[Argentina] Promessa e abraços do inimigo

Nós trabalhadores, nestes últimos anos temos tido cada vez mais, as piores condições laborais e também longos períodos de desemprego ou excesso de trabalho, sendo estes uns dos maiores problemas em todo o território. Neste período em que nosso salário se pulveriza cada vez mais e as necessidades básicas da vida como moradia, alimentos e roupa são inacessíveis para qualquer família trabalhadora, temos várias gerações que para chegar ao fim do mês têm que trabalhar em excesso.

Em diferentes estatísticas e estudos sobre emprego e desemprego no último semestre, são apresentados números que ninguém acredita ou, pelo menos, que não correspondem à realidade dos que andam pelas ruas. Dizem que CABA [Buenos Aires] é o menos afetado em desemprego ou perda de postos de trabalho, e que os setores mais prejudicados são os empregados dos setores públicos, obras públicas, comércios e alguns setores de transporte.

Hoje as ruas da Cidade de Buenos Aires estão repletas de famílias vivendo na rua, onde sofrem os desalojos e a mão dura de um governo que quer “limpar as ruas” com campanhas nefastas do “antes e depois” festejando o fato de tirarem os colchões e as poucas coisas que estas pessoas têm. Vemos negócios desfeitos ou seus espaços para alugar por causa do baixo consumo, o transporte já é um luxo, pelo que não se pode evitar de pular catracas e o aumento do uso de bicicletas. O acesso ao aluguel é quase impossível pelo negócio imobiliário e assim podemos continuar com uma lista enorme de ajustes.

Nos últimos meses, o epicentro da Argentina está marcado por repressão e hostilidade para com os trabalhadores. Ninguém pode negar o que vivemos dia a dia, tendo maior carga laboral para chegar à primeira quinzena do mês. Com sorte!

Com o abraço do inimigo Ianque e a dívida que se incrementa às custas do nosso trabalho os meios de desinformação nos enredam em diferentes armadilhas, uma delas as reformas, laboral, previdenciária e tributária que surgem para o nosso povo. Hoje não se teme a reforma laboral já que somos um país que desde os anos 90 trabalhamos mais de 10h por dia, com horários rotativos, salários abaixo dos estipulados em acordos, contratos falsos (não registrados, monotributo, fora dos acordos, etc.) HOJE A REFORMA LABORAL NÃO ASSUSTA O TRABALHADOR! Já está naturalizada em nosso povo pelos anos de precarização nos quais vivemos e pela cumplicidade da cúpula sindical.

Muitas mais linhas poderiam seguir nesta nota, mas nosso desafio será voltar às bases, discutir com cada um de nossos compas que a realidade na qual estamos vivendo não pode seguir legitimada. Que a ingerência dos Ianques ou de qualquer governo com seus planos econômicos não é garantia de oportunidade, mas de maiores penúrias e fome para nós. E para quem hoje não tem a oportunidade de falar em seu local de trabalho, busquemos uma forma, nos organizando e atuando dentro das Sociedades de Resistência. Estas ferramentas, embora não sejam novas em termos históricos, sim, são novas para um movimento obreiro que neste século se cansou de ver um modelo sindical autoritário, corrupto e ineficiente.

O imperialismo, em qualquer de suas versões (Ianque, Criolo, etc.) não faz mais que perpetuar sistemas sociais com desigualdade. Nos negamos a colaborar com esta mentira. Seguimos crendo na solidariedade de classe e no porvir de um mundo sem oprimidos nem opressores. Certamente este discurso parece utópico, mas para nós, utópico é crer que este sistema perverso funcione de maneira justa.

Fonte: https://organizacion-obrera.fora.com.ar/2025/11/13/promesa-y-abrazo-del-enemigo/  

Tradução > Sol de Abril

agência de notícias anarquistas-ana

Manhã já vai alta —
Os beija-flores em bando
revoam no jardim…

Guin Ga Eden

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