
Comunicado de imprensa do CEDALL – ano 2025
(Aviso urgente para os recém-chegados, notas para os que já se foram e beijos para os perenes…)
1 O CEDALL é um centro de documentação dedicado principalmente à divulgação da história do movimento libertário e antiautoritário no território espanhol. Quem nos conhece há algum tempo ou pode nos consultar no futuro está ciente dos materiais de informação histórica que oferecemos aos curiosos e interessados na extensa história do anarquismo ibérico espanhol durante os séculos XIX e XX.
2 É possível que esses sinais da identidade do CEDALL sejam conhecidos por aqueles que trocaram opiniões conosco ao longo desses 25 anos de trabalho cultural e propagandístico e, portanto, essa breve “introdução” pode parecer um tanto retórica ou simplesmente desnecessária. Talvez tenham razão aqueles que pensam assim. Mas, de qualquer forma, acreditamos que não é supérfluo delinear o que foram e ainda são hoje as principais linhas de argumentação que unem o nosso projeto coletivo voltado para a divulgação da história libertária das classes populares de nosso país.
3 O principal motivo deste inusitado artigo do CEDALL é evidentemente reativo e contém em sua origem uma profunda inquietação com o que consideramos ser uma distorção conceitual maciça e crescente do significado mais reconhecido do termo “libertário“. De fato, nós, como coletivo editorial, e sob o conhecido acrônimo “CEDALL“, desde o início incluímos expressamente a palavra “llibertari” (em catalão).
4 Como é historicamente reconhecido desde meados do século XIX, o termo libertário, especialmente no que diz respeito ao que poderíamos chamar de “(des)ordem capitalista global”, tem sido associado principalmente ao movimento operário de influência anarquista em sua insistente batalha contra o capitalismo e por uma sociedade livre e emancipada de qualquer exploração social. Acreditamos, a respeito dessa forte afirmação, que poucos historiadores e “acadêmicos” seriam capazes de refutar essa definição inicial, expressa em uma infinidade de livros e análises rigorosas da história geral dos séculos XIX e XX.
5 A questão central desse escrito-denúncia encontra-se, sobretudo, em nosso atual e brilhante presente e, portanto, no persistente uso “in-progress” e amplamente distorcido do termo “libertário“. Entre alguns dos diversos e brilhantes “falsários” encontramos hoje desde setores econômicos até grupos sociais/políticos e também alguns estranhos e muito poderosos “indivíduos-alfa” que fariam parte de um estranho e perigoso conglomerado “hipercapitalista” internacional.
Entre suas muitas maluquices que expressam com certa frequência nos meios de comunicação de massa, um de seus objetivos de médio prazo é a destruição gradual de certas conquistas sociais obtidas por meio das lutas das classes populares em muitos países (ou seja, educação, assistência médica e previdência pública etc.).
Seu ataque persistente e deliberado ao “estado” é exercido, nessa ocasião, a partir de uma posição nitidamente “anarcocapitalista”, e não se baseia na justiça social para o benefício de todos os cidadãos, mas sim, ao contrário, na chamada “liberdade” (empresarial) que favorece, prioritariamente e sem nenhum disfarce, seu próprio benefício econômico.
Pelo contrário, a possível supressão do “estado”, teorizada pelos primeiros ideólogos do anarquismo social mais reconhecido no último terço do século XIX, sempre esteve ligada à supressão real e efetiva do sistema capitalista injusto e também à construção de uma nova sociedade na qual qualquer indício de exploração social desapareceria, tanto em suas dimensões individuais quanto coletivas.
6 Alguns exemplos concretos desse surto epidêmico da classe burguesa internacional que está varrendo nosso frágil mundo globalmente sob o rótulo recente desse falso espírito libertário capitalista podem ser vistos recentemente, por exemplo, no governo de Javier Milei na Argentina ou na influência ameaçadora e persistente dos poderosos “lobbies” capitalistas dos EUA, intimamente ligados atualmente ao bloco ultraconservador que venceu as recentes eleições gerais de 2024 em torno do pântano golpista do “trumpismo”. O que antes, e não há muito tempo, era habitualmente referido pela imprensa internacional “mainstream” sob o rótulo acurado de “ultraliberal”, está se transformando rapidamente, por meio de uma certa insistência importunante, sob o guarda-chuva distorcido e cada vez mais enganoso do termo “libertário“.
7 Nós do CEDALL gostaríamos de alertar enfaticamente, caso ainda não estejam cientes de nossa linha editorial, que os materiais históricos que disponibilizamos e as ideias-força que neles transpiram remetem a (outro) imaginário ideológico radicalmente antagônico e oposto a esses grosseiros defensores de um “anarcocapitalismo” cada vez mais antissocial e doentio.
A tradição histórica inicial dos movimentos libertários foi articulada principalmente por militantes e ativistas sociais que fizeram parte das classes populares (mulheres e homens) e que defenderam os oprimidos (“o sal da terra”) em seu cotidiano arriscado e difícil até as últimas consequências, com uma atitude exemplar de solidariedade.
8 É por isso que as tendências ideológicas e econômicas representadas por esse bloco social cada vez mais consolidado e de aparência ultraconservadora não representam em nada o que o coletivo CEDALL tem defendido desde o seu início. De certa forma, pode-se afirmar, com certo rigor histórico, que grande parte dos libertários fez parte, desde o início, do imaginário social que se constituiu em torno do que alguns de seus líderes chamam depreciativamente de “esquerdistas”, em que a crítica radical ao capitalismo e ao seu regime de dominação absoluta formou uma parte substancial de suas ideias e anseios persistentes.
9 Finalmente, e para finalizar nossa nítida posição ideológica, gostaríamos de listar brevemente, embora não de forma exaustiva, nossas fortes preferências pessoais sobre alguns dos homens e mulheres anarquistas e socialistas libertários que deixaram uma marca indelével em nós ao longo de sua história pessoal e que ainda vivem em nossos pensamentos e em nossos corações:
Mikhail Bakunin, Pierre-Joseph Proudhon, Piotr Kropotkin, Louise Michel, Emma Goldman, Elisée Reclus, James Guillaume, Errico Malatesta, Anselmo Lorenzo, José Prat, Teresa Claramunt, Francesc Ferrer i Guardia, José Sánchez Rosa, Mauro Bajatierra, Salvador Segui, Joan Peiró, Eleuterio Quintanilla, Manuel Buenacasa, Ángel Pestaña, Tomás Herreros, Joan García Oliver, Federica Montseny, Francisco Ascaso, Buenaventura Durruti (entre outros e outras…)
…
EQUIPE CEDALL (Janeiro de 2025)
Fonte: https://redeslibertarias.com/2025/01/20/un-falso-concepto-libertario-recorre-nuestro-fragil-mundo/
Tradução > acervo trans-anarquista
Conteúdos relacionados:
https://noticiasanarquistas.noblogs.org/post/2023/09/19/espanha-milei-e-a-mistificacao-libertaria/
agência de notícias anarquistas-ana
se andava no jardim
que cheiro de jasmim
tão branca do luar
Camilo Pessanha
Perfeito....
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!