Você é a Crise – Episódio 17: Peugeot: apoiadora da polícia
Uma série de ataques ao redor do mundo contra concessionárias de determinadas marcas de veículos nos últimos anos abriu a sugestão de uma linha estratégica: quem dá mobilidade e transporte para a polícia é tratado como inimigo. No mercado de equipamentos policiais, um punhado de corporações compete pelos favores dos esquadrões da morte do Estado.
Nós os enfrentamos, ao lado dos protestos massivos no Estado francês contra a “reforma previdenciária”, nos bairros quentes dos subúrbios onde a BAC [Brigade Anti-criminalité] e outras unidades matam há décadas, ao lado de nossos camaradas de Sainte-Soline, com os insurgentes das colônias francesas… em todos os lugares onde a Peugeot, um dos fabricantes de veículos mais importantes da França, está em uso.
Para dar apenas alguns exemplos, na Grécia também vemos os mesmos inimigos da liberdade ajudando a polícia grega. Quase quatrocentos Peugeot 308 foram entregues como novos carros de patrulha. Com vidros fumês “para transportar delinquentes discretamente”, o grupo anuncia seu produto.
A Peugeot Deutschland GmbH fornece à polícia de Saarland tudo o que o cérebro tecnocrata deseja: 120 carros de patrulha, 80 veículos de investigação disfarçados, vans…
Na noite de 21 de abril, queimamos vinte e cinco veículos nas instalações da concessionária Peugeot na Landsberger Allee em Berlin-Marzahn. Entre eles, sofisticados SUVs elétricos e várias vans (presumivelmente veículos alugados) da empresa de segurança ISS. A ISS não está apenas envolvida na operação de prisões, mas também, por meio de uma participação na empresa UNISON, na destruição e privatização de parques em Atenas.
Nosso ataque deve ser entendido como um apoio à identificação dos criadores e aproveitadores de crises que já ocorrem há algum tempo nesta categoria. Ao mesmo tempo, participamos da Chamada à Ação Anarquista para 1º de maio, a fim de desenvolver uma perspectiva militante de longo prazo em relação às próximas manifestações em Berlim. Como anarquistas, apoiamos todos as FLINTA* (mulheres, lésbicas, intersexo, não-bináries, trans e agêneres) que retomarão as ruas na noite de Walpurgis, assim como em todas as outras noites antes e depois desta data. Nosso ataque pretende ser um complemento ao chamado da manifestação Take Back the Night, que entendemos como parte necessária da escalada da luta militante antipatriarcal.
Apoiamos o chamado anarquista à ação no contexto das manifestações revolucionárias do Primeiro de Maio porque a perspectiva insurrecional deve buscar o conflito em todos os momentos. Sem nos distanciarmos, criticamos alguns dos grupos autoritários e reformistas nas manifestações do Primeiro de Maio. Nossa ação pode contribuir para discutir nossas divergências nas questões teóricas.
Colonialismo e destruição da natureza
A Peugeot vende carros elétricos para cuja produção depende de matérias-primas saqueadas do sul global, o que está ligado à destruição da natureza e à saúde dos trabalhadores. Posteriormente, o lixo elétrico é enviado de volta para lá. A Peugeot, como outras corporações europeias, usa mecanismos desenvolvidos por potências coloniais durante séculos para subjugar outros continentes. O capitalismo verde não é menos sangrento que as versões anteriores. Enquanto os policiais podem chegar rapidamente a qualquer lugar a qualquer momento, o capitalismo consegue manter a ilusão de sua invencibilidade nas metrópoles ocidentais.
Cooperação com o estado iraniano
O Irã é um dos mercados de maior crescimento para vendas de automóveis. Em 2016, a Peugeot se tornou o primeiro grupo ocidental a reabrir fábricas no país após o fim das sanções, sobre o que o chefe da Peugeot, Jean Christophe Quemard, comentou: “Estamos mostrando que estamos realmente comprometidos com o futuro do Irã e prontos para investir neste país”. Dada a aberta misoginia do regime iraniano, uma posição foi enfatizada com o Peugeot 206 como o carro patrulha lá.
Na perspectiva anarquista, não há negociação com o sistema para tornar suas crises mais suportáveis. Devemos supostamente sentir medo da “criminalidade” para dar espaço à sua violência. Mas não nos iludamos, são os assassinos e estupradores que se sentam nos carros da polícia e cuidam de seus negócios. Os motins passados e futuros são, entre outras coisas, também uma expressão de legítima defesa. Nossa solidariedade é com todos aqueles que combatem a presença dos policiais nas ruas e com quem podemos desenvolver momentos coletivos no processo. A manifestação de 1º de maio pode se tornar mais um passo para a revolta social.
Célula de Ação Agressiva “Zineb Redouane”
(Zineb Redouane (80) foi morta pela polícia em 2 de dezembro de 2018 em Marselha, quando atiraram na cabeça dela com uma granada de gás lacrimogêneo enquanto ela tentava fechar a janela do 4º andar).
Fonte: https://de.indymedia.org/node/274006
Tradução > Contrafatual
agência de notícias anarquistas-ana
Vamo-nos, vejamos
a neve caindo
de fadiga.
Matsuo Bashô
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!