Lula defende exploração petrolífera e BR-319 na Amazônia

“Queremos preservar a Amazônia não como intocável, mas que seja explorada, por mar ou terra, de forma mais responsável possível”

O presidente Lula deixou claro: seu governo vai explorar combustíveis fósseis na Foz do Amazonas e também asfaltar a BR-319, a estrada que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO). Segundo Lula, os projetos – que já causam impactos socioambientais no Amapá e no Amazonas mesmo antes de saírem do papel – serão feitos “de comum acordo com ambientalistas”. Ambos os projetos são criticados por especialistas em clima e meio ambiente e por organizações da sociedade civil.

Lula confirmou os projetos em entrevista na 3ª feira (09/09) à Rede Amazônica. No caso da rodovia, o governo Lula vai anunciar um “acordo definitivo” ainda neste mês para as obras, que serão feitas com “responsabilidade ambiental”.

“A gente vai fazer a BR-319. Não pode fazer a BR e dois meses depois ter desmatamento, queimada, criando gado e plantando soja onde não pode. Vamos fazer a BR-319 e vamos fazer de comum acordo com os ambientalistas, com os que precisam da estrada e, sobretudo, para atender duas capitais que não podem ficar isoladas, como ficam Porto Velho e Manaus”, disse Lula.

A BR-319 tem cerca de 800 km de extensão. Construída na ditadura militar, a estrada é considerada por cientistas e ambientalistas uma das maiores ameaças à Floresta Amazônica, por dar acesso a uma das áreas do bioma mais conservadas. Um levantamento do Observatório do Clima mostrou que somente a expectativa de asfaltamento da estrada fez a taxa de desmatamento crescer 122% entre 2020 e 2022 nos municípios que margeiam a rodovia.

Sobre a Foz do Amazonas, não é surpresa a defesa de Lula à busca por combustíveis fósseis na região. Agora, porém, ele falou que vai “explorar” petróleo, ao invés de “pesquisar”. Desde que o IBAMA negou a licença para a Petrobras perfurar um poço no bloco FZA-M-59 no litoral do Amapá em abril de 2023, os defensores do projeto tentaram transformar a exploração em “pesquisa” para diminuir a resistência ao projeto. Não adiantou.

“Nós queremos preservar a Amazônia não como uma coisa intocável, mas que ela seja explorada, seja por mar e por terra, da forma mais responsável possível, porque nós sabemos o que é cuidado com a Amazônia. Nós vamos explorar o petróleo, mas o que estamos fazendo é cumprindo etapas.”

Mais uma vez Lula disse que a Petrobras tem experiência em águas profundas sem ter incidentes – mas a P-36, plataforma que afundou no litoral do Rio de Janeiro em março de 2001 após uma explosão deixando 11 mortos, era da Petrobras. E que a exploração do combustível fóssil é “importante” para o Brasil. Será que os dividendos da Petrobras e os royalties pagam o crescente custo dos eventos climáticos extremos no país? A conferir.

O presidente defendeu a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva: “Às vezes as pessoas jogam a culpa para cima da Marina, a Marina ficou 15 anos fora do governo, portanto, se não foi feito, não culpe a Marina. A Marina nunca diz que é proibido fazer, ela quer discutir como fazer as coisas. Se fizer bem feito, é melhor para todo mundo”.

Fonte: ClimaInfo

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No fim do poema,
uma pergunta sem donos:
“Quem precisa de amos?”

Liberto Herrera

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