Conheci Lucio Urtubia graças a Adine Sagalyn, uma fotógrafa americana estabelecida em Paris que se especializou em retratar escritores. Sempre falava de seu anarquista aventureiro do outro lado dos Pirineus, que havia posto de joelhos a um dos maiores bancos do mundo. Era seu herói clandestino. Um completo desconhecido que queria mudar o mundo.
Em nosso primeiro encontro, Lucio me anunciou com sua entonação pedregosa que havia um bom motivo para que nos entendêssemos: a biografia que eu havia publicado em 1970 de Alexandre Jacob, o assaltante ácrata, o mártir do presídio, o sábio.
Lucio já tinha comprado mais de quarenta exemplares. Apenas deixava um em um ângulo da mesa, ops! um companheiro libertário lhe roubava o livro do libertário modelo. Lucio estava encantado, para isso estão os livros. Comprava outro exemplar, e volta a começar. Por outro lado, sempre havia empregado o método de Jacob para a divisão do botim: três terços. E sempre havia funcionado como na Belle Époque, muito bem, com grandes discussões. Isso era tudo.
Queria que fosse eu, e não outro, quem contasse sua vida: por Jacob e por todos os comentários do tipo “isso só acontece aos outros”. Seria engraçado, dizia.
Caso contrário, com quem eu iria ter?
Dois dias mais tarde, oferecia uma sangria em sua casa, no Espaço Louise Michel, onde organizava exposições. Louis Joinet, de quem voltaremos a falar mais adiante, me tomou por testemunho em sua presença: “Lucio representa mais ou menos tudo o que eu teria querido ser!”, declarou, com um prazer evidente pelo paradoxo em um homem que chegou a ser um dos primeiros magistrados da França. Sua admiração era ainda mais surpreendente ao ser dirigida para alguém que havia tido tantas e tão sérias divergências com a justiça.
Animado por essa declaração, recebi a transcrição de umas quantas entrevistas realizadas por Adine a seu ídolo: textos cheios de paixão, vívidos, barrocos, salpicados por uma poesia imprevista nesse diálogo entre a filha do Brooklyn e o filho de Navarra que conversavam em francês. Também me havia deixado perplexo ante o “vento de março” que, segundo diziam, soprava em maio de 1968. Na realidade se tratava do “vinte e dois de março”. Não poderia se explicar melhor? “Ah, sim, ah, sim! Meu advogado tem todos os dossiês. É um companheiro…!” …/…
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Fonte: https://www.solidaridadobrera.org/ateneo_nacho/biblioteca.html
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
Ah! claro silêncio do campo,
marchetado de faiscantes
pigmentos de sons!
Yeda Prates Bernis
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!