O Anarquismo e o Esperanto têm uma conexão histórica profunda e significativa, já que ambos se colocam como alternativas radicais aos sistemas opressivos que dominam o mundo.
O Esperanto é uma língua planejada criada por L. L. Zamenhof em 1887, com o objetivo de ser uma língua internacional neutra, fácil de aprender e de usar. Ele imaginou que o Esperanto poderia ser uma língua comum para todos os povos do mundo, que permitiria a comunicação fácil e eficiente entre diferentes culturas, e ajudaria a promover a paz e a cooperação internacional.
Projetado para ser simples de aprender e de usar, o Esperanto conta com uma gramática simples e um vocabulário baseado em palavras comuns a várias línguas europeias.
O Anarquismo, por sua vez, é uma filosofia sociopolítica que rejeita o capitalismo, a autoridade e o controle governamental, e busca a organização social baseada na autogestão, na solidariedade e na cooperação voluntária. Os anarquistas acreditam, por exemplo, que a sociedade deve ser organizada a partir da base, por meio de associações livres e autônomas de indivíduos e comunidades, sem a necessidade de um estado centralizado ou hierarquias opressivas.
A conexão entre o Esperanto e o Anarquismo vem do fato de que ambos compartilham uma visão de mundo baseada na igualdade, na liberdade e na solidariedade. O Esperanto foi concebido como uma língua para promover a comunicação e a compreensão entre pessoas de diferentes origens e culturas, sem favorecer nenhuma língua ou cultura em particular, sendo que isto é conhecido, resumidamente, como interna ideo (ideia interna) do Esperanto. Isso é consistente com a visão anarquista de que a diversidade cultural e linguística é uma riqueza que deve ser valorizada e protegida.
Ademais, o Esperanto tem sido associado historicamente com movimentos anarquistas e socialistas. Durante a primeira metade do século XX, muitos anarquistas adotaram o Esperanto como uma língua para sua comunicação e organização internacional. O Esperanto foi visto como uma ferramenta para a criação de uma sociedade internacionalista, solidária e pacífica, baseada na autogestão e na cooperação voluntária. Não é eventual, portanto, que muitas obras clássicas do anarquismo foram traduzidas e amplamente difundidas em Esperanto, como La Etiko (A Ética) de Kropotkin.
O movimento anarquista também tem uma longa tradição de apoio à educação popular e à alfabetização. Os anarquistas acreditam que a educação é um meio para a libertação, e que todos devem ter acesso a ela. O Esperanto, por sua facilidade de aprendizado, é percebido como um instrumento para democratizar o acesso à educação e à cultura, permitindo que pessoas de todas as classes sociais e níveis de educação pudessem se comunicar e se organizar livremente.
Dessa maneira, a vinculação entre o Esperanto e o Anarquismo não é apenas histórica. As ideias e valores que inspiraram a criação do Esperanto continuam relevantes hoje em dia, e podem ser vistos como parte de um movimento mais amplo para construir uma sociedade mais justa e igualitária.
O Esperanto hodiernamente ainda é usado por muitos ativistas e organizações internacionais para promover a comunicação e a solidariedade entre pessoas de diferentes países e culturas. Por exemplo, a Universala Esperanto-Asocio – Associação Universal de Esperanto (UEA) é uma organização internacional que promove a língua e a cultura esperantista, contando ainda com diversas outras organizações sediadas em diversos países, para além de existir ainda muito material disponível gratuitamente na internet.
Por fim, fica o convite para conhecer o Esperanto e o movimento esperantista, pois a comunicação igualitária é importante para o mundo novo que pretendemos construir!
Dankon kaj ĝis!
Liberto Herrera
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agência de notícias anarquistas-ana
Apito de fábrica
A poluição é o tempero
da marmita fria.
Teruko Oda
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!