Videoclipe | “Rap da Comuna de Paris”

Música e letra Cibele Troyano, a partir de aulas e palestras de Alexandre Samis.

L e t r a

Outro dia eu brinquei sem ter lá muita certeza

De inventar um verso ou outro pra Revolução Francesa//

Qual não foi minha surpresa que o rap foi do agrado

Dos vizinhos, da família, dos amigos, namorado

E até de um jornalista que gostou e pediu bis/

Sugerindo um novo rap pra Comuna de Paris

Já feliz e confiante aceitei a sugestão

A ideia é fascinante pois suscita a discussão

Sobre um tema importante que se chama autogestão

E por isso já começo evitando confusão

Pois tem cara desonesto ou ao menos sem noção

Que defende que a Comuna foi uma forma de governo e não foi não.

A Comuna foi um achado, uma experimentação

De uma vida sem Estado, sem governo e sem patrão.

Nossa história se inicia há 150 anos

Quando a França se batia contra o Império Prussiano

Mil oitocentos e setenta na batalha de Sedan

O país é derrotado e não tem mais amanhã

O poder mal se sustenta, o rei  foi capturado

Um governo provisório foi às pressas instaurado

Mas o povo não aguenta mais viver sendo explorado

Nem ser bode expiatório de um sistema fracassado.//

E o novo presidente cujo nome era Thiers

Dá uma ordem de repente que deixou Paris tremer

Pra acabar com os insurgentes contra o império alemão

Ele manda recolher tudo quanto era canhão

Eles eram propriedade de toda a população

Que começa na cidade a sua revolução.//

Quero aqui deixar bem claro que esta grande insurreição

Não foi fato nada raro na história da nação

Pois o povo lá da França já lutava há muito tempo

E sempre teve a esperança de mudar o rumo do vento

A Comuna foi somente um dos muitos resultados

De um conflito precedente que já estava instaurado

E durante alguns dias, ao todo 72,

Paris cria e recria mil medidas sociais

Os serviços de transporte, de saúde e quetais

Passam a ser todos de graça, já não são cobrados mais

Ninguém vive à própria sorte, ninguém mora mais na praça

Todo mundo tem uma casa, o aluguel já não ameaça

Tudo isso sem contar a grande transformação

No sistema de trabalho e também na educação

O ensino ficou laico, aberto a toda criança

O trabalho que era arcaico, obedecendo a ganância de um patrão ou de um feitor

Se tornou autogestão, ficando na liderança do próprio trabalhador.//

E aqui pra completar, pois o tema assim  requer

Eu preciso te falar sobre o papel da mulher

Merece um rap à parte sua participação

Pois sem elas a Comuna não tinha existido não

Elas foram o baluarte dessa experimentação!

Muitas foram as propostas das mulheres na Comuna

O divórcio, o aborto e a livre união

Elas deram sua resposta ao machismo e à opressão

E usaram sua tribuna contra a discriminação

Também foram bem ousadas, na guerra contra o poder

Lutaram nas barricadas, deram a cara pra bater.

Essa história é apagada mas não deixo ela morrer.//

Peço agora sua atenção pra falar por um  momento

Dos artistas da comuna que emprestaram seu talento

No teatro, na pintura, na poesia e na canção

E criaram livremente a sua federação.

Foi assim que a Comuna deu exemplo ao mundo inteiro

Mas eu deixo uma lacuna. Me perdoe companheiro,

Porque o fim não vou contar, pois tragédia não é meu forte

Digo só pra arrematar que tem coisa que a morte

Não consegue apagar nem por lei nem por decreto

E você pode estar certo que isso nunca vai mudar

Mas já estou chegando perto da hora de terminar

Agradeço à gente atenta que me ouviu aqui cantar

E se o adeus você lamenta, uma dica eu vou deixar

No livro Negras Tormentas do Alexandre Samis

Você pode aprofundar aquilo que esta atriz

Tentou aqui te falar da Comuna De Paris.

Me retiro então de cena, mesmo sem  esgotar o assunto

Agradeço ao Lucena… “au revoir” e tamo junto!

>> Confira o videoclipe (03:48) aqui:

https://www.youtube.com/watch?v=PxAHxtW5XEM

agência de notícias anarquistas-ana

O gari folheia
o livro de poesias—
Voa passarinho!

Regina Ragazzi