NÃO ESQUECEMOS a luta de nossa classe para recuperar sua vida, assumindo fábricas e campos, debatendo sobre novas formas de existência sem exploração.
NÃO ESQUECEMOS a enorme e heterogênea exibição da atividade proletária que estava em ascensão desde os anos 60 e que, ao contrário da mitologia partidária, não tinha como objetivo principal a disputa sobre o terreno eleitoral.
NÃO ESQUECEMOS o trabalho reacionário da socialdemocracia representada na UP [Unidade Popular], que fez todo o possível para desativar e controlar o proletariado a fim de poder negociar com os partidos tradicionais da burguesia e desenvolver seu projeto capitalista rotulado de socialismo.
NÃO ESQUECEMOS que o governo UP nunca confiou no processo revolucionário, foi Allende quem decretou a lei de controle de armas, desarmando o proletariado mais militante, deixando-o incapaz de aprofundar a ruptura e resistir à contrarrevolução.
NÃO ESQUECEMOS os partidos que hoje gritam pela democracia, mas que não hesitaram em apoiar a brutalidade militar contra nossa classe.
NÃO ESQUECEMOS também que a democracia e a ditadura não se opõem entre si, mas são formas diferentes e complementares nas quais o Estado exerce o domínio social.
NÃO ESQUECEMOS os milhares de companheiros que sofreram perseguição, tortura, assassinato e desaparecimento.
NÃO ESQUECEMOS que as condições de miséria contra as quais nossa classe se levantou são produzidas pela mesma dinâmica social que gera a miséria de hoje: as relações sociais capitalistas, que produzem e se alimentam da alienação física e psicológica, que condena a grande maioria da humanidade proletarizada à fome, à doença, ao isolamento e à morte, que necessita e mantém a hierarquização sexual e toda a violência a ela associada.
NÃO ESQUECEMOS porque esta é nossa história. Mas acima de tudo, NÃO ESQUECEMOS porque vemos muitos desses elementos se repetirem em nossos tempos convulsivos.
A mitologia da esquerda do capital vê no período 70-73 a suposição de um governo que, apoiado por uma maré popular, procurou alcançar pacificamente o socialismo (um pacifismo que não teve escrúpulos em reprimir trabalhadores, invadir fábricas ocupadas ou prender, torturar e assassinar revolucionários), com grandes heróis que hoje se lembram com nostalgia enjoativa, destacando especialmente a figura de Allende.
Mas as lutas do proletariado em nossa região estavam em sintonia com a onda revolucionária que abalou todo o planeta naqueles anos, e contra eles a classe capitalista se opôs uma variedade de respostas.
Entre o desmantelamento do reformismo (que não excluiu a repressão violenta) e o massacre militar sangrento, não há nenhuma ruptura, mas continuidade no trabalho repressivo do Estado.
Hoje, após uma revolta impressionante, o partido da ordem como um bloco concorda com um “Acordo de Paz” cujo objetivo explícito é apagar o fogo desencadeado pela fúria e criatividade dos dominados.
Uma boa parte da esquerda entra no jogo de qualquer maneira, fingindo “transbordar” um processo fabricado precisamente com o propósito de canalizar e reprimir.
Não vamos encorajar mais derrotas, não vamos encorajar mais delírios. Vamos além. Vamos em direção à vida.
NOSSA MEMÓRIA É UMA ARMA CARREGADA DE FUTURO
hacialavida.noblogs.org
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
A chuva tardia
deixou perfumes de terra
nas ruas molhadas.
Humberto del Maestro
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!