra o que um certo anarquista disse no passado, e mais uma vez devo pedir desculpas por minha pobre memória pelos nomes das citações, algo que tem sido colocado em demasia sobre os ombros do anarquismo. Isto é verdade, e não tenho medo de insistir se me lembro que o maior número de ignomínias tem sido amontoado sobre anarquistas, ou se você gosta de ideias libertárias. Não consigo esquecer como esta coluna está ficando lírica hoje. No entanto, a capacidade de apresentar o anarquismo de forma errada ainda tem a capacidade de me surpreender. Ouvindo os mais puros libertários, e pelo menos no nível teórico na Espanha há muitos deles, embora com uma certa tendência consanguínea, chega-se a uma confusão terminológica que nos dá arrepios na espinha.
O termo “libertário”, em espanhol ou castelhano, meus senhores, é sinônimo de anarquista. Este é tanto o caso que, embora exista um movimento chamado anarquista, essa palavra não tem ismo algum. Libertarismo, apesar da Wikipédia, não é de forma alguma um neologismo. Esclareçamos também, mesmo que seja um pouco embaraçoso dizê-lo, que o anarquismo visa à supressão de toda autoridade coercitiva e uma comunidade de homens livres e iguais, dois conceitos que caminham inequivocamente juntos. Estes liberais de toda a vida, que agora sem vergonha presumem ser libertários e até mesmo anarquistas, como qualquer pessoa com o menor conhecimento de política sabe, falam muito de liberdade, mas negam a igualdade identificando-a de forma grotesca e simplista com um regime totalitário. É curioso que a origem da palavra libertaire, em francês, tenha sido cunhada por um anarquista em meados do século XIX precisamente para criticar e se diferenciar do liberalismo econômico. Foi quase um século depois, bem no século 20, que o termo libertarian entrou em jogo em inglês, um termo de origem sem dúvida conservadora, como podemos ver pelas pessoas que o usam, para convidar à confusão em nosso idioma. Pouco tempo depois, as pessoas começaram a falar de um anarquismo de direita ou anarco-capitalismo ou o que quer que lhe chamem, e eu não acho que seja necessário explicar do que se trata.
A questão é que ao ouvir estes pseudo-libertários, cuja pequena contribuição para as ideias clássicas do liberalismo talvez os empurre para esta confusão terminológica, só se pode ficar indignado. Assim, eles falam depreciativamente de um anarquismo que consideram coletivista e de esquerda, e brincam com a falta de conhecimento da economia daqueles que, como eles, naturalmente, não carregam a verdade pura e revelada. É evidente que, apesar das minhas explosões habituais, acho que o debate e o confronto entre ideias em busca de um horizonte inovador e emancipatório o mais amplo possível é grande e digno de uma sociedade minimamente livre. Isso é uma coisa, mas é outra bem diferente, monopolizar termos que são, em grande medida, antagônicos. É verdade que existem abordagens sobrepostas para uma sociedade livre, mas o anarquismo já fez uma crítica inicial ao liberalismo econômico e um compromisso com a autogestão social em todas as esferas da vida. Insistiremos na ligação íntima entre os conceitos de liberdade e igualdade, com toda a complexidade que isso implica, e na erradicação de toda autoridade coercitiva, também no campo econômico. Também é verdade que em línguas há anfibologia e polissemia, que soam como doenças, mas é o significado ou significado diferente dos termos. Mas, neste caso, é uma inteligente mistificação etimológica por pessoas que estão simplesmente defendendo algo muito diferente que contribui para a falsidade do anarquismo autêntico (perdoe a expressão). Ufa, eu fiquei muito sério, mas é que a coisa toda me irrita muito.
Juan Caspar
Fonte: http://acracia.org/libertarios/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
marias-joaninhas
agora em folhas de amora
as pintas pretinhas
Débora Novaes de Castro
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!