Por Tomás Ibáñez
Naquela sexta-feira, 3 de maio de 1968, a polícia invadiu a Universidade de Sorbonne, em cujo pátio várias centenas de estudantes haviam se reunido para lutar contra os fascistas. As repercussões são bem conhecidas: não apenas a raiva explodiu nas imediações da universidade com uma impressionante e espontânea explosão de rua, mas o eco dessa revolta se espalhou por várias partes da França.
Quando o estopim foi aceso, um evento chamado Maio de 68 ganhou força para sacudir o status quo reinante e mudar inúmeras coisas. Naquela mesma sexta-feira, 3 de maio, na cidade de Lyon, uma estudante do ensino médio, sem nenhum envolvimento político anterior, mas atenta aos ecos que vinham de Paris, descobriu repentinamente o anarquismo e se lançou de corpo e alma na agitação promovida pelo CAL (“Comités d’Action Licéens” – Comitês de Ação do Ensino Médio).
Nascida em 1951, Claire tinha então 17 anos, era menor de idade. Ela relatou essa intensa experiência em um belo texto intitulado “Un Mayo Menor” (Um maio menor), escrito 20 anos depois de maio de 68, traduzido e publicado por La Linterna Sorda no livro Esplendor en la noche (Esplendor na noite). É um exemplo claro, mais um, de como certos eventos transformam súbita e radicalmente as pessoas, deixando uma marca tão profunda que permanece por toda a vida.
Daquele momento em diante, sonhos de liberdade e solidariedade, pontuados por explosões de raiva contra a indignidade do sistema estabelecido, acompanharam Claire até seu leito de morte, na terça-feira, 6 de agosto, em Paris. Por mais de meio século, o compromisso anarquista, e portanto feminista, de Claire Auzias a manteve constantemente na linha de frente, publicando inúmeros artigos e livros, participando de manifestações, dando palestras em várias cidades, defendendo o povo cigano (romani) e denunciando seu genocídio.
Uma grande pessoa, uma amiga querida, um exemplo de coerência anarquista e rebeldia indomável. Seus artigos e livros já se tornaram parte da bibliografia libertária.
>> Para saber mais sobre Claire Auzias:
https://fr.wikipedia.org/wiki/Claire_Auzias
Tradução > anarcademia
agência de notícias anarquistas-ana
Cachorro vadio
À sombra da quaresmeira
Dorme sobre flores
Tony Marques
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!