Cerca de dois meses após os confrontos em 26 de junho na fracassada marcha na capital do estado (Sacramento) pelo supremacista branco Partido Tradicionalista dos Trabalhadores (Traditionalist Workers Party) e seus afiliados locais, The Golden State Skinheads, confrontos esses que enviaram nove manifestantes anti-racistas e uma série de nazistas para o hospital, um dos esfaqueadores nazistas suspeitos, Derik Punneo, foi preso por violência domésti ca e violação de sua liberdade condicional.
Apesar de ter sido identificado por evidências fotográficas e de vídeo como um dos principais suspeitos de esfaqueamento, não só Punneo não enfrentou prisão ou quaisquer acusações por seu papel na violência, mas também se sentiu seguro e confiante o suficiente para aparecer em uma entrevista na TV local e falar em apoio à polícia como parte da campanha “Blue Crew“. Uma vez que espectadores o reconheceram como um dos esfaqu eadores nazistas, um grande clamor público se seguiu. A história de um apoiador da polícia abertamente neo-nazi ganhou atenção nacional após cobertura da Associated Press, e fez com que ele e sua parceira, Manda Elizabeth Boone, que também faz parte do movimento nacionalista branco, fossem denunciados pelo Blue Crew.
A exposição de Punneo e Boone como nazistas foi um enorme constrangimento não só para as redes locais que divulgaram a história original, mas também para a polícia no contexto do crescente movimento militante contra a polícia como uma instituição da supremacia branca e seus sistêmicos assassinatos e encarceramentos de negros e pardos. A mídia estava aparentemente tão desesperada para criar qualquer propaganda positiva em apoio à polícia que eles acriticamente concederam uma plataforma para um nazista violento com uma história de agressão sexual.
É importante assinalar que a prisão de Punneo aconteceu apenas depois de uma mulher branca ter sido vítima de abuso e violência por parte dele, e não devido aos danos fatais que foram infligidos aos negros e pardos, mulheres e pessoas de gênero não-binário que formavam a maioria dos manifestantes anti-racistas que foram atacados e feridos. Não deveria surpreender ninguém um nazista expressar admiração e apoio à polícia, já que os nacionalistas brancos estão bem cientes do papel da polícia na manutenção da supremacia branca. A polícia não vê a violência da direita e da supremacia branca como uma ameaça à sua existência, e, na verdade, sabe que na prática elas reforçam a sua capacidade de manter as relações sociais opressivas existentes. A própria polícia e os oficiais de correção muitas vezes tem laços diretos e fazem parte de movimentos nacionalistas brancos, independentes do seu papel sistêmico na manutenção da supremacia branca. Aqueles que lutam contra a supremacia branca e o patriarcado não podem ver a prisão de Punneo como uma vitória, nem podemos contar com a polícia e com o Estado para levar os agressores como Punneo à justiça.
Uma das importantes lições que não podem ser ignoradas com os eventos recentes é o papel prejudicial que o patriarcado e a masculinidade tóxica tem exigido nos esforços de organização de nazistas como Punneo. É absolutamente claro para aqueles que observam os movimentos e ações desses supremacistas brancos que as mulheres em seu movimento não só são relegadas para o status de secundárias e subservientes, mas também são continuamente sujeitas ao desrespeito, abuso e violência de gênero. Esta dinâmica tem result ado em significativas tensões intragrupo e brigas, e tem sido uma fonte indispensável para a enorme quantidade de informação que tem sido recolhida sobre os nazistas que participaram da marcha. Em última análise, sua ideologia e prática política são incapazes de escapar às esmagadoras contrações entre a retórica defendida de “fé, povo e família” (“faith, folk, and family”), juntamente com as noções pedestalizadas ainda subjugadas de feminilidade e dos papéis de gênero e o essencialismo que isso implica e as experiências esmagadoramente abusivas e violentas vividas pelas mulheres em seus quadros.
Aqueles de nós que procuram construir e alimentar lutas libertadoras contra a supremacia branca, o patriarcado, o capitalismo e o Estado devem centrar combater de forma dinâmica semelhante em nossos próprios movimentos, não apenas como uma parte crucial em desenvolver a solidariedade real e transformar as nossas relações sociais, mas também para criar resistência contra as tentativas de infiltração e rupturas por adversários como os supremacistas brancos e o Estado.
Punneo não será o último Nazi da marcha a experimentar graves repercussões por suas ações, seus movimentos embaraçosamente transparentes continuam a ser observados e suas fraquezas notadas. Espere mais informações e detalhes sobre esses nazistas surgirem em breve.
Fonte: https://itsgoingdown.org/sacramento-nazi-derik-punneo-arrested-domestic-violence/
Tradução > AnarcaFem
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trocam amarelos.
Reneu do A. Berni



Perfeito....
Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!