“Eu acho que podemos aprender com as propostas e práticas históricas de todas as vertentes do anarquismo”

Instituto de Estudos Libertários (IEL) entrevista Marcolino Jeremias | Janeiro de 2025

Quem é Marcolino Jeremias?

Tenho 47 anos, trabalho como recepcionista no SUS faz 22 anos e estou envolvido com o movimento anarquista desde 1994. No ano passado completei 30 anos de militância libertária. Nesse mesmo período adotei uma postura vegetariana (vegana) e abstêmia, que carrego até os dias de hoje, e que eu considero que refletem minhas ideias anarquistas.

Como se deu o seu primeiro contato com o anarquismo?

No começo dos anos 90, eu estava completamente envolvido na cena underground, especialmente na cena do metal extremo e do grindcore, fazendo zines e participando de bandas. Foi um pulo para ter contato com os coletivos anarcopunks e, depois, com os coletivos especificamente anarquistas. Em 1994, eu participei de um coletivo no Guarujá que teve vida curta: o Coletivo Libertariedade e Gaia. Nesse momento, assisti algumas palestras, inclusive, a primeira que eu vi da companheirada de São Paulo, foi justamente uma do Coletivo Anarcofeminista (CAF), aqui mesmo na cidade do Guarujá, nos apresentando algumas das instigantes ideias do anarcofeminismo. Em seguida fui convidado a participar da União Libertária da Baixada Santista (ULBS), um grupo punk/anarquista local, que organizou várias atividades no período em que existiu (1991 — 2002), foi nessa época que tive os primeiros contatos com os velhinhos do Centro de Cultura Social de São Paulo (CCS), o Antônio Martinez e, com um pouco mais de frequência, o Jaime Cubero.

Lembro que numa palestra o Jaime Cubero disse: “O militante anarquista se doa para a causa que defende”. Isso realmente me fez refletir como eu, pessoalmente, poderia me dedicar mais para o anarquismo. Eu estava enfrentando um período em que não encontrava trabalho, mal conseguia juntar uns trocados para contribuir financeiramente com o coletivo que participava. Percebi que uma coisa que eu poderia fazer (já que tinha bastante tempo livre e nenhum dinheiro) era frequentar arquivos públicos (gratuitos) para buscar maiores informações e subsídios históricos que pudessem sanar algumas dúvidas que eu tinha sobre o anarquismo e, num segundo momento, socializar essas informações para difundir o anarquismo e, quiçá, ajudar outras pessoas a também sanarem as suas próprias dúvidas. Foi a maneira que eu encontrei, no dizer de Jaime Cubero, de ‘me doar ao anarquismo’.

Você se identifica com alguma linha histórica específica do anarquismo?

Eu acho que podemos aprender com as propostas e práticas históricas de todas as vertentes do anarquismo, mesmo simpatizando mais com umas do que com outras. A prática política vale mais do que a vertente ideológica que o sujeito diz defender. Se fosse para me classificar em alguma vertente histórica, eu diria anarquismo sem adjetivos. Porém, prefiro apenas anarquista mesmo, pois foi assim que eu aprendi com os velhos companheiros.

>> Para ler a entrevista na íntegra, clique aqui:

https://ielibertarios.wordpress.com/2025/01/25/instituto-de-estudos-libertarios-entrevista-marcolino-jeremias/

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