Vamos Bloquear Tudo! 10 de setembro, França | Uma breve atualização sobre os protestos de 10 de setembro em Paris e na França.

Desde o amanhecer, em dezenas de cidades francesas, o movimento “Bloquons tout” (Vamos Bloquear Tudo”) começou com o objetivo de fechar as rodovias ao redor das cidades e bloquear o trânsito. Em algumas regiões, isso foi alcançado fechando completamente estradas, rodovias e até cidades inteiras, enquanto em Paris, tentou-se bloquear o anel viário que separa Paris dos subúrbios. Os policiais estavam de prontidão, com 80.000 policiais espalhados em todo o país. A partir das 6h, começaram os bloqueios de lojas/empresas/supermercados como o Carrefour (também alvo em solidariedade à Palestina), estações de trem e escolas de ensino médio, em centenas de lugares. A ordem dos policiais era intervir imediatamente nos pontos de bloqueio, com espancamentos e prisões (mais de 500 prisões em todo o país).

É claro que as forças de repressão em muitos pontos se viram desorganizadas e surpreendidas pelo movimento, encontrando resistência e contra-ataques. Muitos dos bloqueios duraram horas, até o dia inteiro, enquanto outros foram rapidamente dispersos, transformando a “retirada” em passeatas espontâneas e alvos alternativos. As pessoas permaneceram nas ruas do amanhecer ao anoitecer, interrompendo a normalidade por todos os meios, desde fanfarras a confrontos. Algumas ações interessantes foram:

– O bloqueio do colégio Hélène Boucher, em Paris. Os estudantes do ensino médio entraram em confronto com a polícia, juntando-se à marcha espontânea que começou no anel viário de Montreuil, onde dezenas de barricadas foram montadas no início da manhã.

– O bloqueio de uma fábrica que produz peças de armas para Israel em Marselha – Sabotagem de antenas em Toulouse – O ônibus queimado – barricada em Rennes.

– O bloqueio das estações centrais de trem em Paris Gare du Nord e Gare de Lyon.

– O fechamento da estação Halles e de um shopping center no coração de Paris, o que pode ter acontecido por ordem da polícia, já que o local estava lotado de pessoas.

O interessante é que essas mobilizações mantêm um caráter espontâneo, não integrado às políticas dos sindicatos e da esquerda, que, ao mesmo tempo, têm feito o trabalho de pacificação social e de extinção de incêndios dos movimentos rebeldes. A multidão, composta por muitos jovens e pessoas que escapam à estrutura dos partidos, está voltando sua atenção e se auto-organizando por meio de assembleias abertas.

O modo de ação do movimento de 10 de Setembro concentra-se nos pontos de bloqueio, mas espalha-se pela cidade com muitas marchas espontâneas que conectam os pontos no mapa. A cultura da manifestação selvagem, isto é, marchas que surgem da vontade do povo de ir às ruas, são criadas pelo ímpeto da multidão em direções desconhecidas e com o objetivo de muitas vezes criar o máximo de caos possível até que as forças da repressão intervenham, infelizmente, desde o início. Essas marchas ocorreram durante todo o dia em Paris, como a que ocorreu no centro de Paris na tarde de quarta-feira. Dezenas de milhares de pessoas se moveram pelas ruas principais com um único pulso, e à medida que a multidão crescia, também crescia o barulho, os incêndios aumentavam e as vitrines das lojas não tinham escolha a não ser destroçadas. Enquanto as pessoas saltavam sobre as barricadas em chamas, os policiais preparavam seu gás lacrimogêneo para repelir a multidão.

No final da tarde, milhares de pessoas se reuniram na Place des Fêtes, onde, apesar da chuva, foi realizada uma assembleia aberta que decidiu bloquear a Porte de Lilas, uma artéria urbana para os subúrbios, durante a noite. O grande incêndio no meio da praça levou alguns anárquicos (ou até mesmo bêbados) a saírem às ruas em uma procissão “selvagem”, onde todas as lixeiras em seu caminho foram viradas, materiais de construção encontraram seu devido uso e as janelas de bancos, supermercados e imobiliárias foram quebradas. Moradores do bairro saíram às ruas gritando e atirando objetos nos policiais que lentamente cercavam a praça.

Os canais televisivos com seus comentários clássicos minimizaram o número de manifestantes, numa tentativa de silenciar o movimento. Os tribunais lotaram no dia seguinte, liberando a maioria das pessoas e aplicando pesadas multas, uma tática sem precedentes. A partir do dia seguinte, as assembleias abertas nos bairros e cidades lotaram, com centenas de pessoas que continuaram a propor ações criativas para os dias seguintes, até a convocação da greve geral em 18 de setembro.

Este movimento ainda não tem certeza de suas posições políticas, já que as opiniões variam da mudança de governo à queda do Estado. No entanto, os meios utilizados até agora são certamente a auto-organização, a espontaneidade, a imaginação ou a destruição, com o objetivo de bloquear o país.

VAMOS BLOQUEAR TUDO!
LIBERDADE NA PALESTINA
FODA-SE O MACRON, NÃO QUEREMOS PODER NENHUM.
Zbeul partout!

Compas anarquistas

> Foto: “Kyriakos X. Presente”. Escrito em uma janela quebrada de banco.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1637570/

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agência de notícias anarquistas-ana

Não há céu nem terra,
apenas a neve
caindo sem parar.

Issa

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