Viver em harmonia com a natureza e consigo mesmo, repensar sua profissão, aprender em comunidade e refletir sobre um sistema mais justo. Esses são os desafios da comunidade Hameau 18 (Vila 18). Essa ecovila é um verdadeiro laboratório da vida alternativa, outro modelo que preconiza o decrescimento, uma vida mais simples, viver com pouco para ser feliz… Céline foi acolhida por essa comunidade que existe há 9 anos e nos retrata um modo de vida alternativo.
Por Céline Fernbach
Decrescimento, autonomia, autogestão e autoconstrução: uma alternativa mais humana
Hameau aceita me acolher por uma semana, tempo no qual realizo minha reportagem. Eles não sabem bem o que lhes aguarda. Nem eu. Tempos depois, soube que na reunião em que se decidiu sobre o meu acolhimento, alguém disse “uma fotógrafa na vila, não sou nem a favor nem contra, muito pelo contrário”.
Hameau 18 começou sua grande aventura há 9 anos, quando três pessoas compraram um lote de terra cultivável, com a possibilidade de construir habitações. A primeira habitação (uma cúpula geodésica) e a primeira construção comunitária (a cozinha de verão) foram construídas pelos habitantes da vila e por voluntários. Alguns voluntários, motivados pela vontade de viver de outra forma, foram seduzidos pela vida em comunidade: uma vida mais simples em um desejo de decrescimento. Eles se apaixonaram pelo lugar e terminaram se instalando ali. A população cresce pouco a pouco. Hoje, sete famílias, inclusive uma criança e um bebê, vivem no local.
Com uma preocupação ética e para confirmar o objetivo principal do projeto, os habitantes de Hameau 18 transformaram a copropriedade inicial em fidúcia fundiária: eles doaram o terreno e suas construções afim de lhe retirar do mercado imobiliário e assim evitar qualquer risco de especulação fundiária.
Poderíamos falar de princípio de decrescimento. Os habitantes preferem explicar a escolha de vida pela simplicidade voluntária. Reduzir o consumo para reduzir despesas e assim as necessidades energéticas e financeiras, o que contribuir segundo eles para preparar a transição em direção a um mundo sem petróleo. O prazo é bem curto, segundo alguns membros da vila engajados na luta contra o tráfego petroleiro e bem informados sobre a questão.
Construções fabricadas com materiais naturais
O terreno da vila tem 50 hectares. A comunidade experimenta dia a dia as práticas e os conhecimentos tradicionais ou recriados, afim de se encaminhar para a autossuficiência e para um modo de vida alternativo. Quando eles adquiriram o terreno em 2007, só havia uma construção, todo o resto tendo sido construído por eles mesmos.
Os materiais utilizados para as construções da eco-vila, essencialmente a madeira, a palha e a terra são ecológicos e buscados no local ou na região em torno. Várias habitações alternativas se tornaram realidade: habitações totalmente em madeira e com tetos de material vegetal, tendas, zome…
Ademais, há construções coletivas, como a cozinha autogerida: cada um coloca um pouco de dinheiro em uma caixinha para as compras. Na sociedade atual, em que a água potável é utilizada para evacuar nossos dejetos, a instalação de banheiros coletivos com compostagem pareceu bastante lógica para a comunidade. Isso faz parte de ações muito concretas em termo de ecologia. Ao lado dos banheiros em madeira, há uma ducha solar.
Autonomia no trabalho e autossuficiência alimentar
A comunidade de Hameau 18 se encaminha na direção da autossuficiência alimentar, bem como financeira. Nessa dinâmica, a cooperativa de trabalho do Cap obteve realizações: frutas e legumes são cultivados, o óleo de cânhamo é prensado, outros produtos fabricados são meticulosamente preparados, ensacados e etiquetados no local, depois vendidos em um circuito curto de mercados e lojas locais. Produtos fabricados a partir de frutas orgânicas cultivadas na vila (suco, geleias etc) se somam ao catálogo da cooperativa. Essa estrutura econômica realiza projetos em harmonia com a natureza e a educação ambiental (manutenção de trilhas para caminhada, acompanhamento dos jardins coletivos nas escolas da região, por exemplo). Todos os membros da cooperativa recebem o mesmo salário/hora e tem a mesma taxa/hora. Isso também é decrescimento: questionar o lucro do capitalismo para restabelecer uma igualdade entre os indivíduos.
Os recém-chegados não ficam sem trabalho: dois jovens horticultores de orgânicos, muito dinâmicos, deram início à venda de cestas com legumes orgânicos cultivados no terreno da vila sob o nome de Jardin des Gourmands. Finalmente, o coletor de algas selvagens da vila, Stéphane Maddix, distribui graças a sua empresa Varech Phare Est o resultado de suas colheitas em toda cidade de Québec. A vila abriga também uma companhia de teatro itinerante, o Théâtre Témoin.
Mesmo que a cooperativa de trabalho do Cap e o Hameau 18 sejam duas entidades bem distintas, seus membros vivem e trabalham praticamente todos no mesmo local.
Uma ecovila não se constrói graças a simples boa vontade de seus habitantes, e mesmo se ela existe oficialmente depois de 9 anos, cada dia se vê uma melhoria tomar corpo. Como em todo local, esse lugar de aparência edílica necessita de uma organização: coletiva e individual, privada e profissional. Os habitantes da vila se reúnem à noite em torno de uma grande fogueira para discutir e refletir o futuro da aldeia…
Ao fim de três semanas, eu já sentia que meu plano de viagem através do oeste canadense estava para ser abandonado. Os habitantes da vila se tornaram rapidamente meus amigos. Não tinha nenhuma vontade de partir, pois eu não tinha material suficiente para meu documentário, tendo estado mais ocupada a prestar ajuda aqui e ali do que a fotografar a vida dessa bolha alternativa localizada no meio de uma região devastada economicamente. Mas era preciso avançar na descoberta de iniciativas alternativas e positivas.
A península da Gaspésia, região isolada das grandes cidades, com um inverno longo e rigoroso e um verão de somente seis semanas é, no entanto, um viveiro ideal para lançar projetos alternativos.
Fonte, mais fotos: http://toitsalternatifs.fr/habitatalternatif/communaute-decroissance-ecovillage/
Tradução > Ana Rosa Rosa
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