COP30 pra quem, hein meu povo?

Vamos conversar aqui sobre essa grande farsa, as contradições do governo Lula, o protagonismo do agronegócio, os superfaturamentos e principalmente a exclusão dos povos originários.

Por Gi Stadnicki | 05/11/2025

COP30: a farsa verde do capital e do governo Lula

A Conferência virou vitrine pra lucros, mas não pro povo, ok?

A COP30, anunciada como o “grande marco verde do Brasil”, chega com uma promessa de protagonismo internacional pro Brasil… Mas por trás dos slogans e das imagens aéreas de Belém, o que se monta é um teatro político e corporativo: Temos um megaevento que vende sustentabilidade e entrega lucro, fala em salvar o planeta e reforça os mesmos modelos que o destroem…

Patrocinadores do desastre

Empresas gigantes do agronegócio, mineração, petróleo e energia — responsáveis diretas por desmatamento, contaminação de rios e expulsão de comunidades — são estas que financiam, expõem suas marcas e ocupam os espaços centrais da COP. Essas corporações, que lucram com a destruição ambiental, agora se vendem como “parte da solução”!!

É o greenwashing¹ em escala global: quem mata a floresta aparece como guardião da natureza! A COP30 se tornou um palco de marketing para multinacionais que trocam vida por logotipos.

O agronegócio no comando

O “agro” chega à COP com estande próprio, discursos prontos e cifras bilionárias!! Apresenta-se como moderno, “sustentável”, tecnológico.

Traduzindo: Continua sendo o maior vetor de desmatamento da Amazônia; Mantém trabalho escravo em fazendas; Avança sobre territórios indígenas e quilombolas; Consome a maior parte da água do país.

O agronegócio não foi convidado à COP — ele a capturou, obviamente com todo aval do Governo Federal, como sempre. Transformou o evento em feira de negócios, em vitrine internacional de “soluções verdes” que só disfarçam a continuidade do lucro sobre a destruição.

O governo Lula e suas contradições

O governo se apresenta ao mundo como “líder climático”, mas os números e as decisões mostram outra coisa: Apoio a megaprojetos extrativistas (como petróleo na Margem Equatorial); Ministérios divididos entre ambientalistas e ruralistas; Ibama enfraquecido por cortes e interferências políticas; Licenças ambientais flexibilizadas em nome do “progresso” e da “inclusão produtiva”.

Tudo isso enquanto o governo vende a imagem de “novo guardião da Amazônia”, mantendo a lógica desenvolvimentista que trata a floresta como estoque de riqueza a ser explorado. É a velha política com nova embalagem verde.

Belém sitiada: o colapso da hospedagem

A cidade que deveria acolher o mundo se transformou num mercado de exploração.

Os preços de hospedagem explodiram de forma escandalosa: Diárias saltaram de R$ 200 para mais de R$ 10 mil; Hotéis e casas populares estão sendo reservadas por meses e revendidas a preços absurdos; Comunidades locais estão sendo expulsas temporariamente para abrir espaço a turistas e diplomatas.

Enquanto o discurso é de “participação global”, na prática, a COP virou um evento para ricos, ONGs milionárias e corporações. A população de Belém, que deveria ser protagonista, foi transformada em mão de obra, plateia ou obstáculo…

Os povos originários ficaram de fora!!

Nenhuma política climática é legítima sem os povos que preservam a floresta há milênios. Mas na COP30, eles não estão no centro — estão nas margens.

As denúncias se acumulam: Falta de passagens, hospedagem e alimentação para delegações indígenas; Credenciamentos negados ou limitados; Espaços segregados, como a chamada “Aldeia COP”, longe das salas de decisão;

E o mais grave: ausência de voz real nas mesas onde se define o futuro de seus territórios. Enquanto executivos e ministros discursam em palcos climatizados, líderes indígenas enfrentam barreiras financeiras e políticas para sequer chegar à conferência. A floresta — tema central da COP — fala, mas ninguém ouve.

A farsa política do discurso verde

O que se chama de “governança climática” virou mercado de compensações. Empresas poluidoras pagam para continuar poluindo e governos lucram politicamente vendendo a ideia de “neutralidade de carbono”…

Na prática, a COP30 serve para: Legitimar negócios de crédito de carbono, altamente lucrativos e pouco eficazes; Absolver grandes poluidores, que compram sua própria imagem limpa; E blindar governos que dizem combater o desmatamento, mas mantêm o extrativismo e o agronegócio intocados.

Belém como símbolo do modelo colonial

É simbólico que a COP aconteça na Amazônia — o território mais explorado e saqueado da história brasileira. Mas o que se vê é a repetição da lógica colonial: Elites políticas e empresariais chegam de fora, montam suas estruturas, exploram a imagem da floresta, e saem deixando pouco ou nada de legado real para o povo local… O que deveria ser um encontro de reconstrução planetária virou um evento de espetáculo. A Amazônia vira cenário, e o povo amazônida, nem mesmo figurante!! Concluindo: o planeta como palco, o capital como protagonista!!

Enquanto o espetáculo se desenrola…

As florestas queimam,

Os rios morrem,

Os povos são ignorados,

E o mundo aplaude os (ir)responsáveis — dentro de seus belos salões com ar-condicionado…

E mais: Helder Barbalho, governador do Pará, não é um ambientalista, é um político do agronegócio e da mineração!!

Apesar do discurso “verde”, o governo do Pará é sustentado por grandes mineradoras, madeireiras e empreiteiras — justamente os setores que mais destroem o território amazônico. O Pará é campeão de desmatamento e queimadas há anos consecutivos. O governo estadual concede licenças ambientais irregulares para megaprojetos extrativistas e não fiscaliza a grilagem e o garimpo ilegal. Helder posa de “protetor da Amazônia”, mas é parceiro de Vale, Alcoa e grandes grupos estrangeiros que devastam a região.

ACORDA MEU POVO!!!!!

Denunciar é resistir!

A verdadeira luta climática não está na COP, está fora dela!! É nas aldeias, nas comunidades ribeirinhas, nas periferias urbanas, nas mulheres que defendem suas águas e seus corpos!

Enquanto o capital sequestra a pauta ambiental, cabe à sociedade denunciar a farsa, romper o silêncio, exercer de fato a função de cuidar da nossa casa comum.

[1] O que é Greenwashing?

Greenwashing é uma estratégia de marketing enganosa usada por empresas para parecerem mais sustentáveis e ambientalmente responsáveis do que realmente são. A prática envolve a promoção de produtos, serviços ou a própria empresa como “verdes” através de publicidade falsa ou exagerada, sem que as ações concretas de sustentabilidade sejam significativas ou inexistentes. 

Como funciona:

▪️ Marketing falso: Empresas criam campanhas que focam em apelos emocionais de sustentabilidade para atrair consumidores preocupados com o meio ambiente.

▪️ Informações enganosas: Usam rótulos falsos, afirmações vagas em relatórios de sustentabilidade ou exageram a veracidade de uma pequena ação verde para criar uma imagem positiva.

▪️ Oculta a verdade: O objetivo é criar uma imagem de responsabilidade ambiental sem mudar significativamente seus processos de produção ou ter um impacto positivo real no meio ambiente.

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