[Grécia] Vamos acabar com o mundo do poder

Mais uma vez, as eleições se aproximam. Líderes partidários, jornalistas, televangelistas, estão convocando para participarmos das eleições. Eles estão nos chamando para votar pelo fortalecimento da democracia, pelo aumento de salários, por mais policiais, pela punição do sistema político, etc. A variedade de argumentos é enorme, mas o comum é que a liderança de qualquer partido, mesmo que vença as eleições, tomará todas as decisões pela vida dos “de baixo” e controlará o Estado.

Cada governo e cada Estado historicamente tem usado táticas e estratégias diferentes, mas acabam com o mesmo objetivo, fortalecer os patrões e a exploração, o racismo, o nacionalismo e o patriarcado, segundo a doutrina de “dividir para conquistar”, com o objetivo de haver a divisão entre os oprimidos. Nos últimos 10 anos na Grécia, governos de direita, de esquerda, de centro, governos de coalizão partidária, governos de “salvação nacional” prometeram um mundo melhor. Mas nada mudou profundamente, porque o Estado garante a continuidade e a manutenção de todas as formas de poder. Isso é feito por uma série de mecanismos ideológicos e repressivos como a polícia, as prisões, os tribunais, os militares, a igreja, a mídia, a escola, a família, etc.

Se aceitarmos que deve haver um governante e governados, o mundo podre de hoje será perpetuado e as decisões serão tomadas por alguns especialistas políticos. Por meio da delegação, você dá aos soberanos um cheque em branco para definir todos os aspectos de nossas vidas. Seguindo a lógica da delegação, ao invés de sair na rua para lutar, sugerem que votemos em algum salvador que nos prometa umas migalhas a mais. Vejamos como (supostamente) nos acomodaremos esquecendo que enquanto o Estado, o poder e a exploração continuarem existindo, bilhões de oprimidos vivem e morrem, na pobreza absoluta, numa tortura diária. Um cotidiano que é captado da forma mais chocante nos campos de concentração de migrantes na Grécia, nas prisões do Irã, nas favelas do Brasil, nos bazares infantis na Tailândia, nos guetos de Paris e nas minas de carvão da África do Sul.

Um argumento frequente é que o mundo não muda, então devemos olhar de forma realista para como vamos sobreviver no presente. Infelizmente, esse argumento muitas vezes pega e as possibilidades de assimilação por meio de eleições são uma arma muito poderosa do regime democrático. A participação nas eleições com a lógica do voto no “mal menor” foi a principal causa de derrota, tanto imediata quanto a longo prazo, de muitas lutas e movimentos. Marca a retirada do caminho de setores significativos dos lutadores, o abandono de qualquer perspectiva libertadora, pela delegação e busca de soluções de governança dentro do sistema.

As armadilhas da democracia podem ser superadas. A erosão das consciências dos oprimidos pelos mecanismos ideológicos do Estado é reversível e a super arma do Estado pode ser derrotada. O caminho que leva a uma sociedade libertária é difícil, mas permanece aberto. Quando os oprimidos e explorados deste mundo acreditarem em seus poderes, tudo será possível.

Lutemos sem líderes e seguidores. Com fé em nossa própria força contra todas as formas de poder e exploração. Vamos estender nossas lutas desde a sabotagem da guerra e dos militares, até o conflito com a polícia e a violência cotidiana do patriarcado e do racismo. Da oposição à tortura do encarceramento nas celas da democracia, à pilhagem da natureza e dos animais não humanos. O confronto com pequenos e grandes patrões, promovendo a solidariedade nas lutas que ocorrem em todo o planeta. Com o objetivo de unir as lutas individuais na perspectiva da ruptura global com o existente: a revolução social e de classes. Para abrir caminho para a anarquia. Uma sociedade livre e igualitária que se espalha por todo o planeta.

“Nós, anarquistas, não queremos libertar as pessoas, queremos que as pessoas libertem a si mesmas” – Malatesta

Nem o fascismo nem a democracia, anti-Estado lutando pela anarquia

Coletivo Anarquista Acte

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dia de sol –
até o canto do passarinho
tem cor

Jandira Mingarelli