[Reino Unido] Reclaim The Streets: Uma Retrospectiva

Este ano marca o 30º aniversário da primeira ação de grande destaque do fenômeno festa e protesto na Camden High Street em 1995 e, para marcar o evento, ele estará de volta em 17 de maio.

Anon ~

Embora o Reclaim The Streets (RTS) já existisse de forma embrionária há alguns anos antes de maio de 1995, aquela ação marcou uma escalada nas táticas, no número de participantes e na publicidade.

Várias centenas de pessoas compareceram, e a ação captou o espírito do momento, com uma mistura atraente de anticapitalismo, cultura anti-carro, viajantes new age radicalizados nos cinco anos anteriores e a cena rave/party livre, tudo isso integrado em uma ação direta em uma área urbana. Quando ocorreu o terceiro evento, pouco mais de um ano depois, mais de 5.000 pessoas fecharam a M41 no oeste de Londres com uma festa massiva que rompeu as linhas policiais, danificando notoriamente a superfície da estrada com perfuratrizes escondidas sob um carro alegórico de estilo carnavalesco.

A organização londrina existiu por cerca de seis anos antes de eventualmente se dissolver. Nesse período, a mensagem evoluiu de uma festa de rua que reivindicava o espaço dos carros para uma análise mais ampla do capitalismo e das estruturas de poder. Essa mudança relativamente rápida levou a ações mais confrontativas, como o evento J18 em 1999, cujo objetivo expresso era interromper as atividades da City. A visibilidade do grupo também atraiu organizações de esquerda mais tradicionais e sindicalistas, como os estivadores de Liverpool e os motoristas do metrô de Londres. A construção de pontes entre sindicatos e grupos ambientais mais radicais era inédita na época e, só por isso, o nível de “ameaça” do RTS pelas autoridades foi elevado a severo.

Há muitos motivos por trás do colapso do RTS Londres, e se você perguntar a dez pessoas diferentes, obterá dez respostas diferentes. As tensões entre um grupo central “interno” que sabia onde e quando a ação ocorreria e as reuniões públicas abertas, que repentinamente atraíam um grande número de novos participantes entusiasmados que queriam participar das decisões, mas se sentiam excluídos, nunca foram resolvidas.

Isso é frequentemente apontado como uma razão para a dissolução, mas há outras, incluindo esgotamento, dinâmicas interpessoais e divergências, especialmente sobre táticas, além de um sentimento de falta de direção. O clima pós-11 de setembro de 2001 também teve um efeito desestimulante.

Anos após o fim das ações do RTS, incluindo algumas ações remanescentes em espaços ocupados e na praia de Southbank, foi revelada a verdade sobre um de seus principais ativistas, Jim Boyling/Sutton. Boyling era membro da unidade SDS da polícia metropolitana, cujo objetivo era se infiltrar em organizações ambientais, de direitos dos animais e outros grupos de esquerda. Boyling foi um coordenador chave do RTS desde o início, muitas vezes direcionando as conversas para territórios mais radicais e coordenando as ações no dia. Ele também facilitava a entrega e condução de carros antigos usados como artifício publicitário para sinalizar o início de uma manifestação. Outros ativistas nunca desconfiaram da toupeira, apesar de centenas de policiais estarem presentes e preparados exatamente no local da M41 quando os participantes saíram da estação de trem. Boyling também manteve um relacionamento íntimo com uma ativista enquanto estava infiltrado, causando grande trauma quando sua verdadeira identidade veio à tona.

Então, por que, após quase um quarto de século de ausência, o RTS está voltando a Londres? A ideia principal por trás do movimento nunca morreu: de que os carros ocupam muito espaço urbano e que são os carros que causam a interrupção da vida, não os festeiros, e se espalhou pelo mundo como uma franquia, com algumas cidades mantendo uma presença mais permanente do RTS, como Sydney. Os coordenadores dessa ação em Londres para marcar o 30º aniversário de Camden High Street divulgaram um longo chamado, uma versão atualizada de um manifesto anterior, que foi impresso em um “zine pôster” fotocopiado e distribuído em centenas de espaços radicais pela cidade.

O chamado expressa frustração com a cultura do carro, mas também lamenta o afastamento das interações humanas devido à saturação tecnológica, afirmando que a rua é o último lugar livre de cookies e mineração de dados, onde as pessoas podem interagir de forma genuína e libertadora.

Os autores afirmam: “Em alguns aspectos, o mundo é diferente, mas, ao raspar a superfície de várias camadas de libertação e comunidade, por meio das conexões de plataformas tecnológicas altamente regulamentadas e controladas, os problemas subjacentes de isolamento e monetização das relações humanas permanecem os mesmos…”

Muitas coisas mudaram politicamente desde as ações do RTS nos anos 1990. As revisões de 2023 da Lei de Ordem Pública concedem à polícia e aos juízes considerável poder para prender manifestantes que considerem violar a Seção 7, “Interferência com Infraestrutura Nacional Crítica”, que inclui estradas. Outras revisões incluem descrições vagas e discricionárias, como “criar risco de incômodo sério” e “obstrução intencional da via pública”. Essas revisões têm sido usadas para condenar ativistas pacíficos a longas penas de prisão, intensificando a repressão a grupos como Just Stop Oil e Youth Demand.

Ainda assim, é fácil esquecer que um clima semelhante existia nos anos 1990, quando o RTS começou, com a introdução da CJA pelo governo de John Major, que criminalizava estilos de vida alternativos que coexistiam com a sociedade convencional há décadas.

Nos últimos dois meses, um grande número de cartazes e adesivos têm aparecido em espaços públicos promovendo o evento. A primeira parte do dia começará com uma Bicicletada, que se encontrará com a festa de rua mais tarde. Poucos detalhes adicionais foram divulgados até agora, mas há um canal de transmissão no Telegram onde informações serão liberadas, incluindo o local no dia do evento.

Fonte: https://freedomnews.org.uk/2025/05/11/reclaim-the-streets-a-retrospective/

Tradução > Contrafatual

agência de notícias anarquistas-ana

na rua deserta
brincadeira de roda
vento se sujando de terra

Alonso Alvarez

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