Como é sabido, o Curdistão turco (Bakur em curdo) está vivendo várias semanas de guerra de baixa intensidade. Trata-se de um conflito, por um lado entre o Estado turco – liderado pelo partido nacionalista e islâmico AKP de Recep Erdogan – e o povo curdo e a esquerda turca por outro. O conflito começou sob o falso pretexto de combater o Estado Islâmico, que como se sabe opera há anos desde a Turquia, inclusive com a cumplicidade do próprio Estado turco. Portanto, essas operações contra os jihadistas têm levado a uma guerra aberta contra toda a oposição de esquerdas, tanto turca como curda.
Os grupos e organizações que assinamos este documento condenamos a repressão contra aquelas vilas, bairros e comunidades que se negam a viver sob um indigno regime opressivo. Nos inspira um profundo respeito a capacidade do movimento popular curdo e turco para levar a cabo uma valente resistência capaz não só de responder golpe por golpe aos ataques das forças armadas turcas, mas também para instaurar autogovernos populares onde conseguiram ter feito isso. Neste sentido são várias as cidades, vilas e bairros que proclamaram o autogoverno do povo como Varto, Silopi, Silvan, Cirze, Semdinli, Dogubayazit… e outros lugares que estão regidos por um povo que se nega a reconhecer a autoridade de governo do AKP, que pretende mudar a Constituição para dar plenos poderes ao presidente Erdogan.
Observamos que não necessariamente são autogovernos projetados para durar ao longo do tempo, mas que são bem conscientes que seu desafio será respondido com sanha pelo Estado turco. Em alguns lugares são assembleias, em outros são os partidos políticos curdos BDP e HDP, em outros são as guerrilha do movimento de libertação curdo HPG ou em outros, como no bairro rebelde de Istambul, Gazi, o próprio movimento popular revolucionário local que impulsiona o contrapoder na medida de suas possibilidades. Todos estes exemplos e muitos outros nos dão conta do que significa um povo forte e organizado em todos os níveis.
Acreditamos que seu exemplo de luta e de dignidade devem ser reivindicados da mesma forma que fazemos com outros eventos históricos mais conhecidos pelos movimentos populares e a esquerda europeia. O conflito levou a uma propagação de contrapoderes locais que regem os territórios em resistência, com o potencial que isso implica.
A melhor maneira de mostrar a solidariedade é divulgando os massacres que está perpetrando o governo turco no Curdistão assim como sua conivência com o Estado Islâmico, e na medida das nossas possibilidades protestar o mais forte quanto possamos e também apoiar os esforços humanitários para aquela região que é refugio de centenas de milhares de pessoas que fugiram das guerras no Iraque e na Síria, que agora estão cruzando a Grécia escandalizando com isso a uma Europa cega ante os graves problemas que a sua política imperialista tem causado nos últimos anos. Finalmente, devemos apoiar a situação de poder popular em curso, que possa se espalhar para novas áreas, bem como apoiarmos a greve de fome dos presos políticos curdos nas prisões turcas.
Assinam:
• Embat (organização política, Catalunha)
• Rojava Azadi (solidariedade internacionalista, Madrid)
• Regeneración Libertaria (projeto de comunicação social, estado espanhol)
• Federación Estudiantil Libertaria (organização estudantil, estado espanhol)
• Assemblea Llibertària del Vallès Oriental (coletivo libertário, Catalunha)
• Comitè de Suport al Kurdistan de Granollers i comarca (solidariedade internacionalista, Catalunha)
• Can Tonal de Vallbona (projeto social e comunitário, Catalunha)
• Collectiu A les Trinxeres (coletivo libertário, Catalunha)
• Collectiu Partisans Bohemis (coletivo libertário, Catalunha)
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Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!
Um puta exemplo! E que se foda o Estado espanhol e do mundo todo!
artes mais que necessári(A)!
Eu queria levar minha banquinha de materiais, esse semestre tudo que tenho é com a temática Edson Passeti - tenho…