[Grécia] Atenas: Brutalidade policial em tempos de coronavírus

Dia 5 de abril, um amigo do Paquistão estava caminhando na rua Amfipoleos, em Votanikos, em direção à estação de ônibus de Rouf. No semáforo, 2 motos DIAS (polícia motorizada) que estavam na direção oposta deram meia-volta e pararam-no. Perguntaram-lhe onde ele morava e para onde estava indo, ele mostrou-lhes o papel escrito à mão que dizia que ia fazer exercício e depois pediram-lhe a autorização de residência. Ele mostrou-lhes o certificado de requerente, porque ele estava à espera de ter os seus documentos no mês seguinte, eles rasgaram o certificado, gritando que aquilo não era válido em nenhum lugar, empurraram-no contra a parede batendo-lhe na cara, um deles puxou a sua arma, os outros dois o seguraram e o terceiro olhou à volta. Um deles cuspiu-lhe. Naquele momento o telefone do homem tocou, os policiais viram que eram chamadas da sua namorada e começaram a gozar com ele dizendo: “Tens um encontro?” e “A tua namorada está à tua procura?”

Depois tiraram-lhe as calças e abriram-lhe o casaco, procuraram drogas no seu corpo, assim disseram, procuraram dentro da sua roupa interior e tiraram-lhe as meias e os sapatos. Começaram a ameaçar que iam prendê-lo visto que ele não tinha documentos, disseram que o levariam diretamente para a delegacia, e quando viram que ele não respondia e pedia para chamar o seu advogado, eles recusaram, bateram-lhe, e sarcasticamente perguntaram também se ele ia começar a chorar. Além disso, eles duvidaram que o papel de movimento tivesse sido escrito por ele e riram dele, dizendo que não era possível ele escrever tão bem. Eles disseram que agora iam enviar as fotos dos seus documentos para todo o lado e que vão observá-lo onde quer que ele vá e no final disseram-lhe que vão mandá-lo de volta para o Paquistão se ele quiser andar livremente na rua ou fazer exercício, porque “aqui, é proibido”. Depois o deixaram ir, dizendo-lhe que estavam fazendo um favor ao deixá-lo ir, só com a condição de ir para casa.

Mais uma vez, a face da democracia e dos seus instrumentos ficam claros. Estamos relatando este incidente não como algo novo, nem como algo chocante. Estamos cientes das condições de vida das e dos migrantes na Grécia, dos abusos do Estado, dos maus-tratos por parte da polícia e de toda a escória fascista e do sofrimento que eles e elas sofrem para obter — se tiverem sorte — os seus documentos e viver com dignidade.

Em breve lidaremos com os canibais deste mundo.

NINGUÉM SOZINHO, SOZINHA CONTRA A REPRESSÃO.

SOLIDARIEDADE PARA COM OS E AS MIGRANTES.

QUEBREMOS O MEDO.

Fonte: https://athens.indymedia.org/post/1604287/

Tradução > Ananás

agência de notícias anarquistas-ana

Cobre-se de flores
O ipê amarelinho
Perto da janela.

Felipe Teixeira Remes – 11 anos