Os corpos repressivos do Estado detiveram em La Serena companheiros peruanos pertencentes ao Taller de Estudios Anarquistas (TEA), que, entre outras atividades de formação histórica, iriam realizar uma conferência esta sexta-feira 27 de janeiro em Santiago, dentro das Jornadas Internacionais Derrubando Fronteiras, as quais foram suspendidas até novo aviso. Para concretar a detenção e a iminente deportação, os mercenários do Estado fizeram uso do Decreto 2601, no qual proíbe o ingresso ao país a quem “propague ou fomente a palavra por escrito ou qualquer outro meio, doutrinas que tendem a alterar a ordem social”. Esta mesma lei data de 1975, ou seja, se promulgou nos primeiros anos da ditadura de Pinochet, e como podemos ver o Estado não duvida em aplicá-la quando se trata de companheiros anarquistas. Para eles basta que transportes livros ou literatura libertária como prova acusatória de “alterar a ordem social do país”.
A principal razão do Estado para expulsar os companheiros foi a tal normativa, mas também sabemos que se soma o elemento racista e tipicamente xenófobo da institucionalidade chilena. A classe dominante quer os estrangeiros como imigrantes que trabalhem sem se queijar e, convenientemente, com o sorriso de orelha a orelha. Quando se trata dos explorados e oprimidos conscientes e com ideias libertárias, já não são bem-vindos. Querem-nos como c orpos de consumo, de carga e exploração, e não como seres pensantes que questionam as injustiças existentes.
O Estado chileno parou a gira libertária dos companheiros da TEA. No entanto, isto não fará mais que reforçar os vínculos solidários entre os povos. Enganam-se as autoridades chilenas se pensam que expulsando os companheiros, que a sua mensagem será, em estas terras, paralisada. Pelo contrário, chamamos companheiros de toda a região peruana e do continente para fortalecer as relações. Frente à ambiç ão capitalista da integração latino-americana das burguesias, os anarquistas nos entrelaçamos para que rompemos com o nacionalismo, o militarismo e o desenvolvimento do capitalismo que arrasa os ecossistemas. Hoje podem deportar nossos companheiros, mas não cortarão as ligações de construir um novo mundo sem fronteiras e sem domínios.
Na continuação partilhamos um comunicado difundido pelas redes sociais, assinado pela Casa Oktubre e Grupo Krisis. Também chamamos a atenção para estar alertas sobre o desenvolvimento da detenção e, sobretudo, a solidarização com Michael, Carla e Eduardo:
“Comunicado Público perante a perseguição e a expulsão dos companheiros peruanos que participaram no foro sobre o historial social do anarquismo”
Desde o seminário Norte chileno, a Casa Oktubre e Grupo Krisis, denunciamos a perseguição, detenção e a expulsão arbitrária dos companheiros Michael, Carla e Eduardo, membros do Taller de Estudios Anarquista (TEA) da Universidade Mayor de San Marcos. Estes encontravam-se no Chile participando num ciclo de conferências sobre a história social do anarquismo. Frente aos acontecimentos, aclaramos:
1- Os companheiros peruanos são jovens lutadores sociais, que num gesto de solidariedade visitavam nossas terras partilhando os seus saberes e experiências na luta popular. Cabe destacar que os companheiros contam com uma reconhecida trajetória como investigadores da história social peruana.
2- Os companheiros foram recebidos na Casa Oktubre (La Serena). A Casa Oktubre é um espaço autogestionado e libertário, onde permanentemente se realizam atividades de difusão cultural, promoção de respeito aos Direitos Humanos e defesa da natureza, produção do conhecimento local e construção coletiva de alternativas à sociedade capitalista. Neste contexto, a visita dos companheiros peruanos insere-se numa s&eacut e;rie de atividades orientadas a fortalecer os laços de solidariedade popular, de caráter internacionalista.
3- Desde a sua chegada a Arica, os nossos companheiros foram perseguidos pela polícia chilena até serem detidos em La Serena, ao meio dia de quarta-feira, 25 de janeiro. Os companheiros foram detidos por transportarem bibliografia de crítica social, que segundo a polícia cai dentro da categoria “literatura subversiva” e vigora a aplicação do Decreto 2601 da Lei de estrangeiros. Com base neste decreto, os companheiros foram expulsos do pa ís.
4- Durante a tarde, os companheiros foram trasladados pela PDI ao norte chileno, na intenção de assegurar a sua saída do país. Este trajeto realizam-no na qualidade de detidos, expulsados e incomunicáveis.
Frente aos acontecimentos assinalados, assinalamos:
1- Nossa profunda indignação sobre a operação da polícia chilena que injustificadamente aplicaram o Decreto 2601, denegrindo os direitos humanos dos nossos companheiros. Acreditamos que este ato só se pode explicar devido à ignorância, racismo e xenofobia que historicamente sempre caracterizou o Estado chileno. Infelizmente este não é um ato isolado, pois forma parte de um ciclo de repressão que tenta desmontar as lutas populares que atualmente acontecem em nossas terras latino-americanas. Assim mesmo, este ato insere-se numa vasta hist&oac ute;ria de terrorismo estatal vinculado além fonteiras, como exemplo mais claro a Operação Condor.
2. A nossa preocupação pelas consequências que este evento terá para os companheiros, pois não temos a certeza que sejam respeitados durante o trajeto, sobre que condições cruzarão a fronteira e nem se estes feitos terão consequências no Peru. Por este motivo convocamos as organizações sociais, coletivos, agrupações e individualidades a solidarizar-se com os nossos companheiros, difundido a situação e acompanhando o seu trajeto e, sobretudo a sua passagem na fronteira.
3. Nossa profunda indignação pelas estratégias de terrorismo estatal, mas também nossa confiança na unidade dos povos.
PS: Porque só a solidariedade poderá desbordar esta sociedade de violência e saques, deixamos aberto o convite para quem queira subscrever este comunicado”.
Fonte: https://noticiasyanarquia.blogspot.com.br/2017/01/el-estado-chileno-detiene-y-deporta.html
Tradução > Joana Caetano
agência de notícias anarquistas-ana
O homem destrói
Árvores mortas ao chão
Inaceitável
Cátia Paiva

Anônimo, não só isso. Acredito que serve também para aqueles que usam os movimentos sociais no ES para capturar almas…
Esse texto é uma paulada nos ongueiros de plantão!
não...
Força aos compas da UAF! Com certeza vou apoiar. e convido aos demais compa tbm a fortalecer!
Não entendi uma coisa: hoje ele tá preso?