
O anarquismo busca soluções radicais, ou seja, de raiz, a problemas que são também profundos, mas isso não significa que não se deva responder atuando, ao mesmo tempo, com soluções pontuais. Sobretudo se estas não contrariem os objetivos da intervenção anarquista sobre um território, se não geram uma acomodação ao dado, por exemplo. Nesse sentido é que uma vez ou outra dizemos aos progressistas que suas propostas eleitoreiras criam novas castas e que em nada vão acabar com a sociedade das desigualdades e que criam, ainda mais dificuldades para uma sociedade auto-organizada e sem parasitas. Essas formas e não a intervenção concreta e generalizável são as do possibilismo que devemos atacar.
Desde nossas fileiras, frente ao canibalismo social, frente à generalização da indiferença que os meios capitalistas impõem diariamente, apostamos em subir a aposta dizendo que ninguém deve estar só, que quando há auto-organização ninguém fica só. Em todas as partes do mundo são muitos os exemplos de solidariedade que se alcançam entre iguais e que superam a ordem do capitalismo de que a vida é uma guerra e que cada um deve salvar a si mesmo. Nós, os anarquistas não inventamos isso, mas o potencializamos para que supere a invisibilização que se impõe.
Alguns exemplos de anarquistas dando a cara em partes muito diferentes do mundo são os das ondas populares. Em Atenas, por exemplo, existem várias estruturas levadas por companheiros que preparam e compartilham comida. Nas imagens abaixo, lhes mostramos a da chamada “cozinha social” do centro social Blok 15. Após a crise econômica que se mantêm no país, que não é outra coisa que uma reestruturação do capitalismo, os companheiros saíram para dar sua contribuição revolucionária em todas as facetas do enfrentamento ao poder. É assim que na cidade grega funciona mais de uma estrutura de alimentação autogestionada onde os anarquistas intervém contra a fome do capitalismo.
Também em Montevidéu, sobretudo, após o Covid, a alimentação de muitas pessoas se viu tremendamente ressentida e foi assim que surgiram ondas populares. Em muitas participam ou foram criadas diretamente por companheiros anarquistas. Três ondas populares, por exemplo, foram as que levaram adiante esta semana a manifestação chamada “o panelão” no centro da cidade. Como parte de um projeto de auto-organização anarquista mais amplo, o Merendeiro ácrata do bairro Cordón, faz das suas preparando e distribuindo merendas no centro da cidade. A diferença mais notável com outros lugares é a aposta dos anarquistas para que todos os processos sejam autogestionados, sem relação alguma com o Estado e que todas as pessoas se envolvem o quanto possível. Os anarquistas especialmente buscam romper as relações de caridade e lucro para que a solidariedade seja parte de projetos amplos de ruptura com o egoísmo organizado do sistema.
As práticas éticas, relacionais, coletivas potencializam a anarquia como uma força no presente. Os projetos devem fortalecer-se junto a outros para tornarem-se mais amplos e profundos. Responder, responder e responder cada vez melhor deve ser a bandeira contra o capitalismo.
Tradução > Sol de Abril
agência de notícias anarquistas-ana
A ética nasce
do apoio mútuo, não
de tábuas de pedra.
Liberto Herrera
Nossas armas, são letras! Gratidão liberto!
boa reflexão do que sempre fizemos no passado e devemos, urgentemente, voltar a fazer!
xiiiii...esse povo do aurora negra é mais queimado que petista!
PARABÉNS PRA FACA E PRAS CAMARADAS QUE LEVAM ADIANTE ESSE TRAMPO!
Um resgate importante e preciso. Ainda não havia pensado dessa forma. Gratidão, compas.