
Contra qualquer acordo do Estado junto à mineração:
Todo o território e poder decisório para o povo de Alagoas!
O terror da mineração provocado pela Braskem em Maceió, que entrega a Alagoas o maior desastre ambiental em área urbana do mundo, ganha diariamente capítulos de indignação, desespero e descrédito absoluto no Estado e em todas as informações “oficiais”. É escancarada a relação de cumplicidade entre órgãos públicos e a mineradora que destruiu pelo menos cinco bairros, arruinando a saúde e o futuro de ex-moradores e moradores que ainda restam, provocando diversos problemas urbanos na capital e região metropolitana.
A Prefeitura de Maceió – que recebeu R$ 1,7 bilhão da Braskem em troca de isentar a mineradora de toda e qualquer culpa e responsabilidade sobre a cidade, e sequer utilizou o recurso para as vítimas – decretou estado de emergência após a Defesa Civil Municipal receber o aviso da mineradora sobre abalos sísmicos e uma ameaça de colapso em uma das 35 minas de extração de sal-gema da Braskem.
Desde o anúncio, moradores das regiões mais periféricas, do Bom Parto, Flexais, Quebradas e Marquês de Abrantes, já passaram por evacuação de última hora, expulsão de suas casas, inclusive sob truculência policial. Nos Flexais, onde moradores sempre reivindicaram realocação – por estarem isolados, inseguros e sentirem também os efeitos do afundamento – os órgãos teimaram em virar as costas, jurando que estavam seguros. Quando da iminência do colapso, estes mesmos órgãos quiseram de última hora que pelo menos 5 mil pessoas se abrigassem em escolas do município. Como se o aviso não tivesse sido dado muito tempo antes pela própria sociedade, pesquisadores, e principalmente, pelos próprios moradores!
Enquanto o drama vivenciado pelas famílias se intensifica e a Prefeitura embolsa os bilhões, a Braskem firma acordo para virar proprietária de todos os cinco bairros que ela mesma destruiu, sob anuência de Ministérios Públicos Estadual e Federal, Defensorias Públicas do Estado e União, e agora também o próprio Instituto do Meio Ambiente. Além do mais, gestores e parlamentares – especialmente o prefeito JHC, o governador Paulo Dantas, e tantos outros – se mobilizam numa verdadeira corrida, só que por votos e rixas internas. Em meio à tragédia, não poupam recursos em propaganda (eleitoral) de seus “feitos” que, na verdade, são vazios, insustentáveis, pouco efetivos, quando não prejudicam ainda mais o drama do povo maceioense.
Todas essas medidas e decisões só evidenciam o papel do Estado e do seu braço armado na vida do povo: vigiar e violentar os mais pobres, enquanto protege uma elite rica e se beneficia com os recursos. Maceió foi comprada por uma mineradora, sob a desculpa – que já se revelou falsa – de que se a empresa “quebrasse” seria pior, por danos em arrecadação e desempregos.Quanto vale os desempregos gerados pelo afundamento dos bairros? E as vidas perdidas por adoecimento físico, mental, incluindo os 14 suicídios? O tempo dobrado em congestionamento de trânsito, a limitação da mobilidade e o encarecimento absurdo de aluguéis e casas, porque – por óbvio- o mercado imobiliário decidiu aproveitar o desastre e abocanhar sua dose de lucro? Quanto vale as rotinas comunitárias, e os prédios históricos, os hospitais, praças, escolas, terreiros e igrejas fechadas?
A dignidade das vítimas é violada, a falta de transparência nas ações e acordos firmados com a Braskem alimenta a desconfiança da população, que se sente à mercê do controle governamental. . A Lagoa Mundaú foi maior testemunha da devastação provocada pela Braskem, tendo seus mangues alagados e, agora, avançando sob o colapso da mina. Marisqueiras e pescadores, abandonados pelos órgãos públicos, sofrem diretamente com a degradação ambiental, com a poluição e assoreamento da Lagoa, em razão do desmatamento nas margens. Os trabalhadores da pesca, primeiros a perceberem o adoecimento da lagoa, exigem ação imediata enquanto são os que mais sofrem com o racismo ambiental e injustiça climática.
Cabe lembrar que essa é a história da mineração. Uma história que, no Brasil, chegou junto à própria colonização e mantém seu modo de operar até hoje: Chegar, explorar as riquezas naturais, criar ilusão de ser ‘essencial’ para a sociedade onde se instala, enquanto acumula riqueza para si e deixa todo o território, com seu solo, sua água, seu subsolo, e seu povo, arrasados. Na sequência, procura outros lugares para destruir e lucrar. É uma história que já carrega junto o acúmulo ideológico e o conluio do Estado e sua própria ganância. Em Alagoas não é diferente.
Junto à população e às vítimas que não aceitam mais tantas mentira e expropriação, compreendemos que somente a mobilização e organização coletiva podem garantir a sobrevivência diante dessa tragédia.
A Braskem precisa ser expropriada, expulsa, e impedida de realizar mineração em qualquer lugar do mundo! Os bairros devem ser devolvidos para o povo, devidamente recuperados. A indenização tem que ser efetivamente justa e, ainda assim, sabemos que não compensará tantas dores!
Essa mitigação, que ainda é mínima perto de tanta destruição, não virá por boa vontade de um Estado que, desde 2018, quando os primeiros tremores começaram, nunca se levantou para defender de fato a população, sempre buscando suavizar os efeitos para a empresa que tem arruinado os nossos territórios. Dele só esperamos mais medidas anti-povo!
Enquanto militantes organizados, é nosso compromisso estar ombro a ombro com a população atingida diretamente e reivindicar por justiça. Pelos nossos, nenhum minuto de silêncio mas uma vida toda em luta. Aqui também expressamos toda a nossa solidariedade às vítimas da Braskem.
FEDERAÇÃO ANARQUISTA DOS PALMARES
COORDENAÇÃO ANARQUISTA BRASILEIRA
cabanarquista.org
agência de notícias anarquistas-ana
vôo de borboletra
do mundo das coisas
pro mundo das letras
Alexandre Brito
Perfeito....
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!