
Não nascemos para ser peças na máquina da exploração. Não viemos ao mundo para alimentar, com nossas costas quebradas, os banquetes daqueles que nunca curvaram a espinha, nem sentiram o peso de uma jornada que nunca acaba. Neste sistema capitalista, o trabalho não é virtude: é castigo. É a corda que nos aperta o pescoço enquanto nos obrigam a sorrir e agradecer pelo “privilégio” de sermos exploradas.
Dizem que a jornada de trabalho vai ser reduzida, que o progresso chegará aos poucos, mas continuamos morrendo nos andaimes, nas fábricas, nos hospitais. Continuamos sendo vítimas do estresse, da insônia, das doenças que o corpo grita quando o coração está em pedaços.
Temos orgulho de ser trabalhadoras, sim. E acreditem: ser militante da CNT é um dos maiores orgulhos que alguém pode sentir na vida. Temos orgulho de ser trabalhadoras, mas não de ser escravas. Não dessa normalidade obscena que nos condena a uma vida precária, a mendigar tempo para os nossos, a escolher entre comida e aquecimento. Que orgulho há em ser esquecidas, empobrecidas, sobrecarregadas, enquanto os poderosos multiplicam suas fortunas e nos olham de seus arranha-céus com desprezo?
Aprendemos a suportar o insuportável. Aceitamos que trabalhar até a exaustão é um “dever”, enquanto os preços sobem e nossos salários não dão para quase nada. Roubaram nosso tempo, nosso corpo, nossos sonhos. Mas não nos venceram.
Queremos recuperar nossas vidas. Queremos decidir como usar nossos dias, nossas mãos, nossas mentes. Queremos cuidar e ser cuidadas, nos encontrar, organizar a raiva, tecer a ternura e a revolução que virá. Porque outras formas de vida são possíveis, e sabemos que podemos imaginá-las, construí-las e defendê-las.
Não esquecemos que fomos nós, a CNT, que arrancamos do sistema a jornada de oito horas. E seremos nós que acabaremos com o jugo do trabalho que nos rouba a existência. Não queremos reformas tímidas nem migalhas: queremos tudo.
O mundo ainda é governado por oligarcas, empresários, políticos e assassinos que repartem nossas vidas como se fossem espólios. A social-democracia pactuou com os algozes. O liberalismo nos vendeu fumaça e fome. Nós estamos aqui para gritar o que muitos calam: chega!
O mundo deles não funciona. Nunca funcionou para a maioria. Deixem-nos tentar do nosso jeito: com nossas mãos, nossos corações, nossas ideias. Não pedimos permissão, viemos abrir caminhos.
E não podemos esquecer nossa gente na Palestina, nossa classe trabalhadora irmã do outro lado do Mediterrâneo, as professoras, médicas, padeiros e jornalistas que caem sob bombas enquanto o mundo “civilizado” desvia o olhar. O silêncio deles também é cumplicidade. Nossa memória é resistência. Não deixamos ninguém para trás; acreditamos no internacionalismo contra as fronteiras, muros e tarifas que nos impõem.
Que trabalhem eles. Nós queremos viver, lutar e libertar cada canto de nossas vidas.
Porque o tempo é nosso. Porque o mundo será de quem trabalha, não de quem o saqueia.
cnt.es
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Em toda a longa viagem,
Só agora encontrei
Um cafezal!
Paulo Franchetti
ESTIMADAS, NA MINHA COMPREENSÃO A QUASE TOTALIDADE DO TEXTO ESTÁ MUITO BEM REDIGIDA, DESTACANDO-SE OS ASPECTOS CARACTERIZADORES DOS PRINCÍPIOS GERAIS…
caralho... que porrada esse texto!
Vantiê, eu também estudo pedagogia e sei que você tem razão. E, novamente, eu acho que é porque o capitalismo…
Mais uma ressalva: Sou pedagogo e professor atuante e há décadas vivencio cotidianamente a realidade do sistema educacional hierárquico no…
Vantiê, concordo totalmente. Por outro lado, o capitalismo nunca gera riqueza para a maioria das pessoas, o máximo que ele…