Saímos às ruas hoje, 1º de maio, para reivindicar esta data como um dia de luta no qual gritaremos com uma voz comum que não nos contentaremos em ser o parceiro social desta crise.
Somos as trabalhadoras, as desempregadas, as despejadas, as migrantes que movem, constroem, produzem, cuidam e sustentam essa estrutura econômica que chamamos de realidade. Uma realidade que não nos tocou por acaso, como um kinder ovo, mas que foi projetada e preconcebida com o objetivo de lucrar e enriquecer um pequeno setor da sociedade. Um cenário predisposto para que algumas pessoas vivam cercadas de luxos, enquanto o restante da população corre para conseguir substitutos baratos para esses produtos luxuosos ou para sobreviver simplesmente com uma geladeira que não esteja vazia e com aquecimento em suas casas.
Na Espanha, onde mais de um milhão de pessoas milionárias enriqueceram graças aos frutos de empregos precários, instalou-se um discurso falso e enganoso de que aqueles que não têm sucesso nesse sistema de possibilidades é porque não se esforçam, porque não colocam toda a sua vontade para subir e também porque não têm visão. Mentiras que nos tornam responsáveis pelo fracasso de um sistema econômico chamado capitalismo, que precisa crescer e aumentar para se sustentar às custas de nossas energias.
Produzimos, consumimos e tiramos selfies enquanto as grandes fortunas estão nos simplificando para números negativos de seus lucros. E aceitamos tudo isso em condições cada vez mais deploráveis: empregos ainda mais precários graças à reforma da legislação, com a qual a palavra “indefinido” não tem mais o mesmo significado, embora antes não significasse muito. Mão de obra barata para ser usada e jogada fora a cada facilidade, correntes enferrujadas que se quebram a qualquer momento. Demissões durante ou após a licença médica sem nenhum dano à empresa além de trinta moedas jogadas no ar. Mais um passo para trás. Um sistema de saúde pública espoliado e saqueado, no qual os recursos e o tempo jogam contra nós e nos condenam a enfrentar a doença da desesperança em salas de espera superlotadas, enquanto nossos corpos sucumbem ao peso de listas intermináveis e atendimento insuficiente. E o futuro parece sombrio, pois a ilusão de acumular ao longo dos anos como formigas trabalhadoras desaparece, deixando para trás um sustento incerto para os anos da velhice. Desta vez, a cigarra pega tudo em seu caminho, avançando a todo vapor.
Mas não há espaço para reclamações se a desculpa for uma guerra na qual não são os tomadores de decisão em seus escritórios que morrem, mas milhares de pessoas que não tomaram as decisões. Ou uma pandemia na qual parece que quem mais perdeu foram as empresas que agora estão sendo reembolsadas ao adaptar a legislação à sua necessidade imperativa de pessoal barato.
Sem acreditar em nenhuma de suas desculpas, nem em seus discursos paternalistas, estamos aqui hoje, o primeiro de um Primeiro de Maio operário, combativo e libertário, para nos lembrarmos de que somos capazes de mudar essa situação. Vamos converter a energia que produz e reproduz um sistema injusto de desigualdades em energia para a mudança, ou melhor, para a ruptura. Vamos gerar a ruptura como um princípio destrutivo de tudo o que nos restringe e nos torna cúmplices em silêncio. Vamos erguer nossas vozes e lutar juntos para deixar claro que não precisamos de decisões mal-intencionadas (ou mesmo bem-intencionadas) tomadas nas poltronas dos parlamentos. E vamos usar essa energia para, juntos, acendermos o pavio que explodirá a realidade que não escolhemos para construir conscientemente um mundo melhor.
Como já gritaram milhares de pessoas em nossa história:
Por um Primeiro de Maio de luta e dignidade!
Por um Primeiro de Maio revolucionário!
Por um Primeiro de Maio que nos leve à emancipação!
Tradução > Liberto
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