“Sem exércitos, não haveria guerras”, uma afirmação que pode parecer pueril em princípio, mas que na realidade é de uma evidência como um castelo. Em outras palavras, estamos falando de uma organização armada ferozmente hierárquica que serve aos interesses de uma nação, que é o mesmo que um Estado, ou seja, um poder político, que por sua vez é composto principalmente de uma oligarquia sujeita a certos interesses, que geralmente não coincidem no mínimo com a sociedade da qual fazem parte. Ou seja, mesmo nesta fase, pode haver pessoas que acreditam nesta mistificação iníqua chamada “patriotismo”, mas a realidade que eles não querem ver diante de seus olhos é que, se forem levados à guerra, eles obedecem aos interesses de uma classe dominante. É tão simples quanto isso. Alguém pode identificar um exército, meramente, com a defesa armada de um povo ou de uma comunidade, mas sejamos sérios e usemos a semântica de uma forma minimamente decente.
Lembro-me, há algumas décadas, quando o serviço militar ainda era obrigatório neste país inefável, de uma entrevista emocional com um insubmisso preso, naquele programa de televisão de Jesús Quintero, Cuerda de presos; o jovem disse algo assim, talvez houvesse muitas razões para lutar, como lutar pelos desprivilegiados ou defender uma sociedade mais justa, mas nunca para fazer parte de uma instituição autoritária que coloca as pessoas umas contra as outras. Na verdade, eu não poderia ter me identificado mais com essas palavras, o que acredito que tenha que fazer, de forma retumbante, com o que é o antimilitarismo. Na verdade, talvez eu nunca me declararia um “pacifista”, ou mesmo um “antiguerra”, já que estes são termos muitas vezes desvinculados de seu conteúdo e às vezes subscritos, de forma cruelmente cínica, por aqueles que promovem guerras. Desde que me lembro, e em nome da moral mais elementar, tenho me oposto àqueles órgãos que padronizam, em todos os níveis, e ensinam os jovens a assassinar outros de diferentes origens.
Pergunto-me se algum soldado russo pode acreditar que sua causa, a da recente agressão militar contra o povo ucraniano, tem alguma justificação ou são meros autômatos nas mãos de um executivo impiedoso. Em outro conflito militar perpetuado, também me pergunto se pode haver soldados sírios com algum motivo para acreditar que estão servindo sua pátria, suprimindo com armas os opositores do regime político dominante, ou melhor, obedecendo servilmente às ordens de uma classe dominante. Da mesma forma, e particularmente assustadoramente, me pergunto se todos aqueles soldados, da Arábia Saudita e de outros lugares, que há anos bombardeiam a população iemenita com inúmeras mortes, podem se orgulhar do que fazem em nome de sua pátria. Uma guerra sangrenta, esta no Iêmen, especialmente esquecida pela mídia, talvez por causa da conivência dos chamados poderes “democráticos” e por não provocar uma migração que afeta nosso Ocidente mesquinho. Diz-se que existem dezenas de conflitos bélicos ativos no mundo, a maioria deles esquecidos porque não interessam ao mundo “desenvolvido”, enquanto alguns continuam a elogiar o militarismo e a promover aquela mistificação chamada “patriotismo” que impede a desejada fraternidade universal. Sim, há muitas razões para lutar e, talvez, em ocasiões extremas, não teríamos outra escolha senão pegar uma arma; como parte de um exército, que é, na verdade, o que faz guerras entre estados, não consigo pensar em nenhuma.
Juan Cáspar
Fonte: http://acracia.org/antimilitarismo/
Tradução > Liberto
agência de notícias anarquistas-ana
panela velha
no avarandado novo
vaso de avencas
Alexandre Brito
Avante!
Obrigado, Mateus!
Incrível texto. O Nestor não conhecia. Bravo!!
Tradução ruim para o título... No texto - se não nesse, no livro - ele faz uma distinção entre shit…
tmj compas! e que essa luta se reflita no bra$sil tbm!