
Relatório da Cidade do México no May Day, quando vários grupos e iniciativas anarquistas e autônomas foram às ruas.
Na Cidade do México, uma cidade na qual a tradição revolucionária de Flores Magon, Zapata e Villa continua viva, há inúmeras celebrações do May Day. Deixando de lado as marchas escassamente atendidas organizadas pelos stalinistas, ou os grandes e sombrios desfiles liderados pelos sindicatos democratas e os mais populares “movimentos sociais” controlados pelo Morena, o partido atualmente no poder, houve ao menos três marchas que tiveram notável participação dos setores autônomos, anarquistas ou comunistas antiestatistas, todos os quais convergiram na Zocolo, a praça central da cidade.
Uma pequena, mas forte, marcha antiautoritária anunciou ao público a emergência de uma “Coordinadora Anarquista” recém formada que distribui comida, com a primeira edição de sua zine “La Grieta,” e, seguindo sua chegada à Zocalo, apoiaram os membros da comunidade indígena refugiada Triqui em busca de um retorno seguro a Tierra Blanca, Oaxaca. Na última segunda-feira, essa comunidade foi despejada violentamente de uma ocupação que já durava 15 meses no centro da cidade e sofreu uma intervenção de mais de 24 horas da polícia de motim, enquanto os membros da comunidade valentemente se recusaram a assinar um acordo e a acabar com os protestos.
Em uma marcha maior constituída majoritariamente de sindicatos estadistas, marchou também a Section 9 do CNTE, o sindicato nacional de professores, que é constituído por muitos anarquistas e antiautoritários que lutaram pelo controle do sindicato dos trabalhadores democratas.
A maior marcha antiautoritária teve início perto do La Merced, um grande mercado cuja história pode ser traçada à colonização, também uma das localidades com maior concentração de profissionais do sexo da América Latina. Essa marcha foi convocada pela Brigada Callejera, uma organização de trabalhadores e trabalhadoras do sexo que ocasionalmente se descreve como um sindicato anarquista e é aderente à Sexta Declaração da Selva Lacandona. Destacando a forma em que o terreno de lutas anticapitalistas ocorrem além dos confins da fábrica ou dos assuntos tradicionais do movimento trabalhista, os mais de 300 profissionais se uniram a centenas de proletários que vivem em comunidades autônomas e auto-organizadas na periferia das cidades.
Isso incluiu cerca de novecentos membros das nove comunidades autônomas pertencentes à Organizacion Popular Fransisco Villa de Izquierda Independiente, ou aos Panchos, como são conhecidos (veja este artigo recente para mais informações sobre os Panchos: https://polarjournal.org/2022/03/31/building-urban-autonomy-the-construction-of-a-communal-form-of-life-in-mexico-citys-peripheries/), e cerca de 60 membros da Xochitlanezi, outra comunidade revolucionária autônoma que pertence à organização Brújula Roja e que também foi alvo recente da contrainsurgência do Estado. Também compareceu à marcha um pequeno bloco anarquista, antifascista e antiautoritário que cantou A Las Barricadas e correu pelas ruas, injetando uma sensação de anarquia alegre à plácida marcha.
A banda radical La Comparza também marchou junto com internacionalistas da Itália e dos Estados Unidos e várias cooperativas autônomas de mídia. Os gritos populares incluíam “Respeto Total al Trabajo Sexual”, uma alternativa ao slogan anarquista da Revolução Mexicana “La Esquina es de quien la trabaja” e ao populista “Cuando el pueblo se levante, por pan libertad y tierra, temblerán los poderosos de la costa hasta la sierra.”
Enquanto houve inúmeras atividades do May Day por toda a cidade e o dia todo, uma que fora notável pela força e importância do feminismo na América Latina foi um encontro no dia seguinte organizado como uma ação beneficente por um grupo anti-encarceramento/abolicionista anarcofeminista. O evento teve início com uma discussão sobre violência intrafeminista – tocando em temas frequentemente vistos como tabu sobre a violência que ocorre em espaços separatistas (sem homens cis) “livres de violência”, a lógica carcerária na qual o feminismo punitivista é baseado e o cancelamento, e a discussão do emaranhamento histórico do patriarcado, colonialismo e da emergência dos sistemas modernos de encarceramento. Uma rifa para arrecadação de fundos para feministas abolicionistas incluiu prêmios doados por herboristas, tatuadores, pela já mencionada Brigada Callejera e outros. Aqui, a rifa – uma prática popular entre as comunidades proletárias, anarquistas e autônomas no México – trouxe um contraponto às práticas comuns das ações beneficentes do Norte Global.
Tradução > Sky
agência de notícias anarquistas-ana
Todos dormem.
Eu nado na noite que
entra pela janela.
Robert Melançon
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?