
Segue o discurso feito no palco antes do show (pra quem não estava) e algumas fotos.
Olá a todxs e obrigadx por estarem conosco esta noite.
Antes de começar, queríamos agradecer às Officine Sociali por receberem este evento, ao Muro del Canto, ao Mister X e à Miss Deesaster pelo DJ set, à Roberta pelo som, e a todxs que de alguma forma nos apoiaram.
Como sabem, hoje celebramos 80 anos desde a fundação do nosso grupo em 1945. Naquele ano, companheiros e companheiras que viveram décadas de ditadura fascista – mantendo a luta de formas diversas, muitas vezes pagando um preço alto – reuniram-se para retomar os fios da militância.
Uma longa história, a do grupo, que vocês podem conferir na última edição do [jornal] Germinal.
Décadas depois, seguimos aqui teimosamente defendendo as ideias de liberdade, igualdade e solidariedade.
Nosso Grupo é parte inseparável da história desta cidade. Resistiu ao tempo, renovou-se geração após geração – sem santos no céu nem apoios de cima – graças à participação direta (seja constante ou pontual) de tantxs que ao longo dos anos se identificaram com o discurso anarquista.
Mas o que é o anarquismo para nós?
Para nós, anarquismo é sinônimo de organização: assembleias horizontais, de baixo para cima, sem hierarquias.
É autogestão, é autofinanciamento – assim como o evento de que vocês participam hoje. Por isso, convidamos todxs a serem generosxs!
Anarquismo é ação direta, é ação coletiva, contra toda forma de delegação ou atalhos ilusórios institucionais.
Nesses 80 anos, fizemos uma porção de coisas e, com certeza, também cometemos erros. Promovemos e participamos de incontáveis lutas. Em muitos casos, perdemos; vez ou outra, conquistamos algumas vitórias.
Mas qual é, hoje, o sentido do anarquismo? Da luta por um mundo diferente?
O sistema social, econômico e político em que vivemos mostra, dia após dia, sinais de uma crise irreversível que já ameaça a própria vida no planeta.
As guerras são uma realidade brutal no nosso presente.
Nossas cidades estão cada vez mais militarizadas, controladas, moldadas apenas para servir ao turismo de massa.
A repressão social e política cresce exponencialmente.
Fronteiras e muros se erguem cada vez mais, seguindo ceifando vidas – da rota balcânica àquele cemitério a céu aberto chamado Mediterrâneo.
Mesmo que o mundo pareça ir na direção oposta, e que nenhuma alternativa radical pareça possível no horizonte, seguimos teimosamente acreditando que uma sociedade de pessoas livres e iguais, solidárias e autônomas, sem Estados e sem fronteiras, não só é possível, como é a única utopia pela qual vale a pena lutar.
Nesse sentido, nosso pensamento vai para todas as lutas ao redor do mundo que buscam mostrar que é possível viver de outro jeito: do Rojava ao Chiapas, das ZADs (Zonas a Defender) aos momentos mais intensos da luta no Vale de Susa (Valsusa) contra o TAV (Trem de Alta Velocidade), e tantas outras.
Sabemos que nossa proposta política não é simples e que o trabalho pela frente é imenso.
Mas também sabemos que algumas coisas já podem ser feitas agora: criar espaços de autogestão e socialidade não mercantilizada nos bairros, promover redes de solidariedade e apoio mútuo, expor as atrocidades das instituições, combater passo a passo os mil projetos nefastos de devastação do território, do meio ambiente e dos serviços públicos.
Não nos deixemos vencer pela resignação e pela passividade! Vamos colocar em ação nossas inteligências e nossas paixões. Nós faremos nossa parte.
Queremos terminar com uma saudação e uma dedicatória.
Queremos saudar o companheiro “Stecco”, preso na cadeia de Sanremo e condenado a longos anos de detenção por sua militância anarquista. Com o Luca, percorremos um trecho do caminho juntos, e nunca faltaram solidariedade e apoio. Convidamos vocês a escreverem para ele: peçam o endereço em nossa bancada.
Por fim, queremos dedicar esta noite a Alessandro Morena, companheiro da região de Isonzo, falecido há algumas semanas. Recordamos todas as companheiras e companheiros que vieram antes de nós e que já não estão aqui. Se estamos aqui, se vocês estão aqui, devemos isso a eles também.
Por eles também, continuaremos a fazer o possível e a espalhar a plenos pulmões as sementes da anarquia!
Grupo Anárquico Germinal
Fonte: https://germinalts.noblogs.org/post/2025/06/30/grazie-a-tutt-80-anni-di-anarchia/2/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
Subo a ladeira.
A pata-de-vaca florindo
timidamente.
Yara Shimada
entra neste site: www.imprimaanarquia.com.br
Parabéns, camarada Liberto! O pessoal da Ana poderia informar como adquirir a obra. Obrigada!
Obrigado pela traduçao
Oiapoque/AP, 28 de maio de 2025. De Conselho de Caciques dos Povos Indígenas de Oiapoque – CCPIO CARTA DE REPÚDIO…
A carta não ta disponível