Flecheira Libertária N° 769

cadáveres

Os progressistas e alguns liberais, além das mídias das empresas de comunicação, continuam com suas manchetes relativas ao crescimento da extrema direita na França e em outros Estados da Europa. Reiteram a “importância” da estratégia adotada pela esquerda e por parte da direita francesa em “isolar” os reacionários por meio da caricata Frente Ampla. Nada muito diferente do que foi visto em outros países ao redor do planeta, entre eles o Brasil. Modera-se em prol de uma gestão classificada como eficiente, equilibrada, que seja estável para a União Europeia, a democracia e os negócios capitalistas. Enquanto os Estados e a propriedade produzem as mazelas de sempre, os progressistas e muitos dos seus sócios liberais selam, como “bons” negociantes, acordos para preservar a ordem da qual necessitam para governar, mais do que para sobreviver. Isso é a política, seja com a nomenclatura de Frente Popular, Nova Frente Popular ou quaisquer outros cadáveres que tentem reviver.

os negociantes da ordem

Sobre os progressistas: na Europa e em outros lugares do planeta, o funcionamento de seus partidos, de suas organizações de caridade e em “defesa dos imigrantes”, de seus think tanks, do comércio e das boutiques levados adiante pelos seus ativistas, herdeiros dos anteriores movimentos sociais, de suas portas giratórias etc. está atrelada à preservação dessa ordem que tanto desejam, instituem e necessitam. Frente aos reacionários, eles, incluindo os stalinistas revestidos de democratas, respondem com mais negócios, alianças, composições. É isso o que chamam de combate ao fascismo. São, por fim, os “bons” negociantes que a ordem também necessita, e que vez ou outra também contempla os e as fascistas.

propriedade

O atual pretendente a “pai dos pobres”, em seu terceiro governo, anunciou um novo Plano Safra, beneficiando os grandes proprietários e a chamada agricultura familiar. Gabou-se de que se trata do maior plano da história, envolvendo mais de 400 bilhões de reais. Não é novidade que um presidente que outrora foi operário e sindicalista conta com a confiança e parceria dos chamados movimentos de lutas sociais, os (as) assanhados(as) ativistas pode ser um bom negócio para os que fazem grandes e melhores negócios para si mesmos. Afinal, perguntam-se, “por que não inserir os que ‘lutam’ numa cadeia de produção e torná-los fonte de recursos?”. Ao gerar crédito para os empreendedores solidários, alguém precisará comprar máquinas, equipamentos, insumos – seja bioinsumos ou agrotóxicos –, fertilizantes etc. Agora só falta criar mais proprietários para os setores mencionados, tarefa com a qual o pretendente “pai dos pobres” e, também, consolidado “tio dos ricos” já se comprometeu. Segundo ele e seu rebanho, patrão nacional é melhor que patrão internacional. A ordem necessita de um “bom” negociador da propriedade. Pouco importa a bandeira, a racionalidade neoliberal promove o casamento monogâmico entre capital e capital humano.

mais negociantes da ordem

Uns falam: “queremos menos juiz e mais juízas”. Outros(as) complementam: “exigimos mais carcereiras”. Alguns, ora ou outra, saem às ruas com os seguintes slogans: “a punição deve ser igual para todos”. Muitos ativistas, por sua vez, reivindicam: “nós também queremos ser proprietários”, “todos têm direito a ser proprietário”. Em determinados ciclos, outros ou outras pronunciam: “queremos menos patrão e mais patroa”. Enfim, são mais algumas reivindicações dos negociantes de plantão da ordem…

Fonte: https://www.nu-sol.org/wp-content/uploads/2024/07/flecheira769.pdf

agência de notícias anarquistas-ana

A flor
Sussurra ao vento
Sem aroma.

Maria Helena Camargo