[Espanha] Reportagem da concentração: Valência pela Paz, não às guerras, de 24 de abril de 2023

Na segunda-feira passada, dia festivo em Valência, às 19:15 horas, umas oitenta pessoas se concentraram na plaza de la Virgen, convocadas pela Assembléia Popular Valência contra as Guerras. O objetivo da concentração era, segundo dizem as convocantes, manter viva a denúncia da escalada belicista, e do crescente militarismo da Europa, cada vez mais subordinada aos interesses estadunidenses. Também exigir o cessar imediato de todas as ações militares e o início de uma negociação entre a  Rússia e a Ucrânia para deter a guerra.

A Assembléia Popular Valência contra as Guerras agrupa vinte e uma organizações e coletivos da cidade: associações de moradores, sindicatos, grupos feministas, ecologistas, de solidariedade com os países do Sul e as pessoas migrantes, pacifistas e antimilitaristas. Se constituiu em maio de 2022 para condenar a invasão russa da Ucrânia e estruturar um movimento contra as guerras na cidade de Valência.

As organizações convocantes denunciaram a agressão do governo russo ao ordenar a invasão da Ucrânia, mas também as responsabilidades das potências ocidentais e da OTAN, que estão a anos alimentado políticas expansionistas e de confronto com a Rússia. Também que a União Européia está se convertendo em um ator chave da escalada bélica, enviando mais armas ao exército Ucraniano e aumentado os orçamentos militares de seus países membros, ao mesmo tempo em que descarta a via da negociação e não dá o impulso necessário a medidas eficazes para enfrentar a emergência climática e as crescentes desigualdades sociais, que afetam a toda a humanidade.

Se dá a circunstância que também ontem, o SIPRI (Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo) publicou seu informe anual, no qual fica patente que o gasto militar da Europa em 2022 alcançou seu mais alto nível desde a Guerra Fria. Os países europeus aumentaram seus orçamentos militares em 13% em media, comparado a 2021, o maior incremento interanual nos últimos trinta anos.

As pessoas concentradas também denunciaram que, enquanto os bancos, o complexo militar industrial, os multimilionários e as grandes corporações obtêm lucros extraordinários com a guerra, as populações empobrecidas do Sul Global sofrem crises alimentares, o espólio de suas matérias primas, os desastres das guerras e a gestão criminosa do controle de suas fronteiras por parte dos países europeus. Esta última converteu o Mediterrâneo e as cercas de Ceuta e Melila em infames cemitérios.

Recordaram, também, que esta guerra se soma a mais de trinta conflitos armados que sofre o mundo atualmente e manifestaram que se negam a aceitar que os conflitos sejam abordados mediante o recurso às bombas, à violência e às matanças. Reivindicaram o lema: “A guerra é um crime contra a humanidade”.

Acabaram o ato com um minuto de silêncio pelas vítimas de todas as guerras, seguido de um chamado a todas as organizações cidadãs, sindicatos, movimentos sociais e as  pessoas comuns, para estruturar um movimento internacionalista pela paz, que detenha a espiral bélica.

Entre as ações imediatas da Assembléia, contemplam o apoio aos desertores da guerra na Rússia, Ucrânia e Bielorrússia e a promoção da campanha de objeção fiscal aos gastos militares no Estado Espanhol.

Concentrações como a de ontem se repetirão em Valência, no dia 24 de cada mês, enquanto não cessar a guerra na Ucrânia.

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

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