
O companheiro sardo Paolo Todde, alvo da repressão no início dos anos 2000 devido à operação contra o Fraria de Cagliari (grupo anarquista), encontra-se atualmente em prisão preventiva acusado do assalto ocorrido em 9 de outubro de 2024 (a uma casa de apostas em Sestu). No dia 25 de abril, ele iniciou, junto a outros presos, uma greve de fome para protestar contra as condições de vida na prisão de Uta (Cagliari). A intervenção dos defensores públicos (figura semelhante ao ouvidor dos direitos humanos), com suas promessas vazias e inúteis, fez com que a greve fosse interrompida após uma semana. No entanto, Paolo decidiu retomá-la sozinho a partir de 8 de maio, com a intenção de levá-la até o fim.
Vale destacar que Paolo tem 64 anos e iniciou a greve de fome com apenas 61 kg. Paolo compartilha conosco o sonho de mil coisas, como uma Sardenha livre, e o ódio pelas prisões e pela sociedade que as produz. Ele nunca foi indiferente frente às contínuas violências e humilhações das forças de ocupação colonial — colaborou com o Comitê de Solidariedade com o Proletariado Sardo Deportado, que prestou apoio a presxs sardxs dispersos em prisões italianas no final do século XX. Para o Estado, dobrá-lo ou eliminá-lo serve como aviso para quem combate o sistema e para todxs xs presxs que se rebelam contra a prisão.
Por isso, Paolo tem sido alvo de constantes provocações por parte dos carcereiros: bloqueio arbitrário de correspondência ou de entrada de dinheiro, proibição de fazer videochamadas sob desculpas, atrasos nas visitas, seus livros e cartas jogados em cestos úmidos de roupa suja, entre outras ações. Toda essa violência se soma à situação vivida pelos presos, que Paolo vem denunciando há meses.
Na prisão de Uta, a água da torneira não é potável. Após a administração misturar cloro para eliminar bactérias fecais que impediam seu uso até mesmo para a higiene pessoal, agora nem para cozinhar a água pode ser utilizada. As celas estão superlotadas (com 140 presos a mais do que a capacidade máxima), e os detentos ficam trancados por 22 horas ao dia. O acesso à biblioteca e ao campo de futebol é concedido com extrema limitação. No verão, as temperaturas no sul da Sardenha chegam a 43 °C. A assistência médica é inexistente. As provocações da polícia penitenciária contra os presos e seus familiares são constantes e muitas vezes resultam em espancamentos.
Essa vida é insuportável para qualquer ser humano — ainda mais para quem nunca abaixou a cabeça e sempre lutou em solidariedade com os inimigos do sistema, como o Comitê de Solidariedade com o Proletariado Sardo Deportado. Paolo, como o revolucionário anarquista Alfredo Cospito, decidiu usar sua própria vida como barricada. Arriscando sua existência, iniciou uma luta que só pode ter resultados se nós formos capazes de levar adiante, com a mesma determinação, uma mobilização de solidariedade revolucionária e internacional.
Reafirmamos nossa solidariedade e nosso compromisso em expandir a luta, de modo que a administração não tenha paz. Lembramos que os diretores, a polícia penitenciária e os demais carcereiros são co-responsáveis por essa situação, e que o povo oprimido tem boa memória. Se algo acontecer com Paolo, terão que assumir todas as consequências.
Não deixemos Paolo sozinho nessa luta.
Quem quiser, pode escrever para Paolo no seguinte endereço:
Paolo Todde
CC E. Scalas
Zona industriale Macchiareddu 19
09010 Uta (CA)
Sardenha (Itália)
Alguns anarquistas sardos e outros companheirxs de Paolo
Paolo Todde é um conhecido companheiro sardo de 64 anos. Participou de diversas iniciativas solidárias e em círculos antimilitaristas e anarquistas de Cagliari. Em 2004, foi preso em conexão com um ataque a uma sede do Forza Italia e, em 2005, durante a operação contra o círculo anarquista Fraria de Cagliari. Em outubro de 2017, foi detido após um assalto a uma agência dos correios, e desde 23 de outubro de 2024 encontra-se em prisão preventiva pelo assalto a uma casa de apostas.
Fonte: https://lazarzamora.cl/llamada-a-la-solidaridad-con-paolo-todde-en-huelga-de-hambre/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Olha,
Entre um pingo e outro
A chuva não molha.
Pedro Xisto
UM ÓTIMO TEXTO!
COMO FAZ FALTA ESSE TIPO DE ESPAÇO NO BRASIL. O MAIS PRÓXIMO É O CCS DE SP!
ESSE CASO É O CÚMULO DO ABSURDO! A JUSTIÇA ESPANHOLA NÃO TENTA NEM DISSIMULAR SEU APOIO AO PATRONATO, AO FASCISMO!
Excelente
Esquerdistas não são anarquistas. Lulistas muito menos. Uma publicação desacertada que não colabora com a coherencia anarquista.