Nesta postagem publicamos o comunicado da Associação de camareiros, cozinheiros e outros trabalhadores no setor de alimentação na Macedônia Central, relativo à recente morte de um trabalhador na rede de cafés Mikel, durante o trabalho. A primeira concentração em Tessalônica realizou-se no sábado 18 de março em frente da Mikel, no centro da cidade. Este mesmo dia o grupo anarquista de Patras também realizou uma intervenção numa cafeteria desta rede no centro de Patras, durante uma manifestação contra as fronteiras, a guerra e o totalitarismo moderno. A segunda realizou-se na sexta-feira, 24 de março, em Tessalônica, no mesmo local.
Em Mikel (e não apenas em Mikel) os patrões assassinam os trabalhadores. Não são acidentes, não tenhamos falsas ilusões.
Na quinta-feira, 2 de março, ocorreu um “acidente” de trabalho em que se acrescentou apenas mais um morto à lista de obreiros falecidos. Um entregador da bem conhecida rede de cafés Mikel foi gravemente ferido enquanto estava trabalhando, e faleceu após estar quase uma semana hospitalizado. Apesar dos esforços para encobrir os verdadeiros motivos dos “acidentes”, nós defendemos que se trata de mais um assassinato.
Sim, trata-se de um assassinato. Ao mesmo tempo que a “crise” está se intensificando, como nos estão informando, também se intensifica a desvalorização e a exploração das nossas vidas. Somos obrigados, portanto, a sobreviver num setor totalmente fragmentado, o da alimentação, na qual as condições de trabalho estão regidas por temporalidade, precariedade, intensificação, agressões sexistas (etc.) e, por vezes acabam com as nossas vidas.
Alguns exemplos recentes são os do assassinato de uma trabalhadora na Everest, de um entregador na Speedex, e o caso ainda mais recente, de um trabalhador que morreu enquanto estava trabalhando nas obras do metrô de Tessalônica. Estes acidentes não se podem incluir como casos isolados, e muitos menos acidentais ou puras coincidências. Constituem uma condição diária e são o resultado da intensificação que experimentamos nos nossos lugares de trabalho. É uma intensificação cujo o objetivo é o aumento dos benefícios (do lucro) dos pequenos e grandes patrões, pelo mínimo custo.
Faz muito tempo que a rede de cafés Mikel, com diversas lojas na Grécia, deixou claro que está disposta a eliminar todos os acervos (conquistas) trabalhistas, e de criar um regime de precariedade e disciplina. Horas extras não renumeradas, trabalho sem segurança social, contratos de trabalho de quatro horas diárias, trabalho noturno e de domingo sem suplementos, assim como acordos individuais assinados através de chantagens, completando a imagem laboral da exploração.
Os enormes lucros da empresa não se destinam nem minimamente a melhorar as condições de trabalho. Nomeadamente, no estatuto trabalhista dos entregadores há um buraco legislativo que os deixa desprotegidos perante a arbitrariedade patronal. São obrigados não só a oferecer a sua força de trabalho, como também trabalhar com a sua própria moto, pagar pela gasolina e manutenção da moto, conformar-se com o deficiente equipamento e os veículos em mau estado, trabalhar em condições de intensificação de trabalho, onde são forçados a entregar os pedidos à velocidade da luz. Tudo isto constitui as peças do quebra-cabeça da exploração dos trabalhadores.
Criamos resistências e negamos a nos submeter a este sistema de exploração, exigindo condições de trabalho e salários dignos. É imperante a nossa organização nos lugares de trabalho, e a tentativa de estruturação das relações de confiança e solidariedade com os nossos colegas. Vamos resistir fortemente para bloquear a reprodução regular do Capital e se opor a todas tentativas de desvalorização das nossas vidas.
Resistência à intimidação que exercem os patrões. Auto-organização em todos os lugares de trabalho. Solidariedade entre os trabalhadores.
Associação de camareiros, cozinheiros e outros trabalhadores no setor de alimentação na Macedônia Central
O texto em grego:
http://ssmthess.espivblogs.net/
O texto em castelhano:
Tradução > Joana Caetano
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