“Nós estamos na sua cidade. Nós estamos em todas as cidades.”
Nos Estado Unidos o fascismo avança a passos largos. Nas últimas semanas, mulheres e a juventude trans, têm sofrido duros ataques em forma de manobras legais, que não tem outro objetivo além de perseguir e facilitar o extermínio, judicial ou extrajudicial, de todes que resistam ao projeto de poder do cristofascismo.
Nesse cenário, com a extrema direita se preparando para revogar o direito ao aborto em vários estados, e o acirramento da violência contra clínicas e profissionais de saúde, um grupo chamado Janes Revenge surge reivindicando o ataque incendiário contra a sede de um grupo anti-aborto de Ohio.
“Primeiro Comunicado.
Essa não é uma declaração de guerra. A guerra está sob nossas cabeças há décadas. Uma guerra que nós não queremos, e não provocamos. Há muito temos sido atacadas por reivindicar o mais básico tratamento médico. Há muito temos sido alvo de balas e bombas, forçadas a parir.
Isso foi apenas um aviso. Nós exigimos o desmantelamento de todos os estabelecimentos anti-escolha, as clínicas falsas [1], e os violentos grupos anti-escolha dentro dos próximos trinta dias. Essa não é uma mera “diferença de opinião” como alguns tem dito. Nós estamos literalmente lutando por nossas vidas. Nós não vamos aguardar sentadas enquanto somos assassinadas e forçadas a servidão. Nos sobra pouca paciência ou misericórdia por aqueles que querem nos arrancar o pouco de autonomia que nos resta. Enquanto vocês seguirem bombardeando clínicas e assassinando médicos impunemente, nós também devemos adotar táticas mais extremas para manter a liberdade de nossos corpos.
Nós somos forçados a adotar uma condição militar mínima para a luta política. Novamente, esse foi apenas um aviso. Na próxima vez a infraestrutura dos escravagistas será posta abaixo. O imperialismo médico não vai encontrar um inimigo passivo. Wisconsin é o ponto de partida, mas nós estamos em todos os cantos dos Estados Unidos, e não haverá mais avisos.
E nós não iremos parar, nós não vamos recuar, nem vamos hesitar em atacar até que o inalienável direito de decidir sobre nossa própria saúde nos tenha retornado.
Nós não somos um grupo, mas muitos. Nós estamos na sua cidade. Nós estamos em todas as cidades. Sua repressão apenas fortalece nossa cumplicidade e nossa vontade.
– Janes Revenge“
[1] Diversos grupos anti-aborto tem criado clínicas que cooptam a linguagem das clínicas de planejamento familiar, para confundir as mulheres e convencê-las a não abortar.
A História de Jane – O nome do grupo militante, é uma referência direta ao Janes Collective, um grupo clandestino de mulheres que aturaram em Chicago, nos anos 70, quando o aborto ainda era ilegal. Elas ajudavam outras mulheres, especialmente as mais pobres, que precisassem interromper a gestação. Tinham uma infraestrutura de apoio emocional para as pacientes e familiares. Foram 11.000 mulheres atendidas e apenas uma morte, de uma moça que já havia chegado até elas, após tentar métodos abortivos em casa. Para saber mais sobre a história do Coletivo, ouça o Cool People Who Did Cool Stuff.
Fonte: https://hiperobjeto.substack.com/p/eua-janes-revenge-grupo-reivindica?s=w
agência de notícias anarquistas-ana
Em solidão,
Como minha comida —
Vento de outono.
Issa
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!