Por que opor-se à COP30?

A COP30 (Conferência das Partes) é uma cúpula internacional organizada pelos Estados membros da ONU, a ser realizada no espaço do Governo da COP, em Belém do Pará, de 10 a 21 de novembro de 2025. O número 30 significa que esta é a 30ª vez que a conferência será realizada. A COP30 trata das mudanças climáticas. Diversos eventos, fóruns e debates estão sendo organizados, e delegações de muitos países estarão presentes.

POR QUE OPOR-SE À COP?

Porque precisamos de uma mudança que a COP30 não pode proporcionar. A luta para proteger a biodiversidade e combater as mudanças climáticas é, sem dúvida, uma das questões mais importantes do nosso século. Os estudos científicos e o conhecimento indígena e dos povos tradicionais são muito claros: estamos vivenciando atualmente um declínio sem precedentes na biodiversidade. Nosso sistema econômico, o capitalismo, está na raiz desse problema: somente desafiando-o poderemos salvar o que ainda pode ser salvo. Obviamente, esse não é o objetivo da COP30. Na verdade, ela tem o objetivo oposto:

☀ Incentivar a livre iniciativa neoliberal e, ao mesmo tempo, alegar a proteção da biodiversidade. A COP30 tem como objetivo envolver ativamente o setor privado na formulação de acordos internacionais sobre biodiversidade. Em outras palavras, os responsáveis pela situação atual estão sendo envolvidos no processo de tomada de decisões. O lobo está no controle do galinheiro.

☀ Permitir que as empresas privatizem a matéria viva. A Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD) e o Protocolo de Nagoya estabeleceram na legislação internacional a possibilidade de nacionalizar a propriedade de “recursos derivados de material genético”. Anteriormente, os recursos genéticos eram considerados parte do patrimônio comum da humanidade. Estamos testemunhando um aumento na privatização da matéria viva.

☀ Facilitar a exploração dos países do sul e das terras indígenas. O Protocolo de Nagoya exige um programa de “acesso e compartilhamento de benefícios”. Isso significa que se espera que os países com alta biodiversidade forneçam acesso a seus recursos naturais. Como resultado dessa pilhagem, está ocorrendo um compartilhamento desigual dos benefícios entre os estados do sul e as empresas, sem levar em conta as contribuições essenciais das comunidades indígenas e tradicionais para esse patrimônio comum da humanidade.

AGIR POR CONTA PRÓPRIA – NÓS POR NÓS

☀ Os governos e as empresas são os principais culpados pelo declínio da biodiversidade. Essas instituições trabalham, lado a lado, para subsidiar os projetos extrativistas das principais empresas de mineração, de exploração de madeira e de petróleo em bilhões de dólares. Os governos estão financiando projetos que estão destruindo ativamente a biodiversidade. Pense no governo brasileiro e seus projetos como a Ferrogrão, a exploração de petróleo na foz do Amazonas e a compra de créditos de carbono por grandes transnacionais. Além disso, quando a população não cede, a polícia e as forças armadas são enviadas para reprimir qualquer revolta e militarizam os territórios, criminalizando os movimentos sociais.

☀ Os responsáveis pelo desastre não nos salvarão. Que os ricos paguem a crise. Como acontece com qualquer avanço social, somente a mobilização popular pode fazer com que os governos se ajoelhem. A história do movimento ambientalista é a prova mais visível disso; sem nossa mobilização, os governos e as empresas, ainda, negariam a realidade de nossas descobertas. Há décadas, os governos e os capitalistas estão cientes das questões ecológicas em jogo e não fizeram nada para causar um impacto significativo. O simples fato de a COP sobre mudança climática estar agora em seu 30º ano – e a situação indo de mal a pior – nos mostra o que podemos esperar se dermos carta branca àqueles que estão nos levando direto para o desastre.

☀ Bloquear para avançar. Acreditamos que é hora de romper essa atmosfera de consenso brando dentro do movimento ambientalista; a colaboração com os estados e as corporações só levou a piora da situação. Nossa única chance é construir um movimento que rejeite as estruturas responsáveis pela catástrofe: o capitalismo e o Estado. Portanto, é importante atacar esses eventos, que foram criados para nos tranquilizar e desviar nossa atenção. Vamos mostrar a eles que não estamos sendo enganados.

COMO OPOR-SE À COP30?

❶ Participar das assembleias de luta contra a COP30

Unindo forças e construindo alternativas à realização dessa cúpula internacional, podemos ser a semente de um movimento ambientalista livre das garras dos Estados e dos interesses privados.

❷ Fazer greve e que os ricos paguem a crise

Para os estudantes e trabalhadores, a greve dá a oportunidade de fazer ouvir uma voz que não seja a das empresas petrolíferas, mineradoras, madeireiras, de crédito de carbono e dos governos. A greve envia uma mensagem clara de que estamos determinados a tomar medidas para mudar as coisas. A greve também libera tempo para participar do movimento ambiental por meio de manifestações, oficinas e discussões que ocorrerão ao mesmo tempo que a cúpula. A greve lembra ao Estado e aos capitalistas que, sem nós, eles não são nada, e nos lembra que, no final, nós produzimos tudo. Precisamos desse momento se quisermos um movimento ambiental capaz de enfrentar os desafios do momento. Chamamos as centrais e sindicatos para construir um movimento paredista poderoso durante o evento. Pela construção de uma greve geral durante a COP!

❸ Aprender e educar

A organização de uma contra-cúpula, contra a COP30 e a favor de um movimento ambiental radical e revolucionário, nos permite fazer com que nossa voz seja ouvida de uma forma diferente da desse movimento, que está colaborando com a “gestão” da crise ambiental capitalista. Temos que aprender com outras lutas e com a história do movimento social e não nos vermos como uma questão separada da do capitalismo ou do colonialismo.

❹ Ocupar o terreno, construir territórios

Por meio de manifestações de rua e outras ações, podemos mostrar que existe outro caminho e incentivar as pessoas a se juntarem a nós, ao mesmo tempo em que interrompemos a festinha delas no Palácio do Governo.

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Alberto Murata

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