
Nesta quinta-feira (21/08) a polícia de Milão despejou o centro social ocupado Leoncavallo, um símbolo da cultura alternativa e do protesto. Centenas de policiais, incluindo forças especiais, participaram do despejo e ruas inteiras foram bloqueadas nas redondezas do imóvel.
O centro social “Leoncavallo” — um espaço para música, arte, cultura, organização política e debate — surgiu em 1975, em uma área abandonada na rua Ruggero Leoncavallo e ocupada por movimentos revolucionários. Em 1994, o grupo se transferiu para uma antiga fábrica de papel desativada pertencente à família Cabassi, onde estava desde então.
“Estou triste”, disse o poeta local Olmo Losca em uma postagem no Facebook, descrevendo o centro como “um lugar que oferecia a muitas pessoas diferentes momentos de convívio, sempre aberto a migrantes e pessoas vulneráveis, desempregados, famílias destruídas pela pobreza”.
Fontes próximas ao centro atribuem o despejo ao antagonismo político por parte do governo de extrema direita da Itália — particularmente do ministro do Interior, Matteo Piantedosi, um político aliado da Liga Norte, e do presidente neofascista do Senado, Ignacio La Russa, residente em Milão. A primeira-ministra Georgia Meloni falou favoravelmente do despejo na mídia nacional.
No início deste ano, um tribunal italiano decidiu que o centro social ou o ministério deveriam pagar uma indenização de 3 milhões de euros aos proprietários do imóvel onde o centro estava localizado. No entanto, os ativistas receberam garantias de que nenhuma ação seria tomada até 9 de setembro. Acredita-se que o horário da madrugada, em pleno verão, tenha sido escolhido para o despejo devido à expectativa de pouca resistência.
A surpresa do despejo teria pegado de surpresa tanto o município quanto os ativistas, com o prefeito de Milão oferecendo um local alternativo para o centro — embora, segundo os ativistas, se trate de um terreno tóxico.
Apoiadores do centro social expressaram sua decepção e preocupação com a perda de um espaço de encontro e expressão cultural. “Isto é um ataque à liberdade de expressão”, declarou um porta-voz de Leoncavallo, enquanto alguns ativistas se reuniram perto do centro para protestar contra o despejo.
“Os verdadeiros problemas do país estão em outro lugar, mas eles preferem atacar espaços simbólicos e alimentar a ideia de uma mentalidade única”, disse o ativista Alex C. “Porque não se trata apenas do fechamento de um lugar: é a perda de oportunidades, de escolhas, da consciência de que algo ‘diferente’ pode existir além do que a TV e o sistema impõem”.
“Sentimos dor e raiva”, disse Marina Boer, porta-voz da associação de mães do Leoncavallo. “Esse sentimento confirma o quanto nossas ideias são boas. O Leoncavallo não pode acabar assim. Encontraremos um caminho a seguir, porque a cidade precisa de espaços culturais. Ela não pode ser apenas um deserto de arranha-céus”.
agência de notícias anarquistas-ana
No olho do furacão,
um pássaro canta
sem dono do vento.
Liberto Herrera
Um resgate importante e preciso. Ainda não havia pensado dessa forma. Gratidão, compas.
Um grande camarada! Xs lutadores da liberdade irão lhe esquecer. Que a terra lhe seja leve!
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