[Grécia] Ocupação da GSEE pelo grupo anarquista Rouvikonas

Nesta quarta-feira (30/04), o “setor trabalhista” do grupo anarquista Rouvikonas ocupou o prédio da GSEE¹ (Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia). Um trecho do “longo” comunicado distribuído pelo grupo diz:

“O fato de termos escolhido ocupar o prédio da GSEE para comemorar o 1º de maio e destacar o colapso do sindicalismo e do poder de barganha da nossa classe é um lembrete desagradável da diferença entre hoje e Chicago no final do século XIX.

Aquela batalha, com as bombas e as sentenças de morte dos combatentes, a batalha que abriu a guerra vitoriosa que garantiu a jornada de 8 horas para todos os trabalhadores, foi travada por trabalhadores com consciência de sua posição, organizados em sindicatos militantes. Sem eles, nada teria sido conquistado. E nada foi conquistado depois sem organizações de classe. Pelo contrário, a perda de conquistas históricas dos trabalhadores nos últimos anos ocorreu em um ambiente onde tais organizações estavam ausentes.

Em um ambiente onde o conceito de sindicalismo e organização de classe estava sendo contaminado pela GSEE junto com uma parte significativa do sindicalismo burocrático/partidário.

“A GSEE agora é um cadáver, pelo menos em termos de sua função básica. A de organizar os trabalhadores, representando, defendendo e reivindicando seus direitos. Acabou se tornando um instituto burocrático trabalhista que emite editais, realiza estudos, oficinas e clama ao Estado para voltar aos acordos coletivos para que ele possa voltar a ter um papel a desempenhar. E que convoca uma greve cerimonial de um dia algumas vezes por ano.

Não adianta mais chutar essa carcaça. Ela não pode causar mais mal do que já causou.

Nossa ocupação atual se percebe como uma ocupação de um prédio sem classes sociais. Um prédio que deveria estar cheio de vida, o centro da luta de classes, monitorado pela polícia porque está funcionando e não porque outros trabalhadores o ocupam.

Fomos feitos reféns do Estado e dos patrões e precisamos mais do que nunca de espaços de reunião, organização e luta. A ausência de uma base sindical forte e de massa é uma grande ferida.

A necessidade de um sindicalismo popular forte, rebelde e de massas que alcance vitórias e apague a vergonha do sindicalismo institucionalizado da consciência coletiva, é cada vez mais urgente…

O Primeiro de Maio não é um dia em que os trabalhadores se dirigem de cabeça baixa ao Estado ou aos patrões. É um dia em que os trabalhadores conversam entre si. Falam sobre suas descobertas, posições, esperanças, medos e métodos de luta…”

[1] A GSEE (Confederação Geral dos Trabalhadores da Grécia) é uma espécie de CUT, Força Sindical de lá, ou seja, PELEGA.

agência de notícias anarquistas-ana

no despenhadeiro
a sombra da pedra
cai primeiro

Carlos Seabra

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