Nosso chamado à feira é uma incitação aberta às ideias e práticas de insubmissão frente a toda forma de poder e autoridade, ou seja, de opressão e exploração, assim como um estímulo à empatia com tudo que é vivo, numa busca sincera por equidade dentro de nossas diferenças. Procuramos construir um espaço para a difusão de livros, publicações e outras produções autônomas de posição anarquista, para se adubar, se encontrar, expor ideias e realizações, debater, impulsionar iniciativas e práticas anárquicas que fomentem a expansão do anarquismo de ação.
No contexto global de desastres, as imposições da máquina capitalista aprofundam a exploração de toda a vida da Terra, deixando um rastro de destruição e sofrimento. 2024 foi o ano mais quente do planeta, ardendo em febre pelas fornalhas industriais e frotas de motores, cujo ritmo insustentável não cessará mesmo que seja maquiado de verde com a anunciada “transição da matriz energética”. O capitalismo, os estados, a autoridade em si, em seu conjunto o sistema tecnológico industrial, são a própria prisão em que nos torturam e devastam o planeta. Todas reformas ou gestões pseudo-humanitárias apenas ocultam a necessidade de sua destruição.
Regionalmente, o ano foi marcado pela revolta das águas contra os ataques da sociedade tecno-industrial e a pronta resposta, ombro à ombro, das pessoas mais atingidas. Baixando as águas da enchente, a campanha eleitoral dos políticos inunda as cidades com suas promessas vazias e cooptação de lutas reduzindo a política ao voto.
O adormecimento das pessoas, assim como a escancarada participação dos falsos críticos na máquina de dominação, fica explícitas na inexistência de uma crítica ao evento da manutenção do capitalismo global: o G20 no Brasil. A deserção da luta e seu sepultamento em urnas nos demonstra a urgência de ações independentes, anárquicas e que não procurem falsos aliados onde somente tem política partidária eleitoreira, submissa.
Com a proposta de romper com a normalidade que nos sufoca e nos afoga, a Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre pretende focar nas práticas inimigas da dominação, insuflando possibilidades de uma vida sem amos na terra nem amos nos céus. O anarquismo, e todos podem reconhecer isso, não pretende dominar, nem governar, nem dialogar com as forças opressoras, se colocando de forma intransigente contra o sistema imposto.
Nas últimas duas décadas, as feiras do livro anarquista se expandiram como ferramenta de luta e difusão de ideias, demonstrando sua vitalidade como espaço de agitação anti-autoritária ao redor do mundo e, nesse sentido, ergueremos mais uma vez esta barricada, desde o sul do continente, com o vigor da ação direta, da autonomia e da solidariedade vibrante em nossas vidas e movimentos.
Paralelamente, há já uma década, os eventos de tatuagens solidárias como o Solidariedade à Flor da Pele, tem marcado uma forma de autogerir a solidariedade anti-carcerária. Assim como nas últimas Feiras do Livro Anarquista, levamos adiante essa iniciativa mais uma vez, porque acreditamos que marcar nossas peles como um ato de convicção anárquica e prática solidária deixa em nossos corpos muito mais do que desenhos ou letras.
Chamamos assim os indivíduos e coletividades, a participar com propostas de atividades, apresentações, exposições, debates, lançamento de livros e publicações anarquistas, assim como expor com bancas tanto literatura anti-autoritária como produções autônomas, e música combativa, mas sobretudo a se aproximar para nos tornar indomáveis e não ser cúmplices da opressão, inequidade, devastação.
XII Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre.
Agosto inverno de 2024.
Blog: feiradolivroanarquistapo.noblogs.org
E-mail: fla-poa2024@riseup.net
Insta: @flapoa
agência de notícias anarquistas-ana
Imenso jardim,
e sobre flores diversas
enxame de abelhas…
Analice Feitoza de Lima
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!