Panorama do movimento libertário na França

Por Jean-Louis Phan-Van

Em que ponto está o movimento libertário na França? Vamos procurar dizê-lo, sem ideias-feitas.

Para começar, evoquemos as organizações específicas nacionais, começando pela mais antiga, a Fédération Anarchiste, que agrupa algumas centenas de militantes. Possui vários locais de acesso público entre os quais a famosa livraria ‘Publico’, local de passagem para camaradas estrangeiros, edita o mensário Le Monde Libertaire e gere a ‘Radio Libertaire’. Em seguida, existem duas organizações de tendência comunista libertária: a UCL (Union Communiste Libertaire) sem dúvida com um número de militantes semelhante, que edita também um jornal mensal, Alternative Libertaire.

Finalmente, existe a OCL (Organisation Communiste Libertaire), a mais pequena, apenas com algumas dezenas de militantes e que edita um mensário anarquista-comunista: Courant Alternatif.

Mas existem também grupos anarquistas não federados, que animam um local público ou uma publicação, de que são exemplos o Grupo Jules Durant, no Havre, ou a Biblioteca ‘Libertad’ em Paris.

É preciso também não esquecer os sindicatos CNT (Confédération National du Travail): a CNT-AIT, a CNT-F e a CNT-SO, que são mais ou menos anarquistas. Note-se, contudo, que só a CNT-SO se encontra realmente implantada num sector trabalhador, o da limpeza, onde conduz greves longas e duras. Há ainda outros sindicalistas libertários, que atuam mais frequentemente nos sindicatos SUD, mas também na CGT e alguns na FO.

Encontramos também libertários muito envolvidos na luta antifascista, sendo as nossas livrarias frequentemente alvos dos fascistas. E não esqueçamos a existência de Casse-rôles, jornal feminista e libertário, que já vai no nº 32.

Finalmente, no que toca ao ativismo dos libertários, eles estão presentes em todas as lutas ecologistas, que são numerosas. Assinala-se a presença de bandeiras negras ou vermelho-negras, ou ainda verdes, nas concentrações ou nas ZAD (Zone À Défendre – contra a instalação de indústrias agressivas do ambiente) que nascem conforme as lutas efémeras ou prolongadas, com a presença de ativistas jovens que correm de luta em luta.

Além disto, tem-se notado de há certo tempo para cá algum investimento de anarquistas na compra ou aluguer de lojas em diversas cidades da França, como aconteceu em Lyon, Metz, Saint-Nazaire, Marseille, Laon, Paris, Rennes, Lorient, etc. Existem também dois CIRA (Centre International de Recherches sur l’Anarchisme) no país: em Marseille e Limoges. Outras bibliotecas ‘anarcas’ ou centros de arquivos também existem, como acontece em Toulouse (CRAS) ou em Montpellier (Ascaso-Durruti).

A presença de uma influência anarquista na França é também detectável através da edição livreira que, nos últimos anos, registrou uma evolução notável e visível. Existem diversos editores: os Ateliers de Création Libertaire, Acratie, L’Échappée, Nada, Éditions Libertaires, Noir et Rouge, etc., cujos livros se podem encontrar em quase todas as livrarias da França. A isto deve ainda acrescentar-se a edição de autores anarquistas antigos ou contemporâneos pelas casas editoras clássicas.

Um último indicador – mas apenas referente a Paris – é a manifestação autónoma dos libertários em cada Primeiro de Maio, que junta sempre cerca de mil manifestantes, e às vezes mais, conforme os temas da atualidade.

Em conclusão, podemos dizer que os anarquistas mantêm-se sempre presentes, embora dispersos por várias capelinhas, geralmente locais. São hoje claramente menos federados nacionalmente mas estão presentes em todos os movimentos sociais que sacodem regularmente a sociedade francesa e cujas reivindicações sociais e a democracia direta só podem agradar-nos.

Fonte: https://aideiablog.wordpress.com/2025/09/06/panorama-do-movimento-libertario-em-franca-por-jean-louis-phan-van/

agência de notícias anarquistas-ana

noite gelada –
a criança ajeita o gato
nos pés descalços

Rosa Clement

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