Alemanha celebra centenário de Sophie Scholl que, junto com seu irmão, Hans, e outros membros do grupo Rosa Branca, desafiaram líder nazista.
Seu nome não é muito conhecido fora da Alemanha, mas Sophie Scholl é uma figura icônica em seu país natal e sua história, extraordinária.
Neste fim de semana, muitos vão comemorar o 100º aniversário do nascimento de uma jovem que enfrentou Adolf Hitler e pagou por isso com a vida.
Sua resistência é recontada inúmeras vezes em livros, filmes e peças de teatro. E continua a inspirar as pessoas hoje.
Sophie Scholl nasceu em 1921 em um país turbulento. Mas sua infância foi segura e confortável.
Seu pai era prefeito da cidade de Forchtenburg, no sudoeste (embora a família mais tarde se mudasse para Ulm) e Sophie, junto com seus cinco irmãos e irmãs, foi criada em uma família luterana na qual os valores cristãos eram importantes.
Mas quando ela chegou à adolescência, Adolf Hitler estava governando o país.
‘Não me diga que é para a pátria’
No início, Sophie e seu irmão mais velho Hans apoiaram o Partido Nacional Socialista. Como muitos outros jovens, ele se juntou ao movimento da Juventude Hitlerista do partido e ela à sua organização irmã, a Liga das Meninas Alemãs.
Seu pai, um crítico fervoroso de Hitler, ficou horrorizado com o entusiasmo inicial deles. E a influência da família e dos amigos gradualmente começou a fazer efeito.
Os irmãos, finalmente incapazes de reconciliar suas próprias inclinações liberais com a política do Terceiro Reich, e percebendo a forma como os conhecidos e artistas judeus eram tratados, começaram a ver o regime com olhos cada vez mais críticos.
E na época em que Hitler invadiu a Polônia, Sophie já fazia oposição ao führer.
Enquanto jovens alemães eram enviados para lutar, ela escreveu, com amargura, a seu namorado Fritz Hartnagel, que também era soldado: “Não consigo entender como algumas pessoas continuamente arriscam a vida de outras. Nunca vou entender e acho que é terrível. Não me diga que é para a pátria.”
Sophie seguiu os passos de seu irmão Hans e ingressou na universidade de Munique, onde ele estudava medicina.
Os irmãos tinham o mesmo grupo de amigos, que diziam ter se unido pelo apreço mútuo pela arte, cultura e filosofia. Sophie, que estudou medicina e biologia, gostava de dançar e tocar piano, e era uma pintora talentosa.
Mas aqueles eram tempos violentos. Eles viviam em uma ditadura e estavam determinados a resistir.
‘Não seremos silenciados’
Havia apenas seis membros do grupo Weiße Rose (Rosa Branca, em português), originalmente fundado pelo irmão de Sophie, Hans Scholl, e seu amigo Alexander Schmorell. A eles, se juntaram Sophie, Christoph Probst e Willi Graf, e um de seus professores, Kurt Huber.
Apoiados por uma rede de amigos e simpatizantes, o grupo imprimia e distribuía folhetos, incentivando os cidadãos a resistir ao regime nazista, denunciando o assassinato de judeus e exigindo o fim da guerra.
“Não seremos silenciados”, diz um planfleto, “nós somos sua consciência pesada, a Rosa Branca não o deixará em paz.”
O grupo produziu seu sexto panfleto no início de 1943.
“O nome alemão ficará para sempre danificado se a juventude alemã não se sublevar, vingar e pedir perdão ao mesmo tempo, esmagar seus algozes e encontrar uma nova Europa espiritual.”
Seria o último.
Em 18 de fevereiro de 1943, Hans e Sophie distribuíam os panfletos na universidade.
Não está claro por que Sophie subiu até o último andar que dava para o átrio arejado do prédio principal da universidade e jogou uma pilha de panfletos sobre a balaustrada. A maioria presume que ela queria que o maior número possível de alunos os visse.
Mas, enquanto os papéis caíam no chão, ela foi observada por um zelador que a entregou à Gestapo – a polícia secreta nazista.
Ela e o irmão foram interrogados e, após um julgamento-espetáculo, condenados à morte. Eles se recusaram a trair o restante do grupo, mas as autoridades os rastrearam de qualquer maneira. Em poucos meses, todos os membros foram executados.
Na manhã em que foi para a guilhotina, Sophie, de 21 anos, disse:
“Um dia tão lindo e ensolarado, e eu tenho que ir… O que importa a minha morte, se através de nós, milhares de pessoas são despertadas e movidas para a ação?”
Essas palavras, sua bravura, ainda hoje são honradas na Alemanha, onde escolas e estradas levam seu nome e o de seu irmão. É motivo de pesar para alguns que os outros membros do grupo Rosa Branca sejam homenageados de forma menos proeminente.
E seu nome é facilmente explorado.
Houve indignação quando, há alguns anos, o partido de extrema direita AfD publicou o slogan “Sophie Scholl teria votado no AfD”. Em um comício contra as medidas da covid em Hanover em novembro passado, uma jovem pulou no palco e se comparou a Sophie Scholl.
Mas, no que seria seu 100º aniversário, a casa da moeda alemã está emitindo uma moeda comemorativa, haverá serviços religiosos dedicados e há um novo canal no Instagram dedicado à vida dela.
Muitos alemães refletirão serenamente sobre a vida de uma jovem cuja coragem e convicção ainda movem corações e mentes hoje.
agência de notícias anarquistas-ana
Lanternas quebradas
pirilampos precavidos
não vagam na noite.
Urhacy Faustino
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!