Mundo teve em 2024 o maior número de execuções em quase 10 anos, afirma Anistia Internacional

Foram registradas 1.518 aplicações da pena de morte no ano passado, alta de 32% em relação ao ano anterior; Irã, Iraque e Arábia Saudita lideram lista, que não tem dados da China

O número de execuções no mundo alcançou seu nível mais alto em uma década, sendo particularmente elevado em Irã, Iraque e Arábia Saudita, segundo o relatório anual da Anistia Internacional (AI) sobre a pena de morte publicado nesta terça-feira (08/04).

A organização de defesa dos direitos humanos, com sede em Londres, registrou 1.518 execuções em 2024, o que representa um aumento de 32% em comparação com 2023. Além disso, este é o segundo maior número registrado desde 2015, quando 1.634 pessoas foram executadas.

A China, que realiza a maior quantidade de execuções no mundo, segundo a Anistia Internacional, não foi incluída neste relatório devido à falta de informações disponíveis, assim como a Coreia do Norte e o Vietnã. Pelo segundo ano consecutivo, o número de países que executaram prisioneiros é o menor já registrado, 15.

— A pena de morte é um crime atroz que não tem lugar no mundo atual — declarou a secretária-geral da AI, a francesa Agnès Callamard.

Segundo a Anistia, Irã, Iraque e Arábia Saudita foram responsáveis, no ano passado, por 91% das execuções contabilizadas.

— Enquanto alguns países, que segundo nós são responsáveis por milhares de execuções, continuam escapando do escrutínio ao agirem de forma secreta, é evidente que os que mantêm a pena de morte constituem uma minoria — acrescentou Callamard.

O Irã, por si só, representa 64% das execuções conhecidas, com 972 pessoas em 2024. Na Arábia Saudita, onde a decapitação é uma das formas usadas nas execuções, o número dobrou, passando de 172 para 345, enquanto no Iraque aumentaram em quase quatro vezes, de 16 para 6

A organização ainda acusa alguns países de instrumentalizarem a pena de morte contra manifestantes e certos grupos étnicos. É o caso do Irã, que executou participantes do movimento “Mulher, vida, liberdade” de 2022, inclusive contra um jovem com deficiência mental, segundo a AI.

A Arábia Saudita seguiu utilizando a pena capital para silenciar os dissidentes políticos e punir os membros da minoria xiita que apoiaram manifestações há 10 anos, acrescenta a Anistia.

— Aqueles que se atrevem a desafiar as autoridades enfrentam o castigo mais cruel, especialmente no Irã e na Arábia Saudita, onde a pena de morte é utilizada para silenciar quem tem coragem de se expressar — assinalou Callamard.

Segundo o relatório, 25 pessoas foram executadas nos Estados Unidos em 2024, uma a mais que em 2023.

As condenações relacionadas às drogas representam mais de 40% das execuções no mundo, afirma a ONG, e embora o número de países que aplica a pena de morte seja considerado baixo, algumas nações consideram mudar seus códigos penais.

Maldivas, Nigéria e Tonga estão considerando introduzir a pena capital para crimes relacionados com as drogas, indica a Anistia. República Democrática do Congo e Burkina Faso também anunciaram sua intenção de restabelecer as execuções por crimes comuns, explica a AI.

Atualmente, 145 países proibiram a pena de morte ou não a aplicam, segundo a organização de defesa dos direitos humanos.

Fonte: agências de notícias

agência de notícias anarquistas-ana

Guardei para você,
num verso de porcelana,
as flores da manhã.

Eolo Yberê Libera

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