
Por Gi Stadnicki | 25/11/2025
A COP30, como todas as anteriores, não findou com decisões com impacto efetivo diante da urgência climática. Há muita expectativa, mas COPs não têm poder de obrigar ninguém a nada. Lá se produzem acordos voluntários, sem mecanismos reais de punição caso tais expectativas não se concretizem.
Então, o padrão se repete: países prometem, multiplicam-se as selfies, e tome discursos e mais discursos, páginas e mais páginas de textos com ideias pra soluções, intencionalmente rasas. Com metas e mais metas traçadas que dificilmente serão cumpridas.
E pra piorar, bem pouca transparência pra que a população, a sociedade, entenda minimamente do que é tratado ali. Porque no capitalismo, há contas que nunca fecham. Afinal, as grandes economias continuam ditando as regras. E a regra fundamental delas é: crescimento econômico acima da vida. Isso significa manter petróleo, gás e mineração funcionando enquanto falam de “transição energética justa”…
Grandes negócios foram fechados. As mineradoras, as petroleiras e claro, o agro, foram as estrelas da festa, com toda liberdade, conforto e aval estatal pra priorizarem seus lucros.
O Brasil, inclusive sob o governo Lula, não rompe com esse modelo. Tudo se resumiu a “discursos bonitos”, a alguma presença indígena simbólica nos espaços VIP, mas:
• A realidade é que expandiu a extração e comércio de petróleo o ano todo;
• Defendeu “transição energética justa” sem tocar no lucro das petroleiras;
• Não apresentou plano concreto para extrair menos.
Ou seja: continuou jogando o jogo.
Os povos originários, quilombolas, ribeirinhos, camponeses, comunidades periféricas seguiram tendo que lutar cada vez mais, pressionando por direitos básicos, e sem participação à altura nas mesas oficiais.
Precisaram como sempre produzir um evento à parte, a Cúpula dos Povos, pois só assim tem a voz e o protagonismo que merecem, como os reais protetores do meio ambiente!
E que esse ponto aqui fique definitivamente bem esclarecido: qualquer avanço real pros povos indígenas e quilombolas, quando vem, vem à custa da forte e incessante pressão/luta histórica desses povos por seus DIREITOS, e não porque líderes políticos brancos decidiram fazer-lhes algum favor! Todo mérito é deles, que sempre souberam se organizar, enfrentar e resistir ao fim do mundo!
Infelizmente, diante de tudo isso, nos resta entender que o sistema internacional de proteção climática é construído para não funcionar. Por exemplo, as principais causas da emissão de gases de efeito estufa são: o agronegócio, o uso de agrotóxicos que destrói a biodiversidade, afeta o regime de chuvas e equilíbrio da natureza e o uso do petróleo no transporte individual.
Essas três causas apareceram no documento final? Foi elaborada alguma proposta concreta para enfrentar esses problemas? Não. Isso porque exigir medidas de proteção reais significa mexer em:
▪️ lucro de corporações,
▪️ modelo colonial de exploração,
▪️ consumo do Norte Global.
E eles não vão cortar voluntariamente o próprio privilégio.
A COP30 serviu para produzir manchetes, reforçar narrativas de compromisso e manter o teatro diplomático. Não alterou os fundamentos do problema: um sistema mundial movido pela lógica de extração infinita num planeta finito.
Nada de estrutural foi realmente resolvido, os combustíveis fósseis sequer foram mencionados nos documentos, portanto é de se concluir que realmente, as COPs não foram desenhadas para resolver e sim pra fazer o que o capitalismo faz de melhor: transformar absolutamente tudo e todos em espetáculo e produto.
agência de notícias anarquistas-ana
Sombra no mato
passarinho assovia —
avencas ao vento.
Mô Schnepfleitner
Obrigada por compartilhar! Tmj!
opa, vacilo, vamos corrigir... :^)
compas, ollas populares se referem a panelas populares, e não a ondas populares, é o termo usado pra quando se…
Nossas armas, são letras! Gratidão liberto!
boa reflexão do que sempre fizemos no passado e devemos, urgentemente, voltar a fazer!