
Por ocasião da importante data do Primeiro de Maio, muitas pessoas escolheram participar do bloco vermelho e preto promovido pela Assembleia Antimilitarista e pela Federação Anarquista de Turim.
Um dia quente e agradável de sol foi o cenário de uma manifestação combativa que tem raízes nas imponentes reivindicações operárias do final do século XIX pelas oito horas de jornada de trabalho. Cerca de uma centena de antimilitaristas e anarquistas marcharam ao final do cortejo empunhando a faixa “Paz entre os oprimidos, guerra aos opressores”, marcando uma clara distância em relação àqueles que, formalmente, se declaram contrários à guerra, mas, na prática, se alinham com antigos e novos imperialismos sob a bandeira da resistência, dando novo fôlego a nacionalismos e guerras religiosas que sempre foram inimigos de todas as lutas por uma real emancipação social.
Numerosos slogans e falas lembraram tanto as péssimas condições enfrentadas pelos desempregados e por aqueles que são forçados a sobreviver com trabalhos precários e mal remunerados, quanto o aumento das mortes no trabalho — consequência direta da lógica cínica do lucro a qualquer custo. Com a mesma determinação, denunciou-se o crescimento desenfreado dos despejos, uma chaga para quem já não consegue pagar aluguel e contas. Ter um teto sobre a cabeça está se tornando um luxo para poucos privilegiados.
Cada contribuição trazida à praça fez questão de reafirmar a urgência de se opor à escalada bélica que cada vez mais invade nossas vidas, a começar pelos nossos territórios, onde armas são produzidas e testadas para depois serem usadas nos conflitos que ensanguentam vastas áreas do planeta; onde a militarização atinge com força os bairros mais pobres e chega a cercar escolas e o ensino; onde a empresa Leonardo e o Politécnico estão empenhados na construção da Cidade do Espaço Aéreo, um polo de pesquisa voltado para a criação de dispositivos e técnicas militares cada vez mais letais e avançadas, para matar e envenenar territórios inteiros.
Os gastos militares crescem sem parar, assim como os cortes nos serviços sociais essenciais. A indústria bélica enriquece, enquanto nós vemos as portas da miséria se escancararem e corremos o risco de morrer por falta de cuidados médicos adequados.
Também nesta ocasião, não faltaram críticas às políticas do governo fascista, que além de intensificar a retórica patriótica para nos recrutar na defesa dos interesses nacionais e nos tornar cúmplices de massacres de populações civis, utiliza leis especiais que tratam questões sociais como problemas de ordem pública, promovendo uma guerra impiedosa contra os pobres – tanto locais quanto migrantes – e uma repressão brutal contra qualquer forma de dissidência. Querem-nos mudos e resignados, senão submissos.
A luta de classes está longe de ser algo do passado. Os burocratas do sindicalismo institucional e conciliador sabem bem disso, pois diariamente jogam o jogo daqueles que drenam nosso tempo e energia no local de trabalho, em nome da acumulação contínua de capital.
Infelizmente, o sindicalismo de base, apesar do esforço generoso, tem cada vez mais dificuldade em captar o sofrimento social de quem vive em nossa cidade. Isso significa que é necessário organizar-se coletivamente e superar o clima predominante de atomização e desconfiança entre os explorados, se realmente quisermos que o medo mude de lado.
Estamos conscientes de que a única esperança que temos de reverter a situação é construir e fortalecer redes de solidariedade e de luta contra a opressão, a exploração e as guerras promovidas e financiadas por patrões e governantes.
Só praticando a ação direta podemos preocupar os poderosos do mundo.
Só trazendo de volta ao centro do debate o valor do derrotismo revolucionário e apoiando ativamente os desertores de todas as guerras dos estados, podemos evitar o perigo de um holocausto nuclear.
Só criando espaços políticos não estatais podemos lançar as bases para um mundo de livres e iguais, sem estados, patrões, fronteiras, exércitos e polícias.
Federação Anarquista de Turim
Assembleia Antimilitarista – Turim
Corso Palermo 46 – reuniões todas as terças às 20h30 – www.anarresinfo.org
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
árvore morta
no galho seco
uma orquídea
Alexandre Brito
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?