[Espanha] Radio Alegría Libertaria: Luis Marín. Flamenco anarquista.

Neste programa número 250 de La Alegre Corchea Libertaria, lhes trazemos o cantor e lutador revolucionário rondenho Luis Marín, e seu segundo disco: “El Anarquismo Andaluz” (1977).

Luis Marín nasce na localidade malaguenha de Ronda no ano de 1948. Ele mesmo conta que “comecei a cantar desde pequeno, eu creio que um pouco influenciado pelo ambiente familiar e da terra; já sabes que na Andaluzia existe a níveis populares como uma espécie de facilidade para a música e o ritmo”.

Quando completa dezesseis anos, sua família emigra a Madrid para tentar melhorar sua situação econômica, e se sedia no bairro de Vallecas, no Pozo del Tío Raimundo para ser mais exato.

Estuda na escola San Raimundo de Peñafort, onde conhece o Padre Llanos. Este, ao saber que devido a seu status social não ia poder cursar mais estudos que esses, lhe proporcionam residência nos Jesuítas na Plaza Castilla. Uma vez instalado aí combina trabalho em Conservas El Triunfo e os estudos em direito e de medicina, que cursa ao mesmo tempo.

Em uma entrevista realizada por Francisco López Barrios para a revista Triunfo, em um artigo intitulado “Luis Marín: El anarquista andaluz“, conta que em Vallecas “Os problemas de desenvolvimento, os problemas de adaptação, o ver uma realidade urbana e proletária tão absolutamente dramática aceleraram minha tomada de consciência. Cantar se converteu em algo cheio de conteúdo, algo que me podia servir como ferramenta ou como veículo de expressão de todos estes problemas que eu via a meu redor”. Filia-se à Organização Revolucionária de Trabalhadores (ORT) e atua ali onde se o solicitam, em quantos atos de protesto foram necessários.

Musicalmente pertenceu ao que poderia qualificar-se como o flamenco crítico e reivindicativo. Durante sua curta trajetória como criador gravou dois discos que não deveriam perder-se no esquecimento, posto que são duas interessantíssimas crônicas cantadas de nossa história mais recente, e, em particular, da história de Andaluzia.

“Por fim, pude gravar meu primeiro disco “Cantata de Andaluzia”, em 1976, ainda que apenas tive repercussão porque o proibiram no rádio, etcétera”.

A “Cantata de Andalucía” de Luis Marín foi publicada no selo “Gong”, de Movieplay, produzida por Gonzalo García Pelayo. Dita cantata foi escrita por Andrés Sorel – que também participou nas partes narrativas do disco– e conta com as colaborações de Andrés Sorel nos textos e recitados, de Perico o do Lunar. Inclui versos de Rafael Alberti, Miguel Hernández, Carlos Álvarez ou Bertolt Brecht. Por sua parte Luis lhe pôs música, interpretando-a acompanhado na guitarra por Perico o do Lunar.

Em 1977 Luis gravou seu segundo LP muito na linha do anterior. Foi a obra intitulada: “El anarquismo andaluz“, produzido, novamente, por Gonzalo García-Pelayo e publicada também por Movieplay, fazendo parte de uma histórica coleção discográfica chamada genericamente “Nuestra Palabra“.

Sua ideia inicial era fazer um álbum conceitual sobre a história do anarquismo andaluz, mas, pela duração do LP, foi inviável. Mais tarde contacta com Antonio María Calero, professor de história contemporânea na Universidade Autônoma de Madrid, para explicar-lhe suas intenções, e assim lhe pudesse orientar sobre as circunstâncias gerais do anarquismo andaluz, fazendo especial ênfase nos episódios mais importantes. O resultado final é um álbum com uma parte cantada, e outra puramente narrativa, respaldada por um ambiente musical criado por Carlos Cárcamo (Granada). Os leitores dos textos foram Elvira Menéndez, Juan Ramón Pérez, Primitivo Rojas e José María Alvarado.

Em 1978 Luis falece ao ser atropelado quando regressava à casa de noite. Ainda que sua morte sempre estivesse rodeada de estranhas circunstâncias. Como comenta no blog Barrio de la Trinia uma pessoa com quem estudo, “naquela ocasião e ainda hoje pensamos que não foi um atropelamento e sim algo pior. (Se comentava que poderia ter sido com um taco de beisebol ou algo parecido)”.

Na web da ORT contam também que Luis Marín, na idade de 29 anos, quando estava conseguindo estabilizar sua vida em Madrid, certa noite, na saída do cinema em companhia de sua namorada, em pleno Paseo de la Castellana, morreu atropelado, segundo dizem as crônicas, por um carro lançado a grande velocidade. A imprensa da época foi pouco explícita no modo da morte de Luis. Nunca se soube se foi um acidente ou um assassinato político. Não houve detidos nem culpados. Tampouco se conheceram outros detalhes de sua morte, que só circularam pelos ambientes íntimos do artista rondenho.

O cadáver foi exposto no Hospital de San Carlos e foi impressionante a quantidade de público que foi para se despedir, sobretudo moradores do Pozo de Tío Raimundo e Vallecas, assim como cantores, músicos, artistas, e militantes da ORT.

Vamos passar a escutar seu segundo disco, “El Anarquismo Andaluz” (1977). Os leitores dos textos foram Elvira Menéndez, Juan Ramón Pérez, Primitivo Rojas e José María Alvarado. Estes são os temas que o compõem:

01.- El pájaro herido (tientos)
02.- Somos el futuro (zambra)
03.- Por luchar por la verdad (fandangos)
04.- Si no hay un pueblo detrás (martinete)
05.- Soy viento de libertad (peteneras)
06.- En un mar revuelto (tangos)
07.- Los Hijos de Los Mineros (Taranta)
08.- Que tu clase no es la mía (Fandangos de Sta. Bárbara)
09.- Desde los tiempos de Adán (garrotín)

>> Escute o programa aqui:

https://alegrialibertaria.org/wp/luis-marin-flamenco-anarquista/

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Tarde de sol,
o armador da rede
range devagar.

Luiz Bacellar

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